Padre Pio de Pietrelcina
por Acid em EspiritualidadeAtualizado em 11/11/2009 15:53:37
Muitas almas iluminadas já vieram à Terra em missão, e cada uma delas deixou um rastro de luz e sabedoria que é seguido por milhares ou milhões de adeptos. Uma dessas almas é Francesco Forgione, mais conhecido como Padre Pio de Pietrelcina, uma pessoa humilde que inspirou milhões de fiéis da Igreja Católica e até mesmo adeptos de outras religiões. Apesar de sua grande simplicidade e dedicação exclusiva à vida religiosa, Padre Pio ganhou notoriedade mundial pelas suas realizações, e ficou famoso por sua história repleta de mistérios. Quem foi essa incrível figura que inspirou e continua inspirando gerações de religiosos e esoteristas?
A vida de Padre Pio é cheia de circunstâncias fabulosas do início ao fim. Padre Pio nasceu no dia 25 de maio de 1887 na cidade de Pietrelcina, num pequeno povoado da Província de Benevento, na Itália. A família de Francesco era bastante humilde e tinha poucos recursos financeiros a lhe oferecer. Porém, os orientais já observaram que é do terreno mais lamacento e oculto que a flor de lótus traz o branco mais puro da natureza, ou mesmo o lírio, com seu encanto e sua beleza que às vezes nasce do estrume. O pequeno Francesco já exibia, desde tenra idade, um comportamento exemplar. Era uma criança muito tranqüila, pacífica, observadora e incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Segundo os pais e pessoas próximas, Francesco nunca cometera nenhuma falta e não era uma criança de caprichos ou vaidades.
Sua mãe chegou a dizer que Francesco "sempre obedeceu a mim e a seu pai, a cada manhã e a cada tarde ia à igreja visitar a Jesus e a Virgem. Durante o dia não saia nunca com os seus companheiros. Às vezes eu dizia: – "Francì, vá um pouco a brincar". Ele se negava dizendo: – "Não quero ir porque eles blasfemam". Diz-se que Francesco havia sido uma criança um pouco tímida e retraída. Alguns esoteristas afirmam que os grandes seres de luz que vem ao mundo corpóreo procuram conservar-se introspectivos durante boa parte da infância, caso contrário seriam influenciados pela educação da época, com seus preconceitos e estereótipos. Além disso, conta-se que Padre Pio havia conhecido seu anjo da guarda e mantinha com ele um estreito contato. Futuramente, Padre Pio pedia as pessoas que sempre que possível procurassem dialogar internamente com seu anjo da Guarda, uma força ou consciência espiritual elevadíssima e bem próxima de nós.
Desde criança, Francesco já dava sinais de que seu caminho era o sacerdócio. Expressava profundo desejo de consagrar sua vida plenamente a Deus e aos desígnios divinos. Ainda jovem, quando era assíduo freqüentador da Igreja, pedia ao Sacristão que, em sua hora de almoço, o deixasse ficar orando e meditando sozinho na Igreja fechada, apenas ele e Deus.
Pessoas próximas contaram que Francesco não era muito dado a reuniões sociais. O jovem trocava os amigos e as festas por momentos em que se isolava e permanecia horas e horas em silêncio e profunda oração. Quando estava sozinho e mergulhado em longas meditações dedicadas a Deus, experimentava êxtases místicos muito profundos, onde presenciava aparições de entidades luminosas e fenômenos estranhos. Já em tenra idade, Francesco era invadido por vozes que lhe insultavam e procuravam desorientá-lo. Segundo os católicos, ele estava sendo tentado pelo demônio; segundo os espiritualistas, ele estava sendo alvo de investidas de espíritos obsessores de baixa estirpe que tentavam a todo custo desequilibrá-lo emocionalmente, tudo isso para que não cumprisse a missão sagrada a que estava destinado.
Aos 16 anos, Francesco entrou como clérigo da Ordem dos Capuchinhos, no dia 06 de janeiro de 1908. Pouco depois de seu ingresso, ele foi acometido por graves enfermidades e seu estado de saúde ficou precário durante muito tempo. Dizem que sua febre chegara a níveis altíssimos, até maiores do que um termômetro comum era capaz de medir. Por este motivo, ele foi conduzido a vários conventos diferentes, até permanecer em definitivo no Convento de San Giovanni Rotondo. Nessa época, ele já era conhecido como o Padre Pio de Pietrelcina. No convento de Rotondo, Padre Pio ficaria morando e exercendo o sacerdócio durante os próximos 50 anos.
