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O Ponto de Transformação

por Isabel Romanello em Espiritualidade
Atualizado em 14/05/2004 12:05:51


O universo humano é permeado de agonias e sofrimentos causados por incontáveis questões. Essas questões que nos trazem sofrimentos são as que podemos chamar de “pedras no caminho”. As “pedras” dos nossos caminhos podem ser grandes, pequenas, minúsculas talvez. Não importa. Sempre serão empecilhos, obstáculos, algo que nos irá atrapalhar, bloquear, impedir nossa livre caminhada.
Quando decidimos buscar ajuda em terapias ou medicamentos, convencionais ou não, queremos, na realidade, alguém ou algo que nos ajude a remover essas “pedras”. Alguns procuram removê-las, mesmo que de forma abrupta, rolando-as barranco abaixo, ou explodindo-as em centenas de pedaços. Muitos até se desviam delas, preferem não encará-las. Outros não conseguem removê-las por medos ou dúvidas e, por isso, passam vidas e vidas atrás delas, aprisionados, sofrendo e sem conseguir trilhar seus próprios caminhos.

Certo dia, alguns anos atrás, conversando com um mestre, apresentei a narrativa acima, avaliando a razão das coisas acontecerem dessa forma ao que, em resposta, ele me questionou:
- E você?... Faz “o que” com as suas “pedras”?
Eu as removo – respondi com sensação de esperteza...
Após alguns segundos, seus olhos me olharam firmemente e ele disse:
- Certamente, você as explode ou joga montanha abaixo, não é? Pois bem, já lhe passou pela cabeça, entretanto, que essas pedras ou que seus problemas não estão em sua vida por acaso? Que existe uma razão para o fato de você ter se deparado com cada um deles ou com cada uma em seu caminho? Será que empurrar seus problemas montanha abaixo em inegável fuga vai, realmente, te libertar, te deixar livre deles? Será que esta atitude não irá ocasionar mais um daqueles casos em que empurramos os nossos problemas para os outros? Talvez, pulverizá-lo em mil não seria multiplicá-lo? Ou desviar-se dele? Não seria sair do próprio caminho e correr o risco de perder-se?

Respirando fundo, prendi o ar nos pulmões sem dizer uma palavra.
Pois bem, continuou o mestre, as “pedras” em nossos caminhos são as chaves dos nossos portais. Para conseguir que essas chaves abram cada um deles, para que possamos continuar andando por nós mesmos, devemos, antes, não tentar destruir instintivamente os nossos problemas. É uma ilusão acreditar que isso os resolve. É preciso, sim, enfrentá-los, lapidá-los, discernir sobre eles. Na realidade, a única maneira de vencê-los é transformar cada um, pois, em princípio, são eles as sementes das nossas virtudes e conquistas.

Cada dificuldade “pedra” ou cada um de nossos problemas, enquanto lapidado se torna evidente e apresenta com clareza seu ponto de transformação, aquele que deverá ser encontrado, observado e estimulado para transformar. Somente assim, aquela “pedra bruta” que antes obscurecia o seu caminho, agora, lapidada, preenche-se de brilho e se transforma na luz que norteará seus passos para as novas conquistas de vidas mais felizes. Tudo no universo, inclusive e mesmo que sejam problemas, tem que ser transformado. Nada deve ser destruído. Aliás, isso é mesmo impossível. Tudo sempre se transforma no universo. E, por isso, pode ser transmutado, qualificado cada vez mais com as novas sutilezas dos valores mais essenciais.
De alguma forma, ouvir aquilo me enlevou a alma.

Sempre é enriquecedor ouvir um mestre e escutar seus ensinamentos com os ouvidos de nossos corações. Pois bem... Eu ainda não havia pensado assim, daquele modo que ali ouvia. Então, enquanto me mantinha na inevitável e silenciosa alternância dos pensamentos e sentimentos que buscavam pressentir o mais essencial significado daquilo e absorver todo o conteúdo com a compreensão do meu mais profundo EU, ainda ouvi:
- Basta sentir antes de pensar e pensar antes de agir. Sem, necessariamente, se ater à dor ou ao sofrimento de cada um desses processos em que buscamos dominar as “pedras” de nossas vidas. Esta é uma fórmula que, se compreendida, lhe trará um meio de exercitar a evolução primordial ao alcance da felicidade. Descubra os meios e serás feliz.

Acho que descobri, ou melhor, descobrimos. Talvez ainda não sejamos peritos no exercício contínuo de cada ferramenta... Um dia, quem sabe... Mas, certamente, nosso maior prazer a cada dia em que nos é possível, por agora, é ensinar a quem busca, em cada conteúdo que transmitimos, esse delicioso Caminho da Luz... Aquele que nos leva ao “Ponto de Transformação”. Eterno e infinitamente Divino em toda sua transcendência! Relativo, cíclico e oscilatório, mas, ainda e também Divino em toda sua imanência. É simples. Simplesmente É! Basta encontrá-lo, reconhecê-lo e aprender a transformar...
É tranqüilizador e muito bom...



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Isabel Romanello é Co-fundadora da Equilíbrio Essencial com
J. Ervolino Neto, que atuam como coordenadores de cursos, eventos
e como Terapeutas em atendimentos individuais e na área empresarial.
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