Paraíso já!
por Maria Guida em EspiritualidadeAtualizado em 13/01/2003 11:26:44
Todas as religiões prometem um paraíso.
E seja qual for o seu teor ou consistência, qualquer paraíso nos atrai e nos conforta. Simplesmente porque, no paraíso não precisaremos fazer nada para sermos aceitos ou amados, pois, finalmente, seremos para sempre aquilo que o criador quis que fôssemos desde o começo.
A idéia do paraíso nos atrai por ser tradicionalmente o paraíso aquele lugar onde finalmente estaremos livres dos aflitivos confrontos inevitáveis nos relacionamentos, nas pressões, necessidades e desejos gerados pelo fato de que estamos imersos na matéria.
A idéia do paraíso nos conforta porque pensamos que algum dia seremos aceitos, amados e até recompensados por termos nos tornado aquilo que somos, o ser puro e perfeito que sempre fomos, manifestando o Deus que sempre esteve dentro de nós.
Curioso é que raramente nos ocorre que desde sempre, somos amados pelo que somos, porque aquele que nos criou não o fez por nenhum outro motivo, senão por amar-nos incondicionalmente, e exatamente do jeito que somos, porque se assim somos, é porque foi assim que ele nos fez.
Sob esse aspecto o paraíso existe e está disponível, acessível desde sempre, para todos, até mesmo para aqueles que se julgam impuros e pecadores. Ainda sob esse aspecto não é preciso morrer para penetrá-lo. E muito menos converter-se a qualquer religião.
As portas do paraíso estão abertas e não há nelas nenhum anjo guardião com ameçadora espada de fogo a nos deter a passagem. A condição para alcançá-lo é justamente viver como se nele já estivéssemos.
Se acreditamos, de fato, que fomos criados por um ser infinitamente poderoso, que nos ama com intensidade infinita, não podemos admitir outra coisa além de que este amor divino não nos impõe nenhuma condição.
Reconhecer o amor incondicional que ele sente por nós, sua total e completa disposição de compartilhar conosco todos os momentos, e ainda se manisfestar ao mundo através de nós, é a porta aberta para o paraíso, ou mais, é o próprio paraíso em nós.
Viver o paraíso aqui e agora, como se nunca dele tivessemos saído ou sido expulsos, é algo que pode ser conseguido já.
Num minuto estamos no inferno, porque nos sentimos miseráveis, abandonados e sozinhos, lutando arduamente por reconhecimento, felicidade, afeição. E no momento seguinte, quando reconhecemos que somos parte do infinito e compassivo coração de Deus, tudo se transforma. Não precisamos lutar, não precisamos nos contrapor a nada, nem a ninguém, voltamos ao estado original onde somos o que somos, exatamente como Deus nos concebeu e criou.
A maravilhosa sensação de aceitação e amor, nos coloca naquilo que os cristãos chamam de estado de graça e que os hiduistas chamam de samadi.
Mesmo o mais empedernido dos homens pode chegar ao paraíso, e, quando isso acontece, já não será capaz de qualquer ato de egoísmo ou maldade.
Amados e aceitos, amamos e aceitamos o mundo inteiro, uma vez que tudo e todos no mundo saíram das mesmas mãos amorosas que nos fizeram como somos.
Quando entramos no estado e graça, absolutamente já não importa se há uma guerra iminente, se a economia no país vai bem ou vai mal, se este ou aquele governo dará certo ou errado. A única certeza que temos, é que estejam como estiverem todos os seres humanos merecem o nosso amor.
Ë fácil imaginar um mundo onde todos tenham conseguido acessar o paraíso dentro de si.
Este seria um mundo sem confrontos, sem chantagens, sem disputas, sem revanches, sem agressividade ou medo. Num mundo assim, não haveria motivo para propriedade, especulação, exércitos e armamentos. Num mundo onde todos vivessem um paraíso pessoal, a natureza seria respeitada como o mais amoroso dos presentes divinos, os alimentos seriam dádivas celestiais, e todos os seres vivos dignos de afeto e atenção.
Ë fácil entender porque a transformação interior pode ser um ato mais revolucionário que a guerrilha armada, mas promotor de justiça do que uma revolução, mais apaziguador que um tratado. Ë fácil vislumbrar porque até hoje, nenhuma tentativa humana conseguiu instaurar uma paz duradoura sobre a terra.
Paz e harmonia são aves do paraíso. Suas asas roçam a terra por breves momentos, mas seus ninhos estão no céu. Se queremos conviver como esses doces pássaros, ou construímos nossas casas nas nuvens, ou fazemos um download do paraíso em nós, reconhecendo que somos um com todos e as outras obras do criador.