Fazedores de loucos
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 24/01/2008 17:14:10
Os controladores/dominadores e a sua força; como lidar com eles.
É muito difícil de se entender porque as personalidades dominadoras e controladoras habilmente e quando menos se espera exercem um poder cego sobre determinadas pessoas, muitas vezes minando por completo qualquer possibilidade de manifestação pessoal. Porém, em determinado momento, como se fosse observado pelo filtro de um sonho e em lapsos de consciência, os presos neste tipo de realidade, ainda que sonambúlicos e assustados, retomam em flashes aspectos mais lúcidos de si mesmos, percebendo que estão apenas e somente existindo como robôs comandados.
- Escrevo aqui a pedido de algumas pessoas que se vêem nesta situação e já conscientes ainda manifestam dificuldade para lidar com estes tipos de personalidade.
Certa vez alguém me disse a seguinte frase: - “O pensamento do mais forte se sobrepõe ao do mais fraco”. Podemos ver este aspecto em várias áreas da vida, quer seja nos relacionamentos de casais, de pais com filhos, filhos com pais, irmão com irmão, amigo com amigo, sem falar ainda dos ambientes escolares e de trabalho.
Nos dias atuais, incontável número de pessoas deseja ter alguém que lhes diga como viver, que direcionamento tomar, quais escolhas são as melhores e mesmo o que comer.
Penso que este não é o caso de você que se interessou por este artigo.
Não poucas vezes o poder do outro é tão intenso que se acaba por desistir do comando da própria vida. Um torpor sobre si mesmo se instala e efetivamente o existir deixa de ser pessoal e o individuo acaba tornando-se a extensão dos desejos e metas do controlador/dominador.
Mas o que rege a postura da presa dominada? Seria o medo do não amor? Uma possível rejeição? Ou mesmo o medo de não existir, de não se reconhecer fora deste contexto?
Deve-se ter um cuidado especial para não sucumbir neste tipo de armadilha.
A saber, personalidades controladoras freqüentemente usam este tipo de ferramenta para com o outro por estarem cegamente presas a dogmas. São consciências com mente militar e que de longe não sabem lidar com a criatividade, fazendo uso deste tipo de poder para impedir o outro de ser criativo. Aqui neste tipo viciado de comando, existe uma dificuldade e um medo atroz em relação à morte, mas é aqui que paradoxalmente não há vida. Porque para que a existência se valide, é necessário que o novo sempre se instale e que o mesmo - na seqüência - seja reconhecido e ampliado para um outro tipo de forma ainda desconhecida. Isto é criatividade. Isto é vida pulsando.
- O que fazer para sair deste padrão?
Quando você receber uma ordem, ou mesmo um olhar de controle, a tática é a da desestabilização deste suposto poder. Quebre a linha de comando perguntando: “O quê?”, como se não estivesse entendendo a lógica do comando/controle. Tenha coragem para refletir internamente e leve a sério o que de fato faz sentido para você. Diga que não concorda se for este o caso. Fale sobre o caminho diferente a trilhar, bem como sobre a possível diferença que pode causar. Abra espaço para o “não sei”, sem medo. Crie coragem e responsabilize-se por você mesmo. Pelo que sente, bem como pelas suas idéias criativas. Aprenda a silenciar no intuito de ouvir os seus sentidos interiores. Ouse ser o seu melhor amigo. Ame-se.
Atente para o não debate. Lembre-se da comunicação não violenta. Note que se você tentar impor seu ponto de vista estará entrando em uma arena que não é sua. Apenas o exponha e em hipótese alguma retruque a controvérsia normalmente inquestionável.
Depois deste tipo de exercício e de certamente descobrir que você pode sobreviver, observe que não existe erro algum em qualquer atitude independente que possa tomar desde que você continue se observando e conscientemente deseje rumar para o seu melhor.
Lembre-se que se divorciar de qualquer padrão conhecido, por pior que este possa ser, sempre será um ato de coragem. Apesar de você levar consigo toda a sua identidade anterior, certamente uma grande transformação interior se instalará em você e pode ser que em alguns momentos você nem se reconheça ou nem acredite que foi o que foi. Mas esse tipo de aventura da consciência é só para quem ousa de modo consciente e aposta em si mesmo. É só para quem de verdade e deliberadamente se dá a chance de ser diferente e não espera que a vida o atravesse. Uma coisa é certa, esta é uma decisão que por si só atravessa a própria vida e abre um espaço único de transformação pessoal. Abre espaço para o novo de si mesmo fortalecendo tanto o eu como o self de modo impensável. Mas isso serve apenas para quem ousa. E você, tem a coragem?
- Eu aposto que sim. Aposto em você.