Viagem a Nazaré
por Ivan Ademar Ditscheiner em EspiritualidadeAtualizado em 24/06/2005 12:13:52
Um dia... em algum lugar do Universo, você dormiu e teve um sonho. Como
em muitos sonhos, começou muito belo. Era um mundo que você não
conhecia, mas era tão belo que você se apaixonou por ele. Havia muita
coisa tão parecida com o seu mundo! Havia muita vida nas espécies
que habitavam o mundo do seu sonho e você dizia: que sonho lindo estou tendo!
Era um planeta em que você podia existir fisicamente... No que escolhesse
ser: árvore, flor, qualquer espécie de vida, inclusive algo muito
parecido com você na realidade... espécie humana. Era um sonho, você
sabia disso, mas o sonho pelo qual você se apaixonou de maneira total, foi
se transformando em realidade. Sim, pois até no sonho você criava
constantemente. Criava e o que você criava, passava a existir!! O que criava
no solo deste lindo planeta, passava a existir acima dele, e de quando em quando,
você o habitava tanto em cima como embaixo!
Neste planeta havia uma coisa que você ainda não conhecia... dualidade.
Como isso era diferente de seu mundo! Havia o bom e o mau, quente e frio, certo
e errado, amor e ódio, sempre havia um oposto para tudo.
No experimentar tudo isso, você acabou se esquecendo, ou não mais
percebendo que era um sonho, pois tudo que criava, ou que seu pensamento manifestava
se tornara realidade.
Não era só você, mas muitos e muitos que se multiplicavam
e estavam no sonho. Na dualidade começaram disputas, criações
de várias sociedades, regras e leis para essas sociedades, religiões
em função de Seres despertos, que tiveram a coragem de animar e
sustentar um corpo físico da espécie humana, para ajudar no sonho
que você mesmo construiu... e atrelou-se a ele a dizer-lhe como levar o
sonho adiante, transformando-o em realidade evolutiva.
O sonho já havia tomado proporções tais que o mais evoluído
destes Seres, foi muito machucado de todas as maneiras por isso. Isto também
ocorreu a Muitos e Muitas em variadas proporções.
No ponto do Universo em que você dorme, por segundos você abre e fecha
os olhos, e você - que no sonho se tornou uma filial de sua própria
Matriz - tem lampejos de sua realidade... e chora. Chora porque o sonho vai se
tornando um pesadelo. Você então percebe que neste planeta, você
tem um pesadelo e grita, mas sempre há uma mão amiga e um chamado
dizendo: Acorda, você está tendo um pesadelo! Você acorda contrafeito,
aliviado, mas começa a perceber que foi o sonho do "grande sonho da
ilusão".
Em mais uma piscadela de Você mesmo, você observa e percebe que a
tecnologia destrutiva e ambiciosa, criada no sonho do grande sonho, está
nas mãos dos que ainda dormem. Em sua grande maioria dormem profundamente.
E então você percebe que isto é uma caixa de fósforo
nas
mãos de crianças!!
Então... em mais uma piscadela, você relembra que jamais houve passado,
que jamais haverá futuro. Relembra que tudo acontece ao mesmo tempo, no
Eterno Momento do Agora. Percebe a alegria e o gemido do planeta azul, porque
o Universo está em Plena Expansão. Mais uma das
Eternas Respirações de Deus!! Sim, percebe que aquele você
que está aqui não existe!
É só a filial, ou uma das filiais da Matriz Adormecida. É
você que está acordando a Matriz! É o inverso!! Você
não sai da Matrix, você volta para a Matriz!
Obra sua!!
Neste momento após alguns dias... (dias? O que é isso?) você
volta a escrever. Passou algum tempo ensimesmado com o que escreveu até
aqui. E agora? Parece que está outra vez no sonho do grande sonho! A grande
ilusão da qual você participa, cria e que para você torna-se
realidade.
Então você chama. Chama a quem? Aqui no planeta azul, em que o apaixonado
sonho de tanto criar, vem se tornando uma realidade cada vez maior, ouve falar
em Eu Superior. Você continua sonhando!
Superior?? O que quer dizer Superior? Você mesmo que dorme sendo despertado
por você que se apaixonou pelo Sonho?! Você chamando à Você
mesmo! Superior? Em sua casa isso não existe!! Não há Superior,
porque não há Inferior!!
Que letras estou usando para escrever? Maiúsculas ou minúsculas?
