Sensibilidade
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 28/08/2008 16:11:47
Quando falamos em sensibilidade geralmente a idéia inicial que predomina é aquela relacionada à emoção, à nossa capacidade de nos comovermos diante de algum acontecimento.
Entretanto, o sentido da palavra é muito mais amplo. Sensibilidade também se refere aos sentidos físicos, à consciência que temos de nosso corpo e das sensações que ele pode nos proporcionar.
A milenar filosofia tântrica tem como fundamento principal o despertar da sensibilidade do ser humano em toda a sua plenitude, a começar pelo corpo físico. Lamentavelmente, ao chegar ao Ocidente, o tantra sofreu muitas deturpações e grande parte das pessoas se interessa por suas práticas unicamente como forma de aumentar o prazer físico do ato sexual.
Para a cultura ocidental, sempre imediatista e superficial, potencializar o orgasmo genital é a única forma de vivenciar a sexualidade. Entretanto, o tantra é muito mais do que isto, ele pode ser uma ferramenta que permite ao ser humano conhecer-se profundamente em todas as suas dimensões: física, emocional e espiritual.
Somente quem se torna profundamente consciente de si pode tornar-se totalmente aberto e receptivo ao outro e enxergá-lo como uma manifestação do divino. Um encontro desta natureza entre dois seres humanos pode ser uma porta para a experiência do êxtase e da iluminação espiritual.
“Impotência
Pergunta: Sempre que faço amor com uma mulher, surge o medo da impotência.
Osho: A atitude ocidental é de sempre fazer as coisas acontecerem, fazer algo! Existem algumas coisas, contudo, que não podem ser feitas. Então, o Ocidente fica completamente maluco!
... E as pessoas também estão muito preocupadas com sexo. São justamente essa preocupação e o esforço para fazer alguma coisa que criam o problema.
O sexo acontece - não é algo que se possa fazer. É preciso, então, aprender a atitude oriental com relação ao sexo, a atitude tântrica, ou seja, a de ser amoroso com uma pessoa. Não é preciso planejar, não é preciso ensaiar mentalmente. Não é preciso fazer nada em particular, basta ser amoroso e acessível.
Brinquem com a energia um do outro e, quando fizerem amor, não é preciso que seja algo grandioso. Do contrário, estará fingindo, assim como a outra pessoa. Ela fingirá que é uma grande amante e você fingirá que também é um grande amante - ambos ficarão insatisfeitos! Não é preciso fazer pose.
O sexo é uma prece muito silenciosa. O ato de fazer amor é uma meditação.
É sagrado, é o que há de mais sagrado. Portanto, enquanto está fazendo amor com uma mulher, vá bem devagar... degustando, sentindo todos os sabores do ato. Vá bem devagar, não é preciso ter pressa: há tempo suficiente.
Enquanto estiver fazendo amor, esqueça o orgasmo. Em vez disso, fique num estado bem relaxado com a parceira, relaxem um ao outro.
A mente ocidental está sempre querendo saber quando virá o orgasmo e como fazê-lo acontecer mais rápido, ser mais intenso e tudo mais.
Esse pensamento não deixa as energias do corpo circularem, não permite que o corpo faça as coisas do seu jeito.
Relaxe com a outra pessoa. Nada especifico precisa acontecer. E, se de fato nada acontecer, então é isso o que está acontecendo - e isto também é belo!
O orgasmo não é uma coisa que tenha de acontecer todo dia. O sexo tem de ser apenas ficar junto, dissolver-se um no outro. Pode-se fazer amor por meia hora, uma hora, apenas relaxando um ao outro. Vocês ficarão num estado em que a mente está ausente, porque não é necessária. O amor é a única coisa em que a mente não é necessária, e é nisso que o Ocidente erra: usa a mente até no amor.
Apreciem a presença um do outro, o encontro, concentrem-se nisso. Não tentem fazer nada a partir disso. Um dia haverá um orgasmo profundo como um vale; não haverá um ápice. Será só um relaxamento, mas terá seu próprio pico, pois tem profundidade. Um dia, o próprio corpo desencadeará um orgasmo culminante, mas isso também acontecerá espontaneamente - você só estará ali.
Às vezes haverá um vale, as vezes haverá um pico, esse é o ritmo. Você não pode estar no pico todo dia. Se só tiver picos, eles não serão muito grandes. É preciso conquistar um pico passando por dentro do vale.
...Fique no vale e a energia se acumula: o pico nasce do vale. Nesse momento acontece um grande orgasmo, e todo o seu ser é inundado de prazer.
No pico haverá prazer; no vale, paz. Ambos são belos. No final, a paz é mais valiosa do que o prazer, pois o prazer será momentâneo: não é possível ficar no topo por mais de um segundo. Mas é possível ficar no vale. Ambos têm de ser apreciados, pois ambos têm algo a oferecer. O Tantra diz que o vale orgástico é muito superior ao pico orgástico. Este último é imaturo, enquanto o primeiro tem em si uma grande maturidade.
...O vale orgástico não tem qualquer vibração, mas tem silêncio, e esse silêncio é muito mais valioso, muito mais transformador. Ficará com você durante as 24 horas do dia. Depois que o tiver visitado, ele permanecerá com você. O ápice se desvanecerá, você ficará exausto e cairá no sono. O vale continuará: durante vários dias, poderá exercer um certo efeito sobre você. Você ficará relaxado, lúcido. O amor é uma espécie de relaxamento em que as coisas têm de ser permitidas”.
Osho, do livro Corpo e Mente em equilíbrio.