Sempre o Coração – Parte 2
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 10/03/2003 11:47:34
Como saber se aquela voz que nos fala é mesmo a do coração ou a voz dos nossos desejos do ego?
Durante essa semana fiz essa pergunta ao meu coração e ele me mostrou muitas coisas nos muitos mergulhos que dei pra dentro.
Mas confesso que pensei que ele fosse me dar algum tipo de fórmula mágica... e isso ele não me deu... Mágico é quando temos a coragem de empreender essa viagem em busca de refinar essa comunicação que vem da alma.
Acredito que o caminhar em direção ao que a alma quer é da nossa natureza. O Espírito chama e nos todos vamos em diferentes ritmos.
Então... deveria ser natural o escutar essa voz e saber diferenciar das outras vozes que nos chamam.
Mas... parece que o homem se afastou tanto do que é natural, e se perdeu no meio de tantos chamados, que ficou difícil saber qual é a voz que vem da alma.
Se alguém te pede pra falar qual é a diferença entre duas frutas que só nascem numa região muito distante, e você não conhece nada sobre elas, você não tem como saber a diferença.
Assim é com a voz do nosso coração... Nos só podemos saber a diferença entre a voz do coração e as muitas vozes do ego através do autoconhecimento.
Num desses dias... enquanto pensava sobre essa voz, escutei o canto de um beija-flor... Acabei me deixando levar pelo canto que, dessa vez, se prolongou muito além...
Então me lembrei que há mais ou menos um ano e meio, quando os beija-flores se aproximaram de mim de uma forma encantada, eu nem sabia que eles cantavam.
Um dia... depois de uma experiência muito especial com um beija-flor, eu fiquei muito ligada a eles e o amor que eu já sentia por eles foi só aumentando.
Então, comecei a prestar mais atenção...
Quando soube por uma amiga que eles tinham um canto, me dei conta que nunca tinha escutado e me abri pra escutar o beija-flor. A principio eu não sabia qual era o som que ele fazia. Sempre quando via algum eu ficava atenta procurando escutar o canto e não conseguia... mas eu tinha certeza que ia conseguir... eu só não sabia escutar ainda.
Não sei como aconteceu, mas, um dia, comecei a perceber aquele trinado que ele faz e aos poucos... sem que eu nem me desse conta... esse canto foi ficando muito nítido e diferenciado dos outros sons todos. Até que hoje escuto a voz do beija-flor mesmo no meio de muitos outros sons. Ela parece que se eleva acima dos outros sons e eu sempre paro pra escutar... porque me dá alegria.
Assim é a voz do coração...
Essa linguagem não pode ser entendida com os nossos recursos da mente racional que são limitados por padrões e crenças. Esse é um saber que está muito além do pensamento.
Acredite profundamente na possibilidade de entender essa linguagem porque você contém essa sabedoria. É só deixar ela aflorar pela força da sua intenção clara e da confiança.
Esteja presente e disposto a deixar um espaço para o inusitado... para o que não foi preparado nem pensado. Acredite que muito além do conhecido existem muitas possibilidades criativas que só o seu coração pode te levar a experienciar...
Escute essa voz até que ela se torne tão clara que você não tenha nenhuma dúvida de "Quem está falando".
Lembre que o coração fala por símbolos, por sincronicidades, pela voz de um amigo, de um livro, de um sonho... ou de um beija-flor.
Por uma voz dentro de você que parece a sua voz... Ou mesmo pelo silêncio...
Sabe que o meu coração adora falar pelo silêncio... Esse falar é um tipo de impulso que vem quase sempre quando não estou esperando... quando estou distraída... e eu sigo assim também meio distraída... sem nem pensar... e depois eu entendo que foi a voz do coração que me impulsionou a agir. E é quando acontecem aquelas coisas que são inesperadas e que você tem certeza que estava sendo guiada pela sua parte que sabe.
Dentro de cada um de nos está a semente que está sempre enviando impulsos que nos fazem mover rumo à luz. Quando seguimos esses impulsos, que são a linguagem do coração, somos guiados pra encontrar e pra viver experiências que vão nos levar de volta pra casa...
Entender essa linguagem é como aprender a sentir a alma...