Isto não existe em meu mundo! Sim, só há sentimentos! Não
há palavras, letras e sons guturais! Não há hierarquias...
só sentimentos que são elegidos por um todo. São sentimentos
que se comunicam. Que conhecem o que no sonho se chama de Amor... amor?
Continuo chamando à mim mesmo.
Uma realidade se mostra em mais uma piscadela... Realidade? E a Realidade - realidade
me diz:
Não sou - Sou tão grande-Grande quanto tu - Tu pensas, porque Tu
- tu não és tão pequeno - Pequeno quanto Pensas - pensas.
Choro... porque sinto a mim mesmo, piscadelas de mim mesmo.
Resolvo ir à Nazaré, pois que se o tempo não existe e tudo
acontece ao mesmo tempo, vou encontrá-Lo. Crio os meios para isso. Mais
uma vez percebo sonhando no grande - Grande sonho que continuo criando o que quero
criar. Mesmo no grande Sonho, não sou co-criador. Sou criador - Criador!!
É áspero o caminho. Há seres ainda totalmente atrelados ao
grande sonho, que em seus sonhos de domínio tentam de todos os modos me
impedir. Batem-me, apanho muito. Meu corpo dói. Meus sentimentos doem.
Por vezes choro, mas continuo. Percebo que Ele - ele também passou-passa
por
isso. Com essa percepção, inenarráveis forças estão
comigo. Nada, absolutamente nada, pode impedir minha vontade, minha escolha. Mesmo
a dor que sinto no lado direito de meu corpo. É o mesmo ponto que na cruz,
Lhe transpassaram com a lanças e Tu - tu suportas, suporto eu - Eu também.
Sim, mil vezes sim, eu o faço.
Agora, dúvidas me ocorrem. São seres ainda atrelados ao domínio
outra vez. Caio. Estou com a face no chão. É um chão árido
parecendo desprovido de vida-Vida. Penosamente levanto... continuo ainda trôpego.
Agora sei que cairei mais vezes. Percebo sombras. Quem são? Uma se aproxima
e diz:
- Permita-nos que caminhemos contigo, pois tu - Tu sabes o caminho. Digo que sim,
e uma grande força me faz dizer: Venham, eu Sou-sou o caminho e a vida-Vida.
Caminhamos. Dúvidas outra vez... caio novamente. Dói-me o lado direito
do corpo, mas agora já há quem me ajuda a levantar.
Peço licença para ficar só. Afasto-me, sentando no chão
árido.
O que estou fazendo aqui? Sei agora que estou dormindo, sonhando sei que estou
no mundo de sonhos. Sonhos de meu sonho. Sonho de outros sonhos.
Meu Deus! O sonho tornou-se realidade! A ilusão do sonho tornou-se realidade!
O planeta azul está existindo! Eu e os seres que me acompanham também!
Porque estou caminhando, indo para encontrar esse Amigo, que me traz doces e queridas
lembranças?
Lembro-me do que me dizem aqui no planeta azul. Vejo como é belo e perfeito
em sua realidade! A ilusão do sonho tornou-se realidade! De como era belo
antes, no início. O planeta do sonho! Vejo seres que ainda dormem profundamente,
sem qualquer piscadela, destruindo o planeta azul. Como podem fazer isso? Numa
piscadela, sinto que algo tenta me impedir a caminhada. Entro em quietude para
dizer-lhes que minha vontade é soberana e faço-os sentir meu real
poder. Sinto-me como uma projeção de mim mesmo. Revolto-me sem deixar
de abençoá-los, pois que dormem profundamente. Cessa o impedimento
e minhas forças se renovam. Percebo de modo perfeito a ilusão na
realidade que foi criada. Sei que estou dormindo, mas quero acordar. Como me dói
ver os sonhos destroçados. Ver os sonhos mais lindos destroçados.
Não estou indo encontrar meu Amigo, pelos caminhos usados na magnitude
que O colocaram. Estou fazendo o caminho inverso, pois percebo a realidade, na
inversão de tudo que foi criado no sonho. Estou indo procurá-Lo
no mais duro dos caminhos. O caminho dos sonhos destroçados. O
caminho da tristeza e das lágrimas, de tantos sonhos agredidos e machucados
em sua pureza. Percebo que não são muitos. São poucos. São
os que me seguem em minha caminhada, que se iniciou solitária. Que amor
profundo tenho por eles!
Volto, faz muito frio, e de longe vejo-os trocando agasalhos e aquecendo-se entre
si. Sinto-me enternecido e aquecido, sinto gratidão, porque aquecendo-se,
aquecem a mim.
