O medo da mudança
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 21/10/2002 12:08:52
O Universo move-se em permanente mudança. O fluxo ininterrupto da vida tem sua expressão mais perfeita no alternar do dia e da noite e na seqüência das estações.
O homem, como parte integrante do Universo, também tem sua vida regulada por ciclos alternados de prosperidade e escassez, movimento e paralisia, alegria e tristeza.
Porém, esta verdade tão simples e natural parece, muitas vezes, tão difícil de ser compreendida. Os seres humanos estão permanentemente tentando estruturar áreas de sua vida sem aceitar a possibilidade da mudança.
Todos queremos segurança. Existe algo dentro de nós que tenta reprimir e moldar nossas experiências transformando-as numa unidade cristalizada.
Essa tentativa de “estruturar a natureza” é absolutamente ineficaz, pois não existe qualquer garantia com relação ao que irá ocorrer amanhã, tudo muda. Temos a esperança de que uma vez que tenhamos garantido nosso relacionamento, nossa carreira, nosso casamento, todos os nossos temores irão imediatamente desaparecer.
Mas a intenção de realmente transformar essas coisas em estruturas permanentes é o que provoca um sentimento de ansiedade e medo, e conseqüentemente, de dor. A dor é inerente ao processo cumulativo, ao medo de perder o que construímos pacientemente no decorrer de anos.
Muitas vezes, diante do inesperado, do inexorável girar da roda do destino, perdemos totalmente o chão e nos colocamos como cegos, sem qualquer luz que nos aponte uma saída. E é aí, nesse momento, que temos de encontrar, em algum lugar dentro de nós, uma força que será capaz de “reacender a luz”.
Esta força é a fé. A fé que não requer raciocínio, condições e nem mesmo qualquer tentativa de pensamento. Por mais que duvidemos disso, esperar que algo aconteça precipita sua realização.
A “sorte” que acompanha as pessoas bem sucedidas é que elas simplesmente não admitem a hipótese do fracasso. Este é o segredo do seu sucesso. Na linguagem psicológica, diríamos que uma pessoa atrai experiências felizes para sua vida por meio de um processo inconsciente que é ativado através da expectativa de que irão ocorrer.
Do ponto de vista da astrologia, as energias planetárias relacionam-se simbolicamente aos nossos processos internos. E, na carta natal, a casa em que está localizado o planeta Saturno representa a área da vida em que mais se manifesta nossa resistência às mudanças.
Isto porque Saturno, chamado de Senhor do Carma porque distribui justiça e ensina com a experiência, se identifica com o medo, o apego e com a sensação interior de “falta de sorte”. A presença de Saturno representa a área do mapa na qual as pessoas estão sob controle, em que não parecem ser capazes de relaxar e permitir que o fluxo natural da vida ocorra.
A base da dependência de alguma coisa ou de alguém é o medo. Sempre que existe um investimento emocional em algo, a pessoa passa a depender do sucesso. Quanto mais segura as rédeas, mais insensível se torna às falhas e imperfeições humanas, e mais aumenta seu horror ao fracasso. Este é Saturno em seu pior aspecto.
Todo esse autocontrole bloqueia o fluxo da vida e ficamos com medo de ter medo. Não é o medo em si que causa o problema. É a relutância em admitir que estamos com medo.
A consciência de que as mudanças são parte indissociável da existência humana traz, como conseqüência, a convicção de que os obstáculos e dificuldades, por pior que se apresentem, inevitavelmente passarão.