A Sabedoria Ancestral nas Cartas do Tarô
por Elisabeth Cavalcante em OráculosAtualizado em 03/08/2020 16:08:35
O baralho do Tarô, cuja origem exata ainda é controversa, continua século após século, a surpreender-nos por seu fantástico poder de traduzir em imagens o mistério do inconsciente humano.
Uma viagem às cartas do tarô é, antes de tudo, uma viagem às profundezas do ser humano, e revela um aspecto do nosso mais profundo e elevado eu. As imagens ali retratadas constituem uma possibilidade efetiva de acesso à sabedoria ancestral da humanidade, extremamente necessária nos dias que vivemos, permitindo-nos encontrar respostas às perguntas universais com as quais todos nos confrontamos.
O tarô constitui uma poderosa ferramenta que temos à nossa disposição para "iluminar" os porões escuros de nosso ser, permitindo-nos enxergar aquilo que durante muito tempo permaneceu oculto.
Carl Gustav Jung, considerado o pai da psicologia analítica, foi o primeiro a estabelecer o paradoxo de que o inconsciente e o consciente existem num estado profundo de interdependência recíproca e o bem-estar de um é impossível sem o bem-estar do outro. Por isso, quando a conexão entre eles é danificada ou diminuída o resultado é a doença emocional.
Jung provou empiricamente que a consciência não é apenas um processo racional e que o homem moderno está doente e destituído de significação porque, por séculos, desde a Renascença, perseguiu cada vez mais um desenvolvimento baseado no pressuposto de que a consciência e os poderes da razão são a mesma coisa.
Jung apresentou provas extraídas de seu trabalho com os chamados "loucos" e as centenas de pessoas "neuróticas" que lhe pediam uma resposta para seus problemas, de que a maior parte das formas de insanidade e desorientação mental era causada por um estreitamento da consciência e de que, quanto mais estreita e racionalmente focalizada fosse a consciência do homem, tanto maior seria o perigo dele ser dominado pelas forças universais do inconsciente coletivo, que ao se rebelar, destroem a consciência, trazendo a loucura e o caos.
Por esse motivo Jung dava grande valor a todos os caminhos não-racionais através dos quais o homem tentara, no passado, explorar o mistério da vida e estimular o seu conhecimento consciente do universo que se expandia à sua volta em novas áreas de ser e conhecer.
Jung reconheceu prontamente no Tarô que este tinha sua origem e antecipação em padrões profundos do inconsciente coletivo. Para ele, o tarô é outra ponte não-racional sobre o aparente divisor de águas entre o inconsciente e a consciência, que nos permite manter permanentemente ativado o fluxo de movimento entre a escuridão e a luz.
As imagens das cartas do tarô representam as forças instintuais que operam de modo autônomo nas profundezas da psique humana e que Jung denominou arquétipos. Estes arquétipos funcionam na psique do homem de modo muito parecido com que os instintos funcionam no seu corpo.
Não podemos ver essas forças arquetípicas, mas podemos trazê-las à consciência com o auxílio das cartas do tarô onde se encontram representadas de forma perfeita. Quanto mais familiaridade adquirirmos com essas imagens, melhor poderemos compreender como esses símbolos atuam em nós.
Cada um de nós pode descobrir o próprio caminho para penetrar na riqueza do simbolismo dessas cartas e, através desse exercício, estaremos aprendendo a conhecer-nos de forma cada vez mais profunda, e ao mesmo tempo ativar nosso potencial intuitivo.