Elevo graças a meu Pai por existir. Graças elevo a meu pai e minha
mãe que neste mundo de sonhos e ilusões, me permitiram existir fisicamente.
Vejo-os em seus olhos. A força e a gratidão que exprimem são
a força e a gratidão de meus olhos. São os que trazem em
seus olhos a dor e as lágrimas dos mais puros sonhos do grande Sonho. São
os que rastejam em frangalhos. Não interessam, por não se deixar
interessar ao sistema cruel implantado pelos que profundamente dormem. Que lindos
anjos em sua dor! São poucos. São os que são encontrados
no caminho inverso, de tudo o que se diz e se faz nesta ilusão.
Meu peito se abre e desejo-lhes o sentimento e a promessa de que seus sonhos serão
realizados, e mais... muito... muito mais.
Digo-lhes que é o caminho que o Amigo caminhou. Não é o caminho
do domínio e dos doutores da lei.
Porque neste sonho, está ainda o Amigo em Sua, que se tornou nossa cruz?
O que continuam fazendo? Por quê?
Percebo mais seres que sustentam e animam corpos físicos da espécie
humana. São como o lixo do que foi usado, o que sobrou da perversidade...
perversidade? O que é isto? Percebo como algo usado na dualidade do sonho!
Percebo que não existe, mas é usado no sonho que se tornou materializado!
Sim um sonho criado que se materializou!
O sonho criado e materializado mostra-me nestes seres o que a realidade, a realidade
do sonho materializado, provocou em suas origens. Um profundo soluço de
compaixão me brota do peito, um soluço natural de mim mesmo, em
mais uma piscadela.
Caio outra vez. Foi muito forte o soluço, para minha realidade física.
Levanto-me com dificuldade. Mãos de inconteste sofrido amor me auxiliam.
São minhas as suas mãos e minhas mãos são as deles.
Neste momento somos. Sim, somos realidade do que somos originalmente, não
há separação... piscadela coletiva!
Está escuro, mas meu olhar está no firmamento, povoado de mundos
e moradas que brilham intensamente. Neste perfeito momento, uma enorme luz branco-azulada,
como uma estrela próxima, faísca por três vezes em perfeita
sincronia. Vejo com naturalidade. Mais uma piscadela! Percebo que isto já
foi escrito, mas foi deformado pelo domínio.
Como podem fazer isto contigo, Irmão meu? Tu que em Tua escolha tens, movido
por profundo Amor, a coragem de trazer o despertar do sonho, que era tão
belo no início e se materializou transformando-se num pesadelo?
Em Teu nome digo, perdoai-os Pai, porque dormem.
Afasto-me outra vez e choro convulsivamente e é neste choro que sinto a
grandiosidade de Teu Amor. Real, Amor Natural.
Volto. Vejo todos sentados, reunidos. Como São belos. Há crianças,
moços, velhos. Há ricos, vejo pelos trajes. Há pobres. Há
negros, alguns amarelos. Alguns têm a fisionomia e a cor dos povos do oriente.
Neste momento, a percepção perfeita, mais uma piscadela de Mim mesmo.
Vejo-os todos incrivelmente belos. Nenhum é mais bonito ou mais feio, mais
rico ou mais pobre. Um enorme respeito por todos me invade.
Uma pequenina me pergunta: Poderei ver Jesus? Digo-lhe sim, preciosidade de mim
mesmo. Tu o verás! Aquele anjo já estava vendo, e em seu sonho de
criança, ainda não sabia.
Cerro os olhos, pois que tenho a percepção de que os que estavam
em um pequeno grupo, já haviam "morrido" no sonho do grande sonho!
Estava vendo os que não estavam mais materializados neste mundo do sonho,
e eu os conhecia! Alguns são meus empregados, no trabalho que montei! Sim,
convivem comigo faz alguns anos!
Vejo a minha, do que é chamado vida. Há uma grande pilha de papel
A4 em sentido vertical, cada folha escrita dos dois lados. Há folhas completas,
há folhas com poucos parágrafos. Qual delas estou sendo, agora e
aqui? Ou em quantas folhas estou agindo ao mesmo tempo? Sinto-me como folha primeva
e percebo que os que me acompanham são a chamada escória do sonho
do grande sonho.
Sou todos, e em minha escolha estou atrás do último, pois foi ali
que ele me encontrou.
Então percebo flutuando bem acima os iludidos e criadores de ilusões.
Ouviram o galo cantar, mas não sabem onde. Competem entre si por dinheiro
ou simplesmente por vaidade inútil de novos doutores da lei. Sim, daqui
de baixo, atrás do último, vejo a todos, vejo o âmago de cada
um, de cada uma.
