Percepção
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 31/07/2008 18:25:54
Como você percebe a realidade de sua vida? Ela lhe parece sempre um encargo, uma luta ou, ao contrário, você vê a vida como um prazer, uma oportunidade rara de experimentação e aprendizado?
A maneira como direcionamos nossa percepção a esse respeito faz toda a diferença, pois, para aquele que só consegue enxergar a existência como um sacrifício permanente, onde os sentimentos de felicidade e de plenitude estão sempre ausentes, a motivação para continuar vivendo se torna, de fato, algo muito difícil de ser cultivado.
Como, então, transmutar este estado interior, mesmo que as dificuldades e limitações estejam presentes? Realmente esta não é uma tarefa fácil, pois precisamos desconstruir a maneira como nossa mente foi condicionada a perceber o mundo.
Para isto, só existe uma saída: voltarmo-nos para nosso próprio interior e descobrir dentro de nós o guia que nos direcionará para um novo modo de encarar os acontecimentos. Nada mudará externamente, ou seja, os fatos continuarão a desencadear-se sem que possamos ter controle sobre eles.
O que fará toda a diferença é como passaremos a lidar com os eventos, e de que maneira seremos afetados por eles. Para isto, não é necessário nenhum esforço grandioso ou qualquer estratégia de guerra. Basta apenas que passemos a dar atenção às nossas reações internas, de modo a mudar imediatamente de rota, sempre que a negatividade, o pessimismo ou a sensação de vítima tentarem predominar.
Confiar em nossa capacidade de lidar com a realidade de modo mais seguro e confiante é a chave para alcançarmos um novo estado de percepção. Ele nos fará perceber a nós mesmos e à vida, como um todo harmonioso, onde cada acontecimento é resultado direto de nossas escolhas, sejam elas individuais ou coletivas.
Se o desequilíbrio e a infelicidade estiverem presentes, caberá a nós, e somente a nós, perceber onde está o equivoco, e porque nos desviamos de nossa fonte primordial, em que tudo já é exatamente como deveria ser.
“Picos e vales
A evolução da consciência passa através de muitos altos e baixos. Muitas vezes ela descerá apenas para subir mais alto que antes. Ela passa através de vales para alcançar picos, e cada pico é apenas o início de uma nova peregrinação, porque um pico ainda mais alto está adiante. Mas para alcançar o pico mais elevado, você terá que descer novamente. Uma vez que você tenha entendido que isso é natural, todo o sofrimento, todas as nuvens simplesmente se dispersarão.
Assim, a primeira coisa a ser lembrada é: nunca fique preocupado quando chegam os dias de descer; mantenha sempre seus olhos nas estrelas mais distantes.
Os vales fazem parte das montanhas. Não se pode acabar com os vales e deixar apenas as montanhas. Uma vez que você entenda isso profundamente, você irá passar através dos vales dançando e cantando, sabendo perfeitamente bem que há um pico mais alto à sua espera.
E não há fim para essa peregrinação. Assim como cada dia é seguido por uma noite, cada elevação é seguida por uma descida. A pessoa deve aprender a exultar-se não apenas durante o dia, mas durante a noite também - ela tem a sua própria beleza.
Os picos têm sua glória, os vales têm sua riqueza. Mas se você habitua-se apenas aos picos, você começa a escolher, e uma consciência que começa a escolher cria um problema. Permaneça sem escolha e, não importa o que aconteça, aceite isso como parte natural do crescimento.
A noite pode tornar-se até mesmo mais escura, mas quanto mais escura a noite, mais perto está a alvorada. Sendo assim, exulte-se na noite escura e aprenda a ver a beleza da escuridão, das estrelas, porque durante o dia você não encontrará as estrelas. E nunca compare o que foi, o que deveria ser, ou o que é. O que existe deve ser celebrado”.
Osho, The New Dawn.