Postura 2
por Saul Brandalise Jr. em EspiritualidadeAtualizado em 20/09/2001 14:19:09
Provavelmente, o que faz a diferença em nossas vidas, se resume em uma palavra, POSTURA. Ativos, passivos, agressivos, calmos, medrosos, confiantes, destemidos... Tudo é uma questão de postura. O que faz esta diferença é a maneira como nos posicionamos...
Uma palavra pode proteger ou destruir uma pessoa, seu poder numa boca é o mesmo de uma flecha num arco. Nossas atitudes tem a mesma força.
Estou no Canal de São Simão na divisa dos Estados de Goiás e Minas Gerais e me recordo do dia em que comprei o macaquinho Chico. Desembarquei do barco de pesca e na margem, um rapaz tinha um pequeno filhote de sagüi na sua mão direita. Me aproximei e disse:
- Onde o encontrou?
- Matei a mãe com uma paulada e vou vende-lo...
Fiquei surpreso com o que ouvi mas fiz de conta que aquelas palavras soaram normais.
- Qual o seu preço? Perguntei
- Cinqüenta reais.
- Pago Deis.
- Pode levar é seu.
Segui meu impulso e agora tinha um problema. Acabara de comprar um animal de maneira ilegal. Bem, pelo menos vou cuidar dele, pensei. Isso não bastava, eu sabia que estava errado. Mais tarde vim a saber que o rapaz que me vendeu era viciado em drogas e que para consegui-las fazia qualquer coisa. Isso me deixou um pouco mais aliviado.
Fui até a Pousada Gerivá, onde estava hospedado e mostrei o pequeno animal a proprietária Dona Vanda.
- Ih seu Saul aqui tem demais deste bicho... Onde o senhor arrumou este?
Contei-lhe a história e imediatamente começamos a cuidar do Chico. Ele era alimentado com leite através de uma seringa de injeções. Dormia em nosso quarto e quando me via pedia colo. No período que fiquei lá ele recebeu todo o nosso carinho. Márcia cuidava dele como se fosse um bebe. Logo estava se alimentando com bananas.
Quando gritava, os macacos do seu bando se aproximavam e de alguma forma se comunicavam com ele. Retornei para Florianópolis e deixei o Chico na Pousada, aos cuidados de Dona Vanda e seus colaboradores.
Neste final de semana retornei para mais uma pescaria e fiquei sabendo que o Chico tinha se unido ao seu bando de origem. Que bom, pensei...
A surpresa aconteceu na hora do almoço deste Domingo do dia dos Pais. Quando nos dirigíamos ao restaurante Chico apareceu no alto de uma árvore. Não sei como mas me reconheceu. Lentamente veio descendo até que chegou bem próximo. Me olhava e aos poucos foi perdendo o medo. Alguns companheiros lhe seguiam...
Sentei-me em uma mesa embaixo do pé de manga e ele saltou sobre ela. Aproximou-se e me cheirou no braço. Voltou para a árvore e ficou me olhando. Peguei uma banana e ele veio comer agarrando-se à minha mão.
Que belo presente para o dia dos Pais, pensei.
Tolstoi disse: Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira.
Eu e o Chico sabemos que isso não é verdade.
Um beijo na sua alma.
Nos veremos em breve...