Mais à frente do grupo, alguém volta e ouço dizer:
Mestre! Guie-nos, pois que nos entregamos a ti.
Enchem-se d'água os meus olhos. Pela primeira vez chamam-me mestre. Voltam-se
todos a mim, e lhes falo:
Benditos sois vós que me encontraram onde estou.
Não me encontraram na suntuosidade dos templos que ruirão.
Nos templos é que não estou e lá fui colocado para o domínio
pelo medo.
Não estou nos falsos templos interiores, jamais me encontrarão ali.
Benditos sois vós, que me encontraram no infortúnio de vossa dor.
Não nos linimentos da falsidade.
Na comodidade e falso conforto dos linimentos.
Benditos sois vós que descobriram o sopé da montanha.
Pois só assim posso guiá-los para o alto.
Vinde amados meus, segui-me.
Tendes fome e sede. Comei do pão e da água que vos ofereço.
Vede, também tenho a honra de andar com os pés descalços,
Como vós andais.
Tenho sono. Deito-me no chão e adormeço. Tenho um sonho... é
um pesadelo, pesadelo do grande sonho. Faces desconhecidas, junto a faces conhecidas.
Procuram agredir-me de todas as maneiras. Ferem-me de todos os modos, em atos
e palavras. Não relembro o Amigo neste momento. Há sentimentos de
seres a quem sempre dediquei - no peito aberto que sempre fui - a mais límpida
amizade. Sim, dediquei o que sou - que nunca - mesmo no sonho do grande sonho,
deixei de ser. Sim, há seres de minha própria família, mostrando-me
o que na realidade são.
Meu Deus! Como é possível tamanha hipocrisia?
Desperto num sobressalto. Amanhece. Afasto-me e caminho vagarosamente. Dói-me
o peito. Dói meu peito aberto. Sim, foi ali onde mais me agrediram.
Agora relembro o Amigo, nas frases que não foram escritas por Suas mãos
e distorcidas por outras mãos. Ele me relembra uma, que a mim mesmo e a
Ele por vezes indagava:
Não deitai as coisas santas aos cães, nem vossas pérolas
aos porcos, porque pisando-as com os pés se voltarão e vos despedaçarão.
Agora sei, pois que em mim mesmo, sinto o real significado.
Acorda, acorda... é só pesadelo do grande sonho que se materializou,
criou vida. Sua Realidade ainda se encontra em estado de sonolência, querendo
acordar, no sonho do grande sonho, que você mesmo, em sua escolha, tornou
realidade. Realidade do que não existe.
Que perfeição! Como tudo que Existe é perfeito, a Ilusão
também é!
Mais almas aproximam-se de nós. Ouviram o murmúrio silencioso,
murmúrio que vem de baixo. Murmúrio que vem de dentro sendo que
perceberam a falsidade dos linimentos exteriores.
Amadas piscadelas de Si próprias, sede bem-vindas a nosso cortejo sem pompas,
sem realeza e sem santidade ilusória.
Fostes vós mesmas, que acionaram vosso despertador, em vossa vontade de
romper com tudo que aqui está. Com tudo que não existe. Foi vossa
coragem de romper com tudo, que acionou vosso despertador.
Sim, são almas que já tiraram o Amigo da cruz ilusória. Sabem
que é aqui em baixo, não nas altíssimas dimensões,
que anseiam vê-Lo, pois que agora sabem que tudo acontece ao mesmo tempo.
Sabem que o tempo irreal do sonho do grande sonho, não existe.
Mas não vêem o que vejo. A doçura do olhar do Amigo já
está em seus olhos.
A meu Pai rendo a gratidão Eterna por Existir.
Continuamos no caminho de Nazaré. Por duas vezes, cada um por três
vezes, faiscou a grande estrela. Guia-me a grande nave. Trinta e três é
o que me guia no caminho.
Não há mais conversa falada entre nós. Conversamos por sentimento.
No sentimento de todos sinto um só: O anseio e o desejo de estar com o
Amigo, em Sua Realidade, no momento em que tudo acontece ao mesmo tempo. Sinto
a alegria que toca a todos, pois sabem o que vai acontecer.
Agora é o Amigo que me toca onde Sou.
Marejam meus olhos. Em sentimento "digo":
Guia-me Yeshua, guia-me à tua casa!
Estamos próximos do amanhecer. Há em mim um sentimento que no sonho
do grande sonho chamam de urgência.
