Papai, paizinho não mate!
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 13/05/2005 12:55:31
Vida infame! Até quando estas censuras? Ora, se quiser dinheiro, que trabalhe. Se eu soubesse que o casamento seria isso, nunca haveria de cometer tamanha mediocridade.
Ildeo esbravejava, ameaçando sua esposa, Marcela. Em sua tela mental, o homem mostrava a figura da sedutora Mara, a qual o marido intempestivo cortejava sem escrúpulos.
Marcela, cansada pelo trabalho extenuante desenvolvido durante o dia em lavanderia próxima de sua casa, suplica-lhe serenidade. Em meio à gritaria, Roberto, o filhinho de 02 anos acorda e instintivamente vai em socorro da mãe, abraçando-a carinhosamente. O pai, colérico, grita: Saia daqui! Saia daqui!
Disposto a por fim ao casamento, Ildeo, dias depois, arquitetou um plano diabólico, para destruir a esposa. Para realizá-lo, contava com o apoio de seres espirituais de baixa qualidade moral, que se regalavam com a insanidade do marido infiel, consumindo-lhe as energias e os pensamentos, em verdadeira festa infernal. Marcela era assessorada por seres do Bem, que faziam sentinela em seu quarto, protegendo-a das ações malignas do marido, que estava num quarto ao lado. Era a luta das trevas contra a Luz. De madrugada, o marido dirigiu-se para o quarto da esposa, sintonizado com os Espíritos do Mal. Silas, um Espírito do Bem, guardião daquela família, vai até o dormitório das crianças e projeta na tela mental de Márcia, a filhinha do casal, as intenções do pai e a menina como que acordando de um pesadelo, sai da cama gritando: Papai, paizinho, não mate!
Aturdido, diante da menina, Ildeo deixa cair o revólver. Marcela acorda sobressaltada e vendo aquela cena, diz, inocente, para o marido: Ildeo, não te mates, Jesus é testemunha de que tenho cumprido retamente com todos os meus deveres... Proceda como quiseres, mas não te despenhes no suicídio. Se é de tua vontade, monta nova casa para viver com a mulher que ti faça feliz. Consagrarei minha vida aos nossos filhos. Trabalharei conquistando o mínimo necessário para nossa sobrevivência, entretanto, suplico-te: Não te mates!
A atitude de Marcela pulverizou a atmosfera daquela casa, deixando no ar um misto de paz e felicidade, resgatadas pela dignidade da mulher traída. Era um momento importante na vida daquelas almas e Ildeo tinha a oportunidade de se redimir e dar um novo rumo à sua existência. No entanto, a larga convivência com a infidelidade e o descaso para com os nobres sentimentos fez com ele saísse daquele clima, daquela freqüência de bons sentimentos, para deslizar-se pelas alamedas da indignidade.
Inconseqüente, aproveitou a oportunidade e disse: Realmente, Marcela, não posso mais... Agora só me restam dois caminhos: o suicídio ou a separação. Enquanto falava, a figura de Mara, a amante, tomou conta de novo de sua atmosfera mental, trazendo para o ambiente energias densas.
Marcela, cansada e oprimida, toma pelas mãos as crianças e vai para o quarto, fazendo junto deles uma oração e um apelo a Deus. Todos - extenuados - dormem e a mulher desliga-se do corpo. Católica, sente-se na presença de Anjos, põe-se de joelhos, chorando, enquanto um Espírito de Luz lhe diz: Somos teus irmãos. Reanima-te. Não estás sozinha. Deus não a abandonou. Haja o que houver, seja tolerante e compreensiva. Não queiras mal a ninguém. Faça o bem que puderes e conforte-se na oração e no trabalho. E saibas que poderás ser feliz, muito feliz.
Logo cedo, quando o Sol invade seus aposentos, Marcela acorda refeita e tranqüila. O sonho, os anjos... Tudo aquilo foi um presente dos Céus. Sim, Deus está presente em sua vida.