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Rumi, o poeta dançarino

por Adília Belotti em Espiritualidade
Atualizado em 02/09/2020 16:14:07


Não conheço a Turquia, mas é uma das coisas que preciso fazer antes de morrer. Minha primeira parada seria conhecer a casa de Nossa Senhora, em Éfeso, vizinha do Templo de Artemis, a deusa grega da natureza selvagem. Interessantíssima vizinhança, aliás, cheia de histórias, inventadas ou não, quem se importa? Como diria Roberto Calasso, essas coisas nunca aconteceram, mas sempre existiram...

Hoje arranjei outro motivo para ir à Turquia. Tem que ser em setembro, no dia 30, data do nascimento, em 1207, de um dos maiores poetas místicos que a espécie humana fabricou: Rumi, ou Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī.

Rumi nasceu onde hoje é o Afeganistão e morreu na Turquia, em 17 de dezembro de 1273. É considerado o criador do Sufismo, a vertente mais mística do islamismo.
Acreditava que o exercício do amor era essencial para o amadurecimento e aperfeiçoamento dos seres humanos. Pregava a tolerância, a bondade, a paciência, a calma e a compaixão incondicionais.

Depois da sua morte, seus seguidores fundaram a Ordem Mevlevi, que a gente reconhece como aqueles derviches que dançam, girando... Essa dança, chamada "sema", é uma forma de oração coletiva.

A UNESCO declarou 2007 o Ano Internacional de Rumi e para celebrar os 800 anos do nascimento do poeta, o governo da Turquia convidou 300 derviches e vários cantos do mundo para dançar na maior "sema" jamais vista.

A dança belíssima dos derviches.

E os poemas de Rumi em português, eu encontrei em Poesia Sufis.

Um gostinho de Rumi para iluminar o texto:
Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes,
sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos,
sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca,
contemo-nos todos os segredos do mundo,
como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos
que só são capazes de entender
se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão: "toca",
se todas as mãos são uma?
Vem, conversemos assim.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.


Encontrei o site oficial dos eventos relacionados às comemorações do 800o. Aniversário do Nascimento de Rumi


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adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
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