Perfil do Número 9: O Observador
por Sonia Weil em OráculosAtualizado em 25/06/2004 11:42:42
Quando ele chega em casa e deixa o mundo lá fora, pode finalmente abrir as portas da sua imaginação e entrar em contato com aquilo que ele considera mais precioso: o seu mundo interior, tão cuidadosamente preservado.
Agora que está sozinho, ele entra dentro de si mesmo, e viaja em seu pensamento. Faz uma retrospectiva dos fatos e estabelece conexões entre os eventos antigos e atuais. Busca uma visão de perspectiva de sua vida. Seu processo de reavaliação é lento, mas ele extrai disso as lições a serem aprendidas.
É um grande observador, não só de si mesmo, mas dos outros e dos acontecimentos. Tem a capacidade de “olhar de fora”, e assim, vê "o todo" das situações. Ele busca a essência das coisas e o conhecimento da vida. É isso que o torna um bom conselheiro, a quem todos apelam, como se fosse um irmão mais velho.
Guarda muitas lembranças dentro de si, o que pode deixá-lo muito ligado ao passado; é importante, assim, que ele faça essas reflexões para “depurar” as suas idéias, e depois jogue fora o que não serve mais, se desligando internamente e encerrando situações que ele às vezes “empurra com a barriga” durante muito tempo.
Tem um forte senso de responsabilidade em relação ao mundo, o que lhe traz a necessidade de ajudar as pessoas sempre que possível - não apenas os amigos e conhecidos, mas todas as pessoas - pois sente que essa é a sua tarefa como ser humano. Muitas vezes se envolve em projetos sociais e humanitários ou busca alternativas para melhorar as condições de vida dos que estão próximos.
O seu senso de dever se estende também ao campo profissional, e ele estará sempre disposto a adiar ou deixar de lado os seus projetos pessoais, levando papéis para casa, trabalhando até mais tarde ou mesmo nos finais de semanas. Um dos desafios do Perfil Número 9 é aprender a relaxar e buscar o lado mais leve e alegre da vida.
Apesar de sua visão humanitária e disponibilidade para trabalhar pelos outros, ele delimita fortemente o seu espaço pessoal e preserva a sua privacidade. Não gosta muito de contato físico (se você for abraçá-lo, pode muitas vezes se defrontar com uma barreira invisível que faz “tttoooiiinnng” quando você chega perto), a não ser com pessoas muito próximas. Cuidado para não visitá-lo de surpresa, sem avisar; você corre o risco de encontrá-lo “fechado em seu mundinho”, sem muita disposição para contatos sociais, o que lhe fará sentir que está sendo inconveniente.
Quando não consegue ter um tempo para si, em que possa isolar-se num lugar para “pensar na sua vida”, o 9 o faz psicologicamente: mesmo em meio a uma conversa ou a uma festa, ele de repente se “fecha em sua concha”, e “voa para longe”. Quem está ao lado muitas vezes reclama que ele “não está mais aqui”, embora o esteja fisicamente. Mas estes momentos de reclusão não implicam em falta de amor ou indiferença em relação ao outro; eles são necessários, para que ele recarregue as baterias, e depois se abra novamente ao mundo.
Essa sua ligação com o passado pode fazê-lo um colecionador de objetos que contam a sua história - como o bilhetinho com poema que ganhou da primeira namorada na adolescência, a roupa de escoteiro da infância, o ingresso da peça maravilhosa que assistiu no teatro, a caixinha de fósforo que pegou no hotel durante a viagem, além, é claro, da camisa que ele adorava e que agora não cabe mais, mas que ele conserva para usar quando emagrecer de novo 20 quilos. Tudo isso, e muito mais, ele guarda com cuidado em caixas dentro dos armários.
E quando a sua esposa, furiosa com essa sua mania de acumular coisas "sem utilidade", exige que ele “jogue fora esses cacarecos”, ele senta, pega cada objeto e revive os evento de sua vida ligado à ele, numa sessão “flash-back” de seu passado. Talvez até se desfaça de uma coisa ou outra que já está danificada ou ligada a alguém de quem não se lembra mais, mas depois guarda novamente todas as outras, quem sabe agora melhor organizadas e em caixas maiores. Desta vez, em cima do armário.
Ele pode também ser um colecionador de objetos antigos, como quadros, moveis, carros, livros ou simplesmente as louças da vovó que morreu.
É geralmente conservador, e costuma agir com cautela, a partir de referências que já conhece. Quando precisa inovar ou tomar alguma decisão importante, analisa a questão de todos os ângulos, procurando verificar todas as variáveis possíveis, e só depois, aponta a direção escolhida.
É sério, discreto e respeitável; geralmente contém os sentimentos, nem sempre conseguindo demonstrar o seu afeto pelas pessoas. O que pode fazê-las pensar que ele é um tanto frio ou distante, quando na verdade ele apenas “sente para dentro”.
No entanto, alguns tipos de 9 (como o 18) podem apresentar um lado bastante sociável e expansivo, e muitas vezes até boêmio; somente aqueles mais próximos vão perceber que, por trás dessa aparente disponibilidade, está um outro lado, reservado e muito ciente da sua privacidade.
Ele vai geralmente se direcionar a profissões ligadas ao conhecimento do passado, como professor de História, especialista em Arte, antiquário, arqueólogo, museólogo ou restaurador. Ou à análise e observação do outro, como psicólogo, antropólogo ou fotógrafo; à ficção, como romancista ou cineasta.
A essência do Perfil Número 9 foi descrita por Maria Rita Kehl, quando divulgava o seu livro “Peixe de Bicicleta” em artigo na Folha de São Paulo, em maio de 2002:
"Eu sou uma romancista de minha própria vida. Estou sempre costurando minha história, explicando minha vida, tentando dar sentido às coisas, amarrando o futuro no passado, o começo ao fim. Não paro de escrever mentalmente a narrativa do qual sou o personagem principal".