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Quando é hora de desistir do antigo padrão e efetivamente ir para o novo...

por Silvia Malamud em Espiritualidade
Atualizado em 04/06/2004 11:39:41


Quantas vezes e por quanto tempo ainda insistiremos num determinado tema imaginado e nos iludiremos achando que em algum momento acontecerá o inesperado e que a realidade se abrirá bem na nossa frente totalmente a nosso contento?

Como criadores de realidades que somos, o quanto mais lúcidos estivermos sobre estas possibilidades, mais poderemos nos frustrar quando os fatos não ocorrerem da maneira como planejamos ou desejamos...
Como pode ser isso possível? Como é que uma realidade tão clara e absolutamente tão prazerosa para nós, pode ser tão difícil de ser alcançada ou até mesmo correr o risco de nunca se concretizar aqui neste plano?

Esta questão, embora de simples compreensão, não é fácil de ser concebida. A verdade é que ninguém gosta de ter que lidar com as frustrações, mas é verdade também que devemos às mesmas o fato de transformarmo-nos em pessoas mais criativas, possibilitando um conhecimento mais profundo sobre nós mesmos.
Aqui na Terra existe toda a sorte de sistemas de crenças que visam convencer conceitualmente as pessoas a aceitarem as suas limitações, no caso específico da não concretização dos desejos argüidos.
Assim como existem outras tantas crenças que tentam burlar estes assuntos não atualizados, por meios de “mandingas” e rituais de cunho mágico. É prudente ficarmos atentos. Racionalizamos que aceitando uma limitação, podemos estar apenas criando um tipo de defesa que nos coloca num lugar de estagnação que nega uma frustração, mas que não resolve a questão primeira; portanto, o desejo/vontade, permanecerá encapsulado e não resolvido.

Em nome desta dificuldade é que lidamos de modo distorcido com a maioria dos eventos que buscamos atualizar neste plano e assim acabamos nos frustrando e sofrendo mais.
Em determinadas situações, sabemos que um simples querer não basta. Podemos passar uma vida inteira numa idéia obsessiva de se conquistar algo que não se atualiza neste plano.

As respostas para esta distorção podem ser observadas em meio a alguns fatos:
1) Se a criação de realidade envolve um outro, precisa-se observar se esta outra pessoa concordaria com o planejado pelo criador, porque se não for esse o caso, a criação estará fadada a ter dificuldades (isso acontece freqüentemente com as pessoas que vivem um amor platônico, entre outros). Lembrando que se este outro tiver idéias muito cristalizadas e firmes sobre a questão da criação de realidade, a dificuldade muitas vezes torna-se intransponível.
2) Outro ponto a ser abordado e talvez o de maior importância, seria quando temos duvidas obscuras sobre se conseguiremos nós mesmos suportar a mudança de contexto promovida pelo desejo de uma nova criação de realidade... Uma coisa é querer muito e se iludir com uma instância ideal na qual gostaríamos de estar existindo, outra coisa é suportar a experiência/vida deste fato com tudo o que estará implícito nele e que muitas vezes poderia nos remeter a uma total mudança em nosso contexto de vida.

Será que estamos de verdade preparados para uma realidade programada por nós por mais que a desejemos?
Percebam que para cada nova escolha que fizermos, sempre acontecerão mudanças no nosso enfoque existencial. Por exemplo: se escolhermos irmos num determinado caminho, o outro, no qual estávamos inseridos deixará de se fazer presente e tudo o que estava nele inserido também deixará de dinamizar as nossas vidas.
Mesmo que escolhamos dois ou mais caminhos para acontecerem simultaneamente, teremos que saber se podemos lidar concretamente com todas estas escolhas.
Voltamos novamente para a nossa questão central que é a do autoconhecimento das nossas capacidades, das nossas dificuldades e do quanto é importante que entremos em contato com quem de fato somos e com as nossas reais possibilidades de momento. É só a partir deste encontro, deste mergulho interior é que começamos a poder lidar com maior autonomia e de modo mais preciso com a criação das nossas realidades.

Entrando em contato com as nossas dificuldades e entendendo as nossas limitações de momento, poderemos ser inclusive mais humanos com nós mesmos sabendo que tudo tem uma razão de ser. Por vezes temos algum medo do qual nem nos damos conta e que funciona como um impedidor para que algo de importante se concretize em nossas vidas. Devido a esta questão, acabamos criando cenários também impedidores que não nos deixam alcançar as situações desejadas... E concluímos que somos vítimas do destino, quando estamos sendo vitimas de nós mesmos, sem saber. Numa busca interior podemos inclusive perceber que o medo referido pode ser totalmente infundado, mas só entrando em contato com nós mesmos é que teremos autonomia para avaliar e para gerar algum movimento efetivo em nossas vidas.
Muitas vezes torna-se necessária a ajuda externa de um terapeuta, para que esta jornada interior aconteça.
É interessante de se notar que muitas das angústias geradas devido à não concretização dos nossos desejos são também uma violência que fazemos contra nós mesmos, porque na medida em que ficamos infelizes com essas angústias, acabamos danificando todo o nosso sistema. Deste modo agimos em meio a um imenso paradoxo, posto que se o que buscamos realizar é sempre algo que supostamente nos trará prazer, quando por fim damos de cara com um desejo que não acontece, entramos em rumo oposto ao que se espera do prazer. Aí fica uma pergunta. Será que a perpetuação excessiva de um desejo não passível de ocorrer está ao nosso serviço na busca pelo prazer ou pela perpetuação da dor à qual já estamos acostumados?
Será que suportaríamos sermos realmente felizes, ou ainda não estamos neste estágio e por conta disso vivemos ainda no mundo das idéias ideais não manifestas?
Viver bem significa corrermos riscos; sermos diferentes em meio a um imenso padrão de baixa qualidade de vida em que a maioria está acostumada a existir.

Perdemos referências sobre o que é estar bem. Em relação à saúde nem se fala; sequer nos damos conta se estamos respirando bem e profundamente, se estamos com sede, se o nosso corpo necessita de mais água ou de mais oxigênio - entre outros aspectos - e quando vamos ficando mais conscientes deste feito, mesmo assim não temos a coragem de dar um salto para a verdadeira felicidade que é estar bem, se sentindo bem.
Será que a liberdade de simplesmente sermos totais e presentes em nós mesmos nos assusta?

Para começar, precisamos desejar antes de tudo, estarmos literalmente bem com nós mesmos e para tanto, torna-se necessário que nos conheçamos de verdade.


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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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