Conta-se que apesar de Padre Pio ter sido castigado por várias doenças, elas colocavam-no num estado que era seguido por êxtases divinos. Vemos aqui uma aproximação desse fenômeno com o que os antropólogos chamam de "enfermidade xamânica" no Xamanismo. Diz Stanislav Grof que "os futuros xamãs podem perder o contato com o ambiente e ter intensas experiências interiores, que envolvem jornadas ao mundo inferior e ataques de demônios que os expõem a incríveis torturas e provações, que costumam culminar em experiências de morte e desmembramento seguidas pelo renascimento e subida para regiões celestiais".
Porém, algo ainda mais surpreendente ocorreu nessa época. Conta-se que entre uma doença e outra, Padre Pio chegou a ficar muito debilitado e teria ficado longos períodos sem ingerir qualquer alimento físico. Houve um momento em que o Padre ficou 21 dias sem ingerir nada, apenas a Hóstia Consagrada. A despeito de alimentar-se bem pouco, Padre Pio mantinha misteriosamente o peso de 90 kilos. Esse fenômeno de manter-se por um longo tempo sem a necessidade de alimento físico chama-se Inédia. Vários santos já exibiram esse prodígio, uma delas foi Tereza Neumann. Yogananda conta no livro "Autobiografia de um Iogue", que conheceu uma mulher ioguini, já com mais de 60 anos de idade, que estava a nada mais nada menos do que 50 anos sem ingerir nenhum tipo de alimento sólido. Há outras referências na literatura espiritual sobre essa capacidade, uma delas é no clássico Yoga Sutras de Patanjali, obra que serviu de base para a estruturação de Yoga enquanto disciplina sistematizada. Patanjali conta que através de certo exercício yogue, é possível restringir a fome e a sede.
Voltando as misteriosas doenças de Padre Pio, alguns relatos nos fazem pensar que ele teria passado não apenas por dificuldades de saúde, mas também por ataques ainda mais ferozes de espíritos das sombras. Padre Pio ficava a noite sozinho no Convento de San Giovanni Rotondo. Os membros do convento eram frequentemente surpreendidos com barulhos fortíssimos de pancadas do que parecia ser uma luta homérica sendo travada. Sons altos de batidas, gritos e agressões eram ouvidos por todos e vinham diretamente do aposento onde ficava o Padre Pio. Quando eles se reuniam e subiam até o local, ao abrir a porta, encontravam o Padre Pio sozinho e com marcas de vermelhidão, inchaço e machucados diversos, como se tivesse sido agredido por alguém. Os seguidores de Padre Pio acreditavam que demônios originários do próprio inferno visitavam-no constantemente à noite para agredi-lo e submetê-lo a torturas e agressões. Padre Pio, no entanto, nunca reclamara dessa situação, guardando apenas para si o seu sofrimento.Além das misteriosas aparições de espíritos trevosos, outro grande mistério acometera sua vida. O fenômeno começou a aparecer inicialmente quando Padre Pio começou a sentir fortes dores nas mãos. Então, na manhã do dia 20 de setembro de 1918, ele teria uma experiência que mudaria para sempre o curso de sua vida. O próprio Padre Pio narra o que aconteceu nesse dia: Foi na manhã do 20 do mês passado (setembro) no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido pelo descanso do espírito, pareceu um doce sonho. Todos os sentidos interiores e exteriores, além das mesmas faculdades da alma, se encontraram numa quietude indescritível. Em tudo isso houve um silêncio em torno de mim e dentro de mim; senti em seguida uma grande paz e um abandono na completa privação de tudo e uma disposição na mesma rotina.
Tudo aconteceu num instante. E enquanto isso se passava, eu vi na minha frente um misterioso personagem parecido com aquele que tinha visto na tarde de 5 de agosto. Este era diferente do primeiro, porque tinha as mãos, os pés e o peito emanando sangue. A visão me aterrorizava, o que senti naquele instante em mim não sabia dizê-lo. Senti-me desfalecer e morreria, se Deus não tivesse intervindo sustentar o meu coração, o qual sentia saltar-me do peito. A visão do personagem desapareceu e dei-me conta de que minhas mãos, pés e peito foram feridos e jorravam sangue. Imaginais o suplício que experimentei então e que estou experimentando continuamente todos os dias. A ferida do coração, continuamente, sangra. Começa na quinta feira pela tarde até sábado. Meu Pai, eu morro de dor pelo suplício e confusão que experimento no mais íntimo da alma. Temo morrer em sangue, se Deus não ouvir os gemidos do meu pobre coração, e ter piedade de retirar de mim está situação…"
Foi após essa sublime e dolorosa experiência que Padre Pio recebeu o que é conhecido como as chagas de Cristo, ou estigmas, tal como é conhecido no cristianismo. As chagas foram primeiramente recebidas por São Francisco de Assis, após sublime experiência mística. Depois de São Francisco, dizem que mais de duzentas personalidades espirituais já apresentaram os estigmas de Jesus em seu corpo. Conta-se que São Francisco de Assis recebera as chagas de Cristo após pedir ardentemente e desejar sentir o mesmo sofrimento que Jesus sentiu, para a remissão dos pecados da humanidade. Ele queria reviver em si a paixão de Cristo, pois amava muito a Jesus e pediu o privilégio de sentir o mesmo que Jesus sentiu.
