Morrer não se improvisa
por Bel Cesar em EspiritualidadeAtualizado em 01/04/2002 18:59:18
Queridas amigas e amigos,
Faz muito tempo que esperávamos por um ser humano assim! O nome dela é Bel Cesar.
Bel faz algo que me deixa absolutamente boquiaberto. Ela aparece quando um de nossos irmãos está nos deixando, retornando à casa do Pai, passando por situações de grande desconforto físico e emocional. Nesta hora, ela inicia sua ação aplicando de forma mágica todas as possibilidades de ajudar a Alma que sofre dialogando com inteligência, carinho e serenidade, utilizando ao mesmo tempo músicas suaves, mantras tibetanos, técnicas de visualização e meditação, aromaterapia, essências florais... mesmo dentro de hospitais ou nas casas dos seus pacientes que optarem para morrer com seus familiares.
Conheci Bel faz poucos dias, e fiquei encantado ao ouvir sua voz suave e serena, nos contando sobre esta missão preciosa, bem como sobre o seu Projeto Vida de Clara Luz, um espaço construído para este tipo de atendimento - perto de São Paulo - onde poder atender pacientes em estado terminal usufruindo todas estas terapias de apoio e evolução espiritual, mas em contato com a natureza, sempre sem esquecer dos cuidados médicos que amenizem a dor, mas preservando a dignidade do ser humano, que muitas vezes permanece isolado, entubado, imobilizado em UTI´s frias e impessoais.
Esta missão tão inspirada é embasada no Budismo Tibetano, que me fascina desde a infância e que representa a única filosofia de autoconhecimento aplicável a todo ser humano pertencente a qualquer religião ou mesmo aos que não tenham crença nenhuma, conseguindo desta forma representar ajuda real e efetiva em todas as fases da nossa vida.
O livro da Bel “Morrer não se improvisa” da Editora Gaia, foi um dos poucos que marcaram minha alma e que realmente me ajudaram a perceber o quanto nossa imagem da morte (e da Vida) esteja distorcida e enganosa. Não conseguia parar de ler e confesso que quando terminou fiquei triste... pois eu queria saber mais!
Em seu site, temos textos da própria Bel contando suas experiências e alguns casos que seguramente expandirão a percepção e a consciência de nossos usuários.
Colocamos a seguir o prefácio do livro de Bel, escrito pelo Lama Gangchen Rimpoche.
Sergio Scabia - Somostodosum.com.br
Prefácio
Dar apoio às pessoas no momento da morte é um dos maiores presentes que nós podemos oferecer a alguém. Por isso estou muito feliz por minha querida amiga Bel Cesar ter escrito um livro que descreve seu trabalho com aqueles que enfrentam o final da vida. No Budismo Tibetano, nós enfatizamos a importância de começar e finalizar bem tudo o que fazemos. Morrer com a mente clara e em paz é a melhor maneira de concluirmos a nossa vida.
A morte é vista de muitas formas por diferentes tradições espirituais. Acredito que a maior contribuição que os lamas do Himalaia podem dar para o Ocidente seja compartilhar seus conhecimentos sobre o processo que se dá no momento da morte e os estágios que se seguem depois dela. Estou muito contente por Bel difundir técnicas secretas do Budismo Tibetano, como o método ‘NgelSo’ de Autocura Tântrica, e assim ajudar as pessoas a enfrentar o momento mais difícil de suas vidas.
Essas técnicas foram criadas por Buddha há 2.500 anos na antiga Índia. Eu as adaptei para melhor se adequarem à mente ocidental de nossos dias. Elas podem ser aplicadas para pessoas de qualquer religião ou cultura porque estão baseadas na universalidade da experiência humana.
Para os praticantes do budismo Tibetano, a morte é a maior oportunidade da vida. Nesse momento podemos voltar para casa – para nossa verdadeira natureza interna, a clara luz, o nível mais fundamental da consciência humana que sobrevive à morte. Portanto, é possível encontrar na morte o estado de paz e plenitude que buscamos durante toda a vida. Por isso não é preciso temer a morte, e sim vivenciá-la com coragem.
O último estado mental que ocorre ao morrer determina a qualidade da continuidade de nossa mente após a morte. Bel em seus relatos revela como ajudar uma pessoa a atingir um estado mental positivo no momento da morte. Ela compartilha esses conhecimentos práticos de uma forma simples e natural.
Todos os profissionais que contribuíram com seus depoimentos para esse livro demonstram como ajudar aqueles que enfrentam a morte pode-se tornar um meio poderoso para o desenvolvimento da generosidade e da compaixão. Ao contrário da ideia de que não há nada a fazer quando alguém está morrendo, eles inspiram várias maneiras de dar apoio e conforto nesse momento.
Desejo que o livro ‘Morrer não se improvisa’ seja a semente da realização do Projeto Vida de Clara Luz, em São Paulo, voltado ao atendimento das várias questões que envolvem os diversos estágios da vida: nascimento, velhice, doença e morte. Que Bel e todos aqueles envolvidos nesse projeto possam realizá-la com sucesso e divulgá-lo como um modelo de trabalho por todo Brasil.
Lama Gangchen Rimpoche Milão, Itália. 21 de junho de 2001, solstício de inverno