Afasto-me. Sigo em direção ao que parece um oásis. Há
relva e flores. Sento-me numa confortável cadeira. Sinto-me "diferente".
Sei que verei algo, cerro meus olhos.
Vejo delineada uma grande tela. Está escuro. Clareia ligeiramente na linha
do horizonte. Ao alto e a esquerda, aparece luminosa uma ampulheta. A areia cai
rapidamente. Em primeiro plano, percebo com nitidez o contorno dos altos prédios
de uma cidade, na claridade tênue do amanhecer. No alto à direita
forma-se da moldura da tela para baixo, como que cortada ao meio pela moldura
da tela, a parte inferior de uma nuvem escura. Agora forma-se no interior de toda
a nuvem, assim como chuva, mas em forma de pequeninos riscos azuis. Estão
estáticos e estão em perfeita simetria. Agora forma-se no firmamento,
tomando grande parte da tela, uma moldura delineada por retas e curvas. No meio
está um desenho que percebo como um mapa-múndi. Não está
delineado, parece-me em constante mutação. Agora vejo como vê
um astronauta, o planeta azul, perfeitamente delineado. Vejo nuvens em alguns
pontos. Só o mar. Agora do alto, muito aquém da formação
de nuvens, e ainda aquém do ponto onde estou, descem raios ramificados.
São raios azuis.
Por que não vi o mapa-múndi perfeitamente delineado como tudo?
Sim, sim, sim, agora percebo que vi o que ainda não está feito na
realidade do sonho do grande sonho.
Aguarda!!
Volto a meus amigos. Percebo-os todos juntos à minha espera. Seus olhos
olham-me fixamente.
Agora, além de meus sentimentos, minha voz soa alto. Relato-lhes o que
vi e digo:
Amados meus, Vós que viestes onde me encontro. Vós que descobristes
o caminho inverso de tudo que se tornou realidade no sonho do grande sonho. Vós
que principiais o despertar em vossa Origem que dorme, vós que preferis
tapetes de flores no lugar de tapetes de bombas:
Está em vossas mãos, que agora sabeis que são as mãos
de Deus, a formação de novo mapa-múndi da pérola azul.
A expansão do Universo, que como agora sabeis como a respiração
de Deus, está em pleno andamento e pleno de escolhas, para que depois tudo
fique como está.
Oh, Amados meus, que me encontrastes no chão árido para o sopé
da montanha, que me encontrastes atrás do último, nunca entre os
primeiros dos grandes templos, ouvi-me porque vos falo em nome de Deus.
A Realidade deste sonho está em vossas mãos que são as mãos
de Deus.
Deixo nas mãos de Deus as vossas escolhas.
Observo-os de longe. Magníficas irradiações de luz em forma
de amor saem de seus corações. São os últimos tornando-se
primeiros.
Mais uma vez reverencio a meu Pai por existir.
Agora o nosso passo é mais apressado, com o sentimento de que o tempo
linear do sonho urge.
Voltam os seres em formas vivas dos pensamentos dos reis da terra.
Nosso sentimento é uníssono:
Pai! Perdoai-os porque dormem...
Desaparecem. Finalmente! Finalmente!
De longe já vemos Nazaré! Já não mais caminhamos...
corremos!
Com intensa alegria deixo que passem por mim e então corro atrás
do último.
Como é simples e modesta a casinha de Yeshua!
Ele já aguarda e corre ao encontro de todos!
Nos sentimentos que partilhamos, nosso olhar se cruza por um instante. Lá
por detrás do último, transmito-lhe nas lágrimas que descem
de nossos olhos:
Trago-os às Tuas mãos.
Deixo-os. Assento-me ao pé de uma oliveira, e choro copiosamente.
Uma suave mão toca-me o ombro. Olho e num salto coloco-me de pé.
Maria! Maria! Amada Irmã minha!
Abraça-me no mais doce e terno dos abraços. Ela também chora.
Choro de Mãe.
Oferece-me uma caneca com água cristalina. Sorvo em gratidão, pois
que sinto naquele momento o real significado da água.
Com ternura intensa me fita. Sabe que estamos ali para tirar seu Filho da cruz,
pois que insistem em deixá-lo, aproveitando-se disto.
Inclino-me e num leve toque de meus lábios beijo-lhe as mãos.
Agradeço pela água e digo:
Volto, Irmã minha, Amada Maria. Volto para trás do último,
que é onde me encontrarão.
Que brevemente possa teu irmão guiar outra caravana, pois como sabeis,
há pouco tempo, pouco, mas há.