Os iniciados, místicos e esoteristas estudam o significado simbólico e místico da crucificação. No momento em que Jesus atravessou a chamada Paixão de Cristo, ele viveu uma experiência de tomar para si mesmo o sofrimento ou o karma da humanidade, ao menos uma parte do karma humano ele teria escolhido trazer para si e senti-lo. Esse processo faria com que, ao invés do karma da humanidade se abatesse contra milhões e milhões de pessoas, somente Jesus, no ato da crucificação, sentiria as dores, doenças e sofrimentos do mundo. É isso que é chamado de a "remissão dos pecados" pela Igreja Católica e o que no esoterismo é conhecido como "transmutação do karma da humanidade". Dizem que a maioria dos avatares ou grandes almas, os redentores, que vieram a Terra, cada um deles transmutou uma parcela do karma planetário, acolhendo para si o sofrimento das massas e de certa forma "salvando" as pessoas de seus erros de vidas passadas. Isso permite a humanidade sofredora aprender pela sabedoria e não pelas experiências ou, em ultima instância, pelo sofrimento. Padre Pio lembra muito as palavras de São Paulo, quando diz "Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim" (Gal. 2/19, 20)
Assim que um santo recebe as chagas de Cristo, ele aceita intimamente dar continuidade a esse processo de purgação do karma planetário. Na medida em que sente a dor das chagas, ele está, em verdade, sentindo a dor do karma de milhares ou milhões de indivíduos e ajudando a aliviar o sofrimento humano. Foi assim primeiro com São Francisco de Assis, e com vários outros indivíduos que o sucederam. Uma dessas almas foi Padre Pio, que recebera os estigmas tal como ele mesmo relatou. Os estigmas de São Francisco de Assis duraram apenas dois anos, enquanto os estigmas de Padre Pio tiveram a duração de 50 anos. Por este e outros motivos, ele é chamado algumas vezes de "o herdeiro espiritual de São Francisco", por sua vida se assemelhar em pontos importantes a vida de Francisco de Assis.
O fenômeno das chagas atraiu a atenção de cientistas, estudiosos, religiosos e jornalistas do mundo inteiro, que atravessavam países e continentes para vê-lo de perto. Padre Pio foi o primeiro Padre da Igreja Católica a apresentar os estigmas. Os estigmas apareceram nas palmas das mãos, nos pés e em outras partes do corpo. Apesar da dor lancinante que sofria quase todos os dias, Padre Pio aceitava o sofrimento com amor, resignação, sem tristezas, reclamações ou pesares. Não há notícias de que ele tenha se queixado, uma vez sequer, das dores que as chagas lhe proporcionavam. Além disso, manteve total responsabilidade com relação a vida sacerdotal. Como ele mesmo dizia "Do altar para o confessionário e do confessionário para o altar". Muitas vezes, ficava até 14 horas atendendo fiéis que vinham do mundo inteiro para vê-lo e ter ao menos uma pequena fração de tempo com essa alma de luz. Padre Pio era também chamado de "O Homem da oração" e "O homem da esperança".
A História dos acontecimentos fantásticos da vida de Padre Pio não para por aí. Há muitos relatos de que o herdeiro espiritual de São Francisco de Assis era possuidor de outra capacidade psíquica; outro "dom miraculoso", como os católicos costumavam chamar. Esse fenômeno é bem conhecido do esoterismo, do misticismo oriental, da Parapsicologia e até mesmo do Catolicismo. Antes de Padre Pio, a personalidade espiritual mais conhecida que realizara essa extraordinária faculdade era Santo Antônio de Pádua. Trata-se do fenômeno da Bilocação. Bilocação ou Bicorporeidade é a capacidade que alguns espíritos mais elevados possuem de estarem em dois ou três lugares ao mesmo tempo, em corpo materializado por eles, de forma a se tornarem visíveis e tangíveis a outros. Dizem que os indivíduos que possuem esse dom são vistos em dois ou três lugares por pessoas diferentes, pois são capazes de se deslocar em consciência e criar um corpo físico em qualquer local que desejarem. Padre Pio por diversas vezes usou esse dom e várias testemunhas confirmaram a autenticidade do fenômeno. Ele encontrava-se simultaneamente em dois ou três lugares. Grandes almas realizam esse prodígio com o intento de estar em locais diferentes onde sua presença é solicitada e se faz necessária, geralmente por motivo de orientação e cura.
Por Hugo Lapa