Inconsciência
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 05/11/2009 15:51:51
Um dos assuntos mais comentados pela imprensa, recentemente, foi um episódio ocorrido numa Universidade na cidade de São Paulo, na qual uma aluna quase foi vítima de linchamento, simplesmente por ter ido às aulas com um vestido curto.
O fato, tão chocante quanto revelador, demonstra que a insanidade e a inconsciência, quando atingem um grau excessivo, podem explodir inesperadamente e ter como motivo, acontecimentos que não justificam em absoluto esta reação.
Além disso, deixou claro também que a violência - expressa neste caso na forma do machismo mais atrasado -, é tão presente nos redutos da classe média, teoricamente mais esclarecida, quanto nas periferias. Pelo que se viu no noticiário, nenhuma atitude firme foi tomada pela direção da entidade para impedir o fato, ou punir aqueles que tenham iniciado a agressão.
Ainda que consideremos a imaturidade da jovem em questão, no que diz respeito a escolher uma vestimenta adequada para cada situação, nada justifica a barbárie que sua atitude despertou nos colegas.
O curioso é que ela foi à Universidade de ônibus e nem na rua, nem no transporte coletivo, sofreu qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Vejo neste episódio, dois pólos de atuação da indústria massificadora de mentes: o primeiro, no apelo exacerbado da sexualidade, que estimula o erotismo numa idade cada vez mais precoce. E o segundo, no incentivo ao uso da violência como ferramenta para fazer prevalecer opiniões e valores pessoais, que presenciamos em inúmeros filmes e jogos eletrônicos.
A inconsciência é extremamente perigosa pois quando se manifesta ao mesmo tempo, num número grande de indivíduos, assume proporções gigantescas e muitas vezes incontroláveis. Somente aquele que está firmemente enraizado em sua consciência se torna imune à influência da massa.
Estas situações são exemplos emblemáticos do tipo de sociedade que criamos e dos valores equivocados que, infelizmente, ainda predominam. O exemplo ainda é a arma mais eficaz de educação que conhecemos.
Evitar e combater estes comportamentos em nosso cotidiano é a única maneira de alcançarmos um estágio de evolução em que sejamos capazes de enxergar o outro como nosso próprio reflexo.
“O homem moderno
O homem moderno é o primeiro homem em toda a história que não tem nenhuma idéia do sagrado; ele vive uma vida bem mundana. Ele está interessado em dinheiro, poder, prestígio, e acha que isso é tudo. Essa é uma noção tão estúpida!
Sua vida está cercada de coisas pequenas, muito pequenas. Ele não tem idéia de coisa alguma maior do que ele mesmo. Ele negou Deus, disse que Deus está morto. Ele negou vida após a morte, negou a vida interior.
Ele só acredita em negar o centro; daí vermos tanto tédio por toda parte. Isso é natural, porque sem alguma coisa maior do que você para relacionar-se, sua vida vai ser tediosa, chata.
Uma vida só se torna uma dança quando é uma aventura. E ela só pode se tornar uma aventura quando há algo mais elevado do que você, para atingir, para realizar. O sagrado simplesmente significa que não somos o fim, que somos apenas uma passagem, que tudo ainda não aconteceu, que muito ainda precisa acontecer.
A semente precisa transformar-se num botão, o botão tem que tornar-se uma árvore, a árvore tem que esperar a primavera e a árvore tem que explodir em milhares de flores e libertar sua alma para o cosmos. Somente assim haverá preenchimento.
E o sagrado não está muito distante: só precisamos começar a investigar sobre isso. No princípio, ficamos tateando no escuro, é claro, mas logo as coisas começam entrar em sintonia, logo começamos a ter vislumbres do além, alguma música nunca antes ouvida começa chegar aos nossos corações: ela agita nosso ser, começa a nos dar uma nova cor, uma nova alegria, uma nova vida".
Osho, A Must For Morning Contemplation.