Nas águas da sabedoria
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 23/05/2002 17:44:29
Certa vez, um mestre budista caminhava com seu grupo de discípulos quando avistou um rio. Ele olhou para a correnteza do rio e disse aos seus discípulos:
"As águas que passam não voltam mais. Elas não olham para o passado e a sua meta é fundir-se no vasto oceano.
As águas correndo lembram aos homens de que tudo passa e que o caminho é sempre em frente... Elas ensinam que o apego e as auto-culpas represam o fluxo natural e retardam a chegada ao oceano.
As águas correndo são o símbolo do perdão em movimento, pois elas não voltam aos trechos percorridos anteriormente e sabem que o passado é pequeno diante da vastidão oceânica à frente.
Olhem com atenção e vejam a grandeza da natureza ensinando a arte de desprender-se das dores do passado e seguir naturalmente para o abraço do oceano.
Quanta sabedoria nas águas que correm e quantas mensagens elas deixam aos homens que observam além das aparências fenomênicas!"
O sábio agachou-se na beira do rio e saudou a sabedoria das águas correntes com o mantra de Avalokitesvara: OM MANI PADME HUM.*
Sim, ele reverenciava nas águas o ensinamento de todos os Budas e Bodhisattvas:**
SEM AMOR NINGUÉM SEGUE...
Que todos os homens possam nadar nas águas da sabedoria em direção ao oceano da Consciência Cósmica.
Paz e luz.
PS: Um dia conseguiremos dissolver as grossas camadas de ego que limitam as nossas percepções da realidade e perceberemos o TODO em tudo. Nesse dia, teremos encontrado a nós mesmos e o resultado disso será uma grande risada interdimensional.
Então, bilhões de seres iluminados surgirão rindo também e dizendo: "SOMOS TODOS UM SÓ!"
Algures, na Eternidade, seremos possuídos por risadas fantásticas.
Oxalá, que esse dia chegue logo.
Enquanto isso, mesmo com ego e defeitos variados, vamos trabalhando e rindo por aqui mesmo, sabendo que o tempo não para e que é preciso amar, sorrir e seguir...
- Wagner Borges -
(São Paulo, 21 de maio de 2002, às 18h15)
* Om Mani Padme Hum (do sânscrito): "Salve a jóia no lótus". É o mantra da compaixão do bodhisattva Avalokitesvara no Budismo Tibetano.
** Bodhisattvas (do sânscrito): "Aqueles seres bondosos que estão perto de tornarem-se Budas (Iluminados). Para facilitar a explicação, digamos que eles são canais espirituais (avatares) conscientes do amor de todos os Budas.