Gratidão
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 04/12/2008 16:07:58
A idéia mais comum que temos a respeito da gratidão é a daquele sentimento que devemos nutrir por quem fez algo por nós, nos presenteou ou, de alguma forma, tornou nossa vida mais agradável.
O conceito de gratidão vem, portanto, na maioria das vezes, associado ao de caridade. Entretanto, ele se relaciona a algo muito importante, que pode fazer toda a diferença em nossa vida.
É a capacidade de enxergar em cada acontecimento o que ele carrega de bom. Mesmo que estejamos vivenciando momentos difíceis, onde nossas necessidades materiais ou afetivas não estejam sendo supridas, sempre poderemos, se estivermos dispostos, encontrar motivos para agradecer.
Esta atitude determina se nossa vida será um eterno atrair de graças e bênçãos, ou uma constante comiseração, na qual desempenhamos o papel de vítimas revoltadas contra as armadilhas do destino.
Cultivar a gratidão é uma forma de aceitar cada desafio como uma oportunidade de evolução e crescimento interior. Se formos capazes de enxergar a realidade com novos olhos, recebendo o que a vida nos reserva sem mágoa ou inconformismo, as dificuldades decerto se resolverão mais rapidamente.
As reclamações e lamúrias constantes afastam de nós qualquer possibilidade de reencontro com a paz. O importante é seguir em frente, com a confiança de que o melhor se apresentará no próximo instante. Afinal, se a vida é feita de contrastes, a um momento ruim só poderá se seguir um novo começo, pleno de conquistas e alegria.
“A arte da grata aceitação
Uma vida que não conhece a tristeza, as lágrimas, permanece pobre. A vida precisa conhecer uma variedade enorme de experiências para tornar-se rica. Quanto mais você conhecer diferentes aspectos da existência e ainda assim continuar inteiro e centrado, mais a sua vida se enriquecerá a cada momento, a cada dia.
Olhe sempre para a vida como um processo dialético. Nesta vida, a noite traz o dia. Nesta vida, a morte traz uma nova vida. Nesta vida, a tristeza traz uma nova alegria. Nesta vida, o vazio traz um novo preenchimento. Tudo está em conexão... tudo é parte de um todo orgânico.
Nós criamos os problemas por dividir as coisas. Aprenda a arte de não dividir, e simplesmente continue alerta, vigilante, apreciando o que quer que a vida lhe proporcione.
Apenas lembre-se de uma coisa: aceitar tudo que a vida lhe dá. Se ela lhe dá escuridão, aprecie isso, dance sob as estrelas da noite escura, lembrando-se de que cada noite não é nada mais do que o útero para um novo alvorecer, e que cada dia irá novamente descansar na escuridão da noite.
Quando é outono e as árvores ficam nuas e todas suas folhas caem, observe as velhas folhas voando ao vento, quase dançando. E as árvores, nuas, têm a sua própria beleza e, contraste com o céu; mas elas não irão continuar nuas para sempre. As velhas folhas tiveram que cair apenas para dar lugar às novas folhas, às novas flores.
A existência continua a renovar a si mesma a todo momento. Você deveria manter-se sintonizado com a existência; nunca peça por nada diferente.
Esta é a raiz básica da miséria: quando é noite, você chora pelo dia; quando é dia, você chora pelo repouso da noite. Então, a vida torna-se uma miséria, um inferno.
Você pode torná-la um paraíso apenas por aceitar o que quer que lhe seja dado, com um coração agradecido. Não julgue se é bom ou mau. Sua gratidão transformará tudo em uma bela experiência, aprofundará sua consciência, elevará o seu amor e fará de você uma bela flor com muita fragrância.
Aprenda apenas a arte de uma grata aceitação. Buda chamava a isso de filosofia do assim é; não importa o que for, aceite isso como a própria natureza da realidade. Nem mesmo imagine ir contra. Nunca vá contra a corrente; apenas siga o rio onde quer que ele o leve”.
Osho, The New Dawn, # 2