O direito à Felicidade
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 21/10/2005 11:16:38
A importância de nos lembrarmos da frase acima é enfatizada, aqui, principalmente para todos aqueles que, neste momento, sofrem por sentirem-se diferentes, anormais, estranhos e desajustados neste mundo.
Para aqueles cuja beleza não corresponde aos padrões de perfeição conhecidos, cujo corpo não se enquadra nos modelos determinados pela sociedade, cuja inteligência não corresponde à de um gênio ou cuja opção sexual se diferencia da chamada “normalidade”.
A estes, não resta dúvida, a vida reservou desafios consideráveis. As atitudes preconceituosas existem, de fato, em muitas situações da vida destas pessoas, no trabalho, na família, nas relações sociais de um modo geral. Isto faz com que, fragilizadas, elas próprias acabem se condenando, num processo de julgamento muito rígido e sem qualquer sentimento de autocompaixão.
O desenvolvimento do amor por si próprio é a arma fundamental para a defesa contra o preconceito do mundo. Precisamos nos tornar suficientemente fortes para que a incompreensão alheia não nos destrua, e descobrir em nós as qualidades que se encontram ocultas sob camadas e camadas de baixa auto-estima.
De fato, este não é um processo fácil. Se em nossa história de vida não recebemos estímulos e incentivos adequados, e no momento certo, crescemos com a nítida sensação de que somos menos do que o restante do mundo, tenderemos, sempre, a nos comparar com aqueles que julgamos melhores, mais inteligentes e mais bonitos que nós.
Infelizmente, muitos pais acreditam estar fazendo um bem para seus filhos ao compararem-nos com outras crianças que julgam melhores e mais inteligentes, pois acham que, deste modo, a criança se sentirá motivada para melhorar seu desempenho no mundo.
Entretanto, esta é uma atitude perigosa, pois não leva em conta que cada ser humano é único. Ao tentar fazer com que o filho queira se igualar a outras pessoas, eles podem estar sufocando um talento especial, que se fosse expresso livremente o tornaria um ser humano feliz e realizado.
Como se libertar do sofrimento trazido pelo sentimento de inadequação e enfrentarmos a vida sem medo? O primeiro passo é ter sempre em mente que, como todo ser humano, possuímos o direito inalienável à felicidade.
Esta reflexão permanente nos dará a força necessária para nos libertarmos da sensação de inferioridade, e a motivação para efetuarmos em nós as mudanças que julgarmos importantes para ampliar nosso amor-próprio.
Tais mudanças devem sempre ter como objetivo nossa própria satisfação e não a satisfação do mundo exterior.
A coragem é um elemento fundamental neste processo. Ela só virá quando acreditarmos de maneira absoluta que é possível ser feliz, ainda que não sejamos aceitos pela totalidade do mundo.
Quanto mais convictos estivermos desta verdade, mais segurança sentiremos frente às reações alheias. O preconceito só se fortalece diante do medo e da fragilidade. Somente a força interior e o amor próprio possuem o poder de inibir o preconceito e a intolerância.
“...Se você conseguir expor-se religiosamente, não na privacidade, não com seu psicanalista, mas simplesmente em todos os seus relacionamentos... Isto é autopsicanálise. Isso é vinte quatro horas de psicanálise, todos os dias. Isso é psicanálise em todo tipo de situação: com a esposa, com o amigo, com os parentes, com o inimigo, com o estranho, com o chefe, com o seu funcionário. Por vinte e quatro horas você está se relacionando.
Se você continuar se expondo... No começo vai ser realmente muito assustador, mas logo você começará a ganhar força porque uma vez que a verdade é exposta, ela se torna mais forte e a não verdade morre. E com a verdade tornando-se mais forte, você se tornará mais enraizado e centrado. Você começa a se tornar um indivíduo. A personalidade desaparece e o indivíduo aparece.
A personalidade é falsa e a individualidade é substancial. A personalidade é simplesmente uma fachada e a individualidade é a sua verdade. A personalidade lhe é imposta de fora, é uma persona, uma máscara. A individualidade é a sua realidade, ela é como Deus a fez. A personalidade é uma sofisticação social, um polimento social. A individualidade é crua, selvagem, forte e com tremendo poder.
...Uma vez que você esteja pronta, corajosa e desafiadora; uma vez que você tenha experimentado a liberdade da verdade, a liberdade de expor a sua realidade, você poderá seguir por si mesma. Você conseguirá ser uma luz para si mesma.
Mas o medo é natural porque desde o início da infância, lhe foram ensinadas falsidades, e você se tornou tão identificada com o falso que abandoná-lo quase parece cometer suicídio. E o medo surge porque uma grande crise de identidade aparece.
...O medo é natural. Não o condene e não sinta que ele é algo errado. Ele é apenas parte de toda essa educação social. Nós temos que aceitá-lo e ir além dele. Sem condená-lo, nós temos que ir além dele.
Exponha pouco a pouco, não há qualquer necessidade de você dar saltos que você não possa administrar. Vá passo a passo, gradualmente. Mas logo você irá descobrir o sabor da verdade.
...A repressão cria o inconsciente. Quanto mais reprimido você for, maior o inconsciente que você tem. O que na verdade é o inconsciente? Ele é aquela parte de sua mente que fica de lado, é aquela parte de sua casa onde você nunca vai, o porão. Você vai atirando ali todo tipo de coisas e nunca você vai lá. (...)
O inconsciente é uma criação da civilização. Quanto mais civilizado você for, mais inconsciente você será. Se você for absolutamente civilizado, você será um robô, você será absolutamente inconsciente. Isso é o que está acontecendo. Esta calamidade está acontecendo em todo o mundo. Isso tem que parar. E a única maneira de parar isso é ajudando as pessoas a colocar para fora os seus inconscientes nas meditações. Exponha-se. Isso será um alívio...” (Osho - The Guest)