Exercícios para a transcendência
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:11
Como um exercício de transcendência, entre em contato e observe os seus sentimentos quando fica exposto ao impacto emocional que determinados eventos provocam em você. Na sequência, em seu silêncio interior, deixe fluir a emoção que está logo abaixo do primeiro sentimento ativado. Por exemplo: Se alguém agride uma pessoa, o primeiro sentimento que pode vir é o de raiva. Isso é uma reação emocional, mas se formos mais fundo nesse sentimento é provável que encontremos emoções mais do início da vida, como rejeição, abandono, solidão e outros.
Existem métodos de ajuda para que possamos entrar em contato com essas emoções mais profundas facilitando a sua liberação. Basicamente, a verdade universal sobre um tipo de acesso maior a si mesmo e que gera a transcendência é bastante simples, basta tomar consciência do sentimento que temos em relação a algo perturbador e num ambiente tranquilo, sem sermos interrompidos, promover espaço interior para receber e sentir a emoção em toda a intensidade.
E no momento em que adquirimos consciência maior sobre a emoção, acontece algo fortíssimo por todo o nosso ser e através dele que é a libertação do fluxo da energia reprimida. Na sequência e simultaneamente, ocorre a consciência mental e física a respeito da emoção liberada. A força da expansão da energia, somada à compreensão sobre toda a situação envolvida, é tão grande que tanto nossos cenários internos, como os externos costumam mudar a partir disso. Os resultados, além das mudanças dos cenários de vida, também transitam pelas áreas da saúde, do bem-estar e da alegria.
Após o choro provocado pela tristeza sentida, ao entrar em contato com as emoções de difícil acesso, a nossa natureza primordial volta à tona na energia do amor e da alegria. Isso nos pertence e vem antes de tudo; somos assim.
Vivemos num teatro reativo onde, na maioria das vezes, sequer conhecemos os bastidores que guardam as nossas mais profundas e reais emoções.
A partir dessa dificuldade inicial de entrar em contato com as emoções difíceis de início de vida, acabamos por criar cenários e mais cenários como variações dos temas iniciais que nos causaram dor. Sempre na tentativa de se ter um acesso ao nosso drama maior, porque é só quando o acessamos que podemos transcendê-lo. É a lei.
Vivemos então reproduzindo temas e mais temas de vida, exatamente como acontece num trauma quando as cenas do ocorrido ficam repassando em nossas mentes por diversos modos até se esvaírem por completo. O mesmo ocorre quando pela noite temos os nossos sonhos, que muitas vezes são repetitivos e que também estão a serviço da mesma tentativa simbólica de reprocessar nossas cenas emocionais de difícil acesso.
"Quando nos permitimos encarar nossas emoções difíceis, contamos para nós mesmos que podemos nos acolher e nos cuidarmos promovendo nossa cura emocional. Mandamos informação para a nossa estrutura de que não somos tão frágeis ou falsos fortes e que podemos lidar com situações antes impossíveis, inclusive, de se pensar".
Ao deixarmos as emoções mais primitivas aflorarem e se intensificarem em ambiente seguro, como numa sala terapêutica, por exemplo, podemos no pacote pensar e compreender sobre os nossos processos, bem como o das pessoas envolvidas nessas situações. Como resultado, tudo o que imantava antes no nosso ser nos fazendo sofrer, perde a conexão, nos libertando das prisões hipnóticas baseadas em sofrimentos não vistos e negados por nós mesmos por conta das sensações avassaladoras que tínhamos na época do ocorrido.
Ao acessarmos as nossas emoções mais profundas, libertamo-nos de carregar obscuros e inquietantes sentimentos de solidão, desamparo, tristeza e outros.
Se você quer mudar um padrão que se repete constantemente em sua vida e se já tentou fazer terapia para superar o problema, mas não conseguiu, significa que você pode ter apenas adquirido a consciência mental do seu problema, mas não a emocional. Pode ser até que você fale racionalmente da emoção envolvida em seu assunto mal resolvido, mas isso pode significar que você ainda não sentiu essa emoção tão profundamente a ponto de esgotá-la e de entender os seus significados, a ponto de transcendê-la no sentido mais sagrado que pode existir.
Você pode se exercitar sozinho ou com a ajuda profissional. Em minha clínica, tenho grata satisfação de poder facilitar inúmeros processos de transcendência que mudam a vida das pessoas.