Mente limpa
por Saul Brandalise Jr. em EspiritualidadeAtualizado em 27/02/2004 11:48:24
Os flocos de neve, quando caem, ao serem comparados com a chuva, me fazem lembrar uma pessoa alcoolizada. Realizam um verdadeiro balé no céu.
Fiquei alguns minutos contemplando esta beleza e comparando-a com minha terra. Quanto mais viajo mais eu gosto dela. Existem paisagens e situações singulares além-mar mas, em algumas coisas nós somos únicos.
A brancura da neve e a temperatura baixa, congelando o lago, deixam o local com uma paz singular. As pessoas só se movimentam de carro. O vento que vem do Mar do Norte cria uma sensação térmica ainda mais baixa. Todos ficam em suas casas ou nos bares. Quando saem fazem o que tem que fazer e retornam logo para o aconchego do lar.
A movimentação nestes casos é desenfreada e o humor praticamente inexiste. De cada dez pessoas com as quais se fala oito estão de mau humor. Parecem estar de mal consigo e com o mundo.
Assim é Bad Iburg, cidade ao norte da Alemanha e que dista apenas 80 quilômetros da Holanda.
Fiquei meditando e procurando as razões dos Germânicos serem assim - posso estar enganado mas a ausência de fé é latente. Fazem tudo por dinheiro. A impressão que deixam é que cada minuto do seu dia é medido em centavos. Tudo precisa fazer sentido em matéria.
Nós somos mais fraternos. Mais amigos e solidários com qualquer estrangeiro. Não importa sua cor, o tipo de seus olhos ou a forma de seu nariz. Procuramos sempre lhes dar uma comodidade e um conforto como se estivessem em suas próprias casas. Devemos continuar assim. Está é a maneira correta de nos relacionarmos com o nosso semelhante. Fazer a eles o que queremos que nos façam.
Será que são frios por causa da temperatura lá fora? Não. Não é esta a razão. São frios porque não sabem viver como nós. Na média, se calculássemos, seriamos mais humanos. Mais espiritualizados e mais religiosos. Acreditamos na fraternidade como um caminho em nossa jornada nesta terra.
Olhe para fora de sua casa e veja quantas crianças felizes brincam neste momento. Se for noite lembre o que viu durante o dia.
O que consegui ver hoje foi uma única criança na rua brincando no topo de um chafariz congelado e em luta com seus pais pois os adultos que assistiam condenavam a sua atitude.
Nossa mente é menos comprometida com as coisas do passado. Aqui na Alemanha existe muita mágoa no coração. A guerra ainda não foi esquecida, e alguns povos são odiados... Você acha que isso é realidade? Sei que é difícil... E seu eu acrescentar que estou em uma cidade no interior da Alemanha que possui 15.000 habitantes e onde não existe um computador disponível para se acessar a Internet sem que ele seja de um particular, que nenhum restaurante e nenhuma loja aceitam cartão de crédito internacional...
Mas todos os jornais daqui dão destaque para a Guerra dos Índios Guaranis com os fazendeiros no Mato Grosso... Falam de nossos meninos de rua... Destacam tudo o que tem de ruim, como se o Brasil fosse um poço de latrina. Sequer sabem que nosso idioma é o Português, acham que falamos o Espanhol...
Porém, quando se fala com alguém que já esteve aí no Brasil, viajando pelo nosso interior, convivendo com a nossa realidade e com o nosso povo, todos querem voltar e se possível viver a nossa realidade.
Que bom que nós vivemos longe de tudo isso. Acho que sei a razão... Somos efetivamente mais fraternos, mais família, mais espiritualizados.e temos mais fé. Nossa mente é menos comprometida com o passado, mais limpa e menos odiosa. Nossa Energia não está contaminada. É preciso dar valor ao que realmente tem valor...
Nossas crianças são mais alegres mesmo quando jogam futebol com uma bola de meia... A Alegria não está presente numa carteira recheada de dinheiro mas numa alma soberba de fé, amor e fraternidade.
Isso nós temos e um dia, acreditem, exportaremos.
Não é por acaso que o nosso Paulo Coelho foi o escritor que mais vendeu livros no mundo no ano que passou. Ele apenas está abrindo a estrada. Outros talentos de nossa terra trilharão o mesmo caminho.
Continue orgulhando-se do seu País... Procure conhecer a nossa singularidade.
Beijo na alma.
Nos veremos em breve
