Mudança
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 24/09/2009 14:41:22
Por que será que a mudança, de modo geral, nos causa tanto medo? Dificilmente encontramos pessoas que enfrentam situações novas de modo tranquilo e relaxado.
Mesmo quando vivenciamos circunstâncias que nos fazem infelizes, temos a tendência a permanecer ali por muito tempo, acomodados, apenas pela sensação de conforto que algo já conhecido nos transmite.
Quando, entretanto, as mudanças surgem repentinamente, impostas pela vida, sem que tenhamos qualquer poder de impedir que elas ocorram, sentimos o chão nos faltar sob os pés e temos a nítida sensação de ter perdido qualquer referência que nos oriente a lidar com a nova realidade.
Nestes momentos, tudo nos parece ameaçador e a nossa vontade é voltar ao antigo como se ele fosse uma poderosa tábua de salvação. Como a natureza é sábia, ela às vezes nos força a enfrentar o novo, apenas para que possamos descobrir em nós um poder que não imaginávamos possuir.
Se soubermos, a cada mudança que a vida nos apresente, experimentar uma nova atitude, aceitando o desafio com entusiasmo e coragem, ao invés de nos deixarmos dominar pela revolta e a covardia, certamente acabaremos por realizar importantes descobertas.
Quanto mais capazes formos de vencer nossos medos e limitações, mais fortes nos sentiremos, até que chegue o momento em que as mudanças passarão a ser encaradas como uma bênção, um presente da vida, algo que recebemos com gratidão, na certeza de que, ao encará-las de frente e com total aceitação, estaremos fortalecendo cada vez mais a expressão de nossa essência divina.
“...Memória é uma coisa morta. Memória não é verdade e não pode ser eterna – porque a verdade é sempre viva, verdade é vida.
Memória é a persistência de algo que não é mais. É viver em um mundo fantasmagórico – mas que nos contém, é nossa prisão.
...A memória cria o nó, o complexo chamado Eu, o ego. E naturalmente esta falsa entidade chamada Eu está constantemente com medo da morte. Eis por que você tem medo do novo.
Este Eu tem medo, não você, realmente. O ser não tem medo. Mas o ego tem medo – porque o ego tem muito medo de morrer. Ele é artificial, é arbitrário, é colocado junto. E pode ser posto de lado, em algum momento. E quando o novo entra, há medo.
O ego tem medo, ele pode ser posto de lado.
De algum modo ele tem estado manejando para manter-se junto, manter a si mesmo em uma parte, e agora algo novo vem – será demolidor.
Eis porque você não aceita o novo com alegria. O ego não pode aceitar sua própria morte com alegria. Como ele pode aceitar sua própria morte com alegria?
A menos que você tenha compreendido que você não é o ego, você não estará pronto para receber o novo. Uma vez que você veja que o ego é sua memória passada, que você não é a sua memória, que memória é apenas como um bio-computador, que é uma máquina, um mecanismo utilitário... você está além dele... Você é consciência, não memória. Memória é um conteúdo na consciência, você é a própria consciência.
Por exemplo, você vê alguém caminhando na estrada. Você se lembra do rosto, mas você não pode lembrar o nome. Se fosse a memória, você lembraria o nome também. Mas você diz: “Eu reconheço o rosto mas eu não lembro o nome”. Então você começa buscando em sua memória, vai para dentro de sua memória, você olha para este lado, para aquele lado, e repentinamente o nome brota e você diz, “Sim, este é o nome dele”. A memória é seu disco. Você é aquele que está procurando dentro do disco, você não é a memória em si.
E acontece, muitas vezes, que se você se torna muito tenso a respeito de lembrar algo, torna-se difícil lembrá-lo – porque muita tensão e muito esforço em seu ser não permitem que a memória libere sua informação para você. Você tenta e tenta lembrar o nome de alguém e ele não vem, apesar de você dizer que está na ponta da língua. Você sabe que você sabe, mas o nome ainda não vem.
...É estranho. Se você é memória, então quem está impedindo você, e como não está vindo? E quem é este que diz, “Eu sei, mas ainda não está vindo?” E então você tenta duramente, e quanto mais forte você tenta mais se torna difícil. Então, você se enche de tudo, vai para o jardim para uma caminhada, e repentinamente, olhando para as roseiras, está ali, de surpresa.
Sua memória não é você. Você é consciência, memória é conteúdo. Mas a memória é toda a energia vital para o ego. Memória é velha, é claro, e tem medo do novo. O novo pode ser perturbador, o novo pode ser tal que não pode ser digerido. O novo pode trazer alguns problemas. Você terá que mudar e renovar a si mesmo. Você terá que reajustar a si mesmo. E parece árduo.
Para ser nova, a pessoa precisa se tornar desidentificada com o ego; você não se preocupa se ele morre ou vive. De fato, você sabe que vivo ou morto, ele já está morto. É um mecanismo. Use-o, mas não seja usado por ele. O ego está continuamente com medo da morte porque é arbitrário, por isto, o medo. Ele não surge do ser, ele não pode surgir do ser, porque ser é vida. Como pode a vida ter medo da morte? A vida não sabe nada da morte.
Ele surge do arbitrário, do artificial, de algum modo coloca junto o falso, o pseudo. Apesar disto, é apenas soltar-se naquela morte, que faz o homem viver. Morrer no ego é nascer no ser, em Deus.
O novo é uma mensagem de Deus, é um evangelho. Ouça o novo, vá com o novo. Eu sei que você tem medo. Apesar do medo, vá com o novo, e sua vida se tornará mais e mais rica e você estará pronto um dia para libertar o esplendor aprisionado.
Lembre-se, algo novo vindo em sua vida é uma mensagem de Deus. Se você o aceita, você será religioso. Se você o rejeita, você será irreligioso. O homem necessita apenas relaxar um pouco mais para aceitar o novo, para abrir um pouco mais, para deixar o novo entrar. Abra caminho para que Deus venha a você"....
OSHO - The Diamond Sutra