Liberte-se das Emoções
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 18/02/2005 12:36:56
Ao ouvir a afirmação acima, muitos podem considerá-la uma sugestão sem sentido, visto que aprendemos durante toda a vida que as emoções são parte inerente ao ser humano e são exatamente elas que determinam sua humanidade.
Mas libertar-se de nossas emoções significa tomar consciência de que elas fazem parte de nós, mas não constituem a nossa essência. Eu posso me deixar dominar por todo tipo de emoção, seja negativa ou positiva, já que negar nossas emoções é tão prejudicial quanto viver preso a elas e essa negação constitui uma falsa serenidade, que vai desmoronar a qualquer momento.
Entretanto, devemos ter sempre em mente que não somos nossas emoções, podemos manifestá-las no momento em que surgem, deixá-las sair e manter a nossa verdadeira natureza inalterada.
Um dos maiores empecilhos ao equilíbrio interior é identificar-se com as emoções e vivenciá-las o tempo todo, remoendo as causas que as geraram como se estivessem indissoluvelmente anexadas a nós.
O exercício de liberação emocional é fundamental para deixá-las partir e voltar ao nosso ser original, no âmago do qual nenhuma emoção existe, mas apenas a pura luz da autoconsciência e do poder interior, que faz de nós seres equilibrados e imunes a qualquer energia negativa, seja do mundo exterior ou de nosso próprio subconsciente.
Compreendendo e liberando a raiva
Quando a raiva surge, imediatamente ficamos ligados na pessoa que nos deixou com raiva e nunca naquele que está sentindo raiva. Se você é a causa da minha raiva, imediatamente começo a pensar sobre você e esqueço de mim completamente, embora a parte efetiva seja eu, que fiquei com raiva. Aquele que causou a raiva foi apenas uma causa, uma desculpa. Ele não importa mais. Ele jogou um palito de fósforo e explodiu a pólvora que existe dentro de mim. A centelha seria inútil se não houvesse munição dentro de mim. O que eu vejo não é a pilha de munição dentro de mim, mas a centelha do adversário. Então sinto que foi ele que causou todo o incêndio dentro de mim. A verdade é: ele apenas jogou um palito; foram os explosivos em mim que incendiaram. E também é possível que o homem possa não ter atirado o fósforo intencionalmente. Ele pode nem sequer estar ciente da conflagração dentro de você!
Você coloca toda a culpa por esse fiasco na outra pessoa. Assim, muitas das vezes o pobre homem não pode entender porque uma coisa tão pequena lhe perturbou tanto! A dificuldade é sempre essa. O assunto em questão é sempre bastante trivial, mas a raiva que é inflamada é colossal. Assim, aquele que causa a raiva fica sempre com dificuldade de entender como uma afirmação tão comum pode provocar tanta ira! Você mesmo pode, às vezes, ter ficado admirado de uma simples fala sua ter encolerizado tanto uma outra pessoa. Mas essa é uma falácia natural. Todo o fogo que queima dentro de mim, eu sinto que foi você quem criou. Você joga a fagulha e a pólvora que existe dentro de mim, explode. O quanto ela se espalha, é difícil de contar.
Sempre que a raiva se apodera de nós, nossa atenção fica focada na pessoa que a causou. Nesse caso, é difícil sair da raiva. Quando alguém provocar raiva em você, esqueça a pessoa imediatamente e concentre-se naquele a quem a raiva está acontecendo.
(...) E comece a olhar para dentro – para aquilo que está acontecendo dentro! Não reprima. Permita completa liberdade ao que estiver acontecendo. Feche-se no seu quarto e mergulhe totalmente no que está acontecendo. É melhor ver o que está acontecendo, da forma mais clara possível.
Se a raiva vocifera dentro, grite, berre, pule, fale, murmure, faça o que lhe aprouver. Feche as portas e observe a sua própria loucura em sua inteireza, pois os outros já a testemunharam muitas vezes. Só você que não viu; os outros já se divertiram às suas custas. Você só toma ciência quando a coisa acabou, quando o fogo se foi e só restaram as cinzas.
(...) Se você quiser observar a raiva em sua inteireza, você terá que observá-la sozinho, na privacidade de seu quarto. Então, sozinho, você pode vê-la na totalidade, pois, então, não haverá nenhuma limitação. É por isso que aconselho a meditação do (Quando você estiver com raiva, feche-se no quarto, e deixe a raiva vir para fora em sua totalidade. Pegue o travesseiro, soque-o, mate-o... Transforme-o na(s) pessoa(s) que provoca(m) sua raiva e faça o que quiser com ele. E não deixe o quarto até que toda a raiva tenha sido queimada”. Em "Hammer on the Rock", Osho diz para um discípulo que sentia muita raiva, para fazer disso uma prática diária, vinte minutos de manhã, por duas semanas.) travesseiro(*) para algumas pessoas, de modo que elas possam observar sua raiva na totalidade. OSHO, The Way of Tao, V.1, # 5