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Quando o que liberta prende...

por Rubia A. Dantés em Espiritualidade
Atualizado em 29/05/2024 13:22:01


Sentia-me presa sem saber por que e isso estava me sufocando ao ponto de me fazer evitar situações que sentia estavam me prendendo... mesmo que tudo fosse favorável e se encaixasse entre as coisas que classifiquei como boas, algo lá no fundo me trazia um desconforto que fez com que se acendesse uma luzinha de alarme.
Com o tempo fui percebendo que o que me incomodava era o controle... mas não tinha ainda claro esse movimento que estava me oprimindo.

Até que um dia acordei com uma imagem... A imagem era uma gaiola pequenininha dentro de outra um pouco maior... dentro de outra um pouco maior... dentro de outra um pouco maior e assim sucessivamente... Nisso, a imagem ganhou vida e vejo uma pessoa com uma chave abrindo a porta da gaiola menor e, quando ela sai, a gaiola pequena deixava de existir... e depois abria a porta da outra gaiola que também deixava de existir... e assim sucessivamente... Fui acompanhando o movimento, esperando a hora que, finalmente, aquela pessoa sairia da última gaiola... mas... para minha surpresa, de repente ela começou a fazer o movimento contrário e, quando voltou, logo as gaiolas que haviam desaparecido voltaram a aparecer e ela entrava pelas portas que já havia saído, tornando o espaço cada vez mais apertado enquanto entrava pelas gaiolas menores...

Aquilo foi me dando uma angústia e um aperto no coração, quando uma voz falou.
- A chave que liberta também pode prender...
E a partir daí, durante uma boa parte do dia, essa voz que parecia conversar comigo me explicava esse tipo de prisão que era mais difícil libertar.
Vou passar de minha maneira o que ela me falou...
Se sabemos que uma coisa nos prende, mesmo que seja demorado e difícil de nos desapegarmos dela, sabemos que é algo que não nos ajuda e, com o tempo, de uma forma ou outra, acabamos fazendo o movimento de libertação, assim como quando comemos um alimento que, mesmo gostando sabemos que nos faz mal, a gente tenta deixar de comer. Ao passo que, se gostamos e comemos um alimento que pensamos nos fazer muito bem, não vamos nunca tentar parar de comer... porque acreditamos equivocadamente que estamos no movimento certo, que aquilo nos faz bem, faz-nos evoluir...

O movimento de sair da gaiola, naquele caso, representava essas coisas que trabalhamos para nos libertar por saber que não nos fazem bem... os medos, as culpas, traumas, memórias equivocadas, enfim... aquilo que acreditamos precisamos liberar para evoluirmos, porque temos consciência que nos prendem e atrasam nosso caminhar.

O período de libertar do que prende era representado pelas pessoas saindo das gaiolas pequenas em direção às mais amplas... em direção à liberdade e o movimento de voltar para as gaiolas menores, que prendem, representava aquelas situações onde o que antes alimentava passa a nos intoxicar.

Quando, nesse movimento de evoluir e de nos libertar, encontramos ferramentas... ensinamentos... pessoas que nos ajudam trazendo chaves tão preciosas de liberação, ficamos muito encantados e agradecidos, mas por ter vivido coisas tão positivas com eles, podemos acabar correndo o risco de transformar o que nos libertou em uma prisão ainda mais difícil de sairmos dela, uma vez que nem nos damos conta que, ao invés de sair, estão nos levando a entrar cada vez mais na prisão.

Muitas vezes nos apegamos às chaves, aos sinais, ensinamentos e mestres e as fixamos naquela forma que foi boa um dia, como um fim em si mesmos, sem nem perceber que ao fixarmos as coisas em "regras", "modelos", "caminhos a ser seguidos"... o que antes alimentava pode intoxicar e nos impedir a liberdade...

Temos a mania de buscar segurança e nada nos dá mais segurança do que aquilo que conhecemos e que podemos controlar... mas o que controlamos também nos controla e quando o caminho deixa de nos libertar e começa a nos controlar... esse caminho não é mais o do coração!

E isso não quer dizer que tenhamos que deixar as coisas de tempos em tempos, ou que não podemos seguir a vida inteira por um mesmo caminho espiritual... ou ter um mesmo mestre. O que nos prende é quando nos apegamos e nos fixamos às coisas... tudo que é fixo caminha para a estagnação...
Enquanto um caminho tem coração é ali que vamos nos sentir bem... seja um novo caminho a cada dia ou fluir sempre pelo mesmo caminho...

Bom... depois desse dia me foi e ainda está sendo mostrado claramente onde estava me apegando e mais além: o que esse apego estava me fazendo evitar... Depois compartilho com vocês...
Feliz e agradecida por estar de volta a esse espaço tão especial e amado do Somostodosum!



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rubia
Rubia A. Dantés é Designer, cria mandalas e ilustrações em conexão...
Trabalhos individuais e em grupo, com o Sagrado Feminino, o Dom e o Perdão...
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