Libertando-se das relações que funcionam como ervas daninhas
por Silvia Malamud em PsicologiaAtualizado em 08/04/2020 11:35:18
Empatia, compaixão e sintonia, são palavras que não constam no dicionário afetivo dos abusadores emocionais. O contato olhos nos olhos, "eu o percebo, você me percebe", dificilmente acontece, ou mesmo inexiste por completo nessas relações.
Não há ligação emocional e as relações crescem num clima condicional, sob um pano de fundo de crítica, onde os parceiros ou familiares, com frequência, sentem que nunca serão suficientemente bons perante o julgamento sobre o que seria o ideal para contentar o outro.
Permanecem, portanto, subjugados e, como reféns, ficam com as vidas praticamente paralisadas à espera de algum gesto que ofereça um mínimo de significado de aprovação, uma migalha de afeto.
Se almeja ser feliz em meio a uma relação tóxica desta ordem, saia dessa frequência, mude o seu filme interno e nunca espere nada além do que você já sabe que este tipo de pessoa oferece, pois ela jamais irá mudar este modo abusivo de comportamento.
Busque ajuda para se desvencilhar, resgate a sua autoestima e autonomia pessoal, reinvente-se e faça terapia.
Em meu livro "Sequestradores de Almas", há uma passagem interessante que se encaixa aqui como uma possibilidade que tem se mostrado super eficiente para o autoconhecimento e solução deste tipo de tema, que é a terapia EMDR que costumo utilizar:
"Com este tipo de ajuda terapêutica, a inteligência de sobrevivência vai tecendo uma espécie de colcha de retalhos sobre todo o ocorrido, extravasando, ao mesmo tempo em que reescreve as emoções e pensamentos disfuncionais que ficaram nas situações traumáticas. Modifica a compreensão de memórias danosas, fortalecendo e resgatando recursos pessoais até que se chegue na cura emocional.
Cenas que vieram durante o reprocessamento:
"Ele sabia como me desestabilizar. Eu tinha uma urgência muito grande para resolver algo que ele dizia que não era bom no momento, o que ativava meu grande mal-estar. A partir daí, a conversa não fluía mais e eu falava sempre sozinha; eu chorava muito e ele nunca falava nada. Se eu quisesse ir embora dava na mesma. Não fazia questão de sequer me acalmar. Quanto mais ele me deixasse desestabilizada, mais ele gostava. O único jeito era ficar ao lado dele...
Quando eu queria ir embora, ele vinha tão bonzinho, carinhoso e eu ficava confusa achando que eu poderia ter sido muito severa.
Frequentemente, ele falava e me acusava de coisas que eu não havia feito. No começo me despertou coisas tão boas e depois virou do avesso.
Sua presença, preocupação... marcava as minhas consultas para eu ir ao médico. Eu me sentia cuidada, quando me dava remédios, mesmo quando ele era tão ruim comigo. Lembranças de momentos difíceis com ele, sensação de impotência e de desespero, desconforto no peito eram constantes".
Após essas rememorações, a paciente pôde, na sequência, iluminar aspectos saudáveis seus que estavam esquecidos, lembrou-se de como sempre fora decidida e de como antes dessa relação, sempre tomou atitudes independentes a favor de si. Percebeu o ponto de sua virada emocional e ainda fez os "links" com situações suas da infância que por vezes a colocavam em condições de carência afetiva e conseguiu reorganizar toda a sua holo-história saindo da relação tóxica totalmente resgatada em sua estima anterior, porém mais amadurecida.
Somos livres para buscar alternativas e às vezes necessitamos de outros pontos de vista.
Que o prazer de existir esteja presente em todos os nossos voos. E que jamais esqueçamos que a renovação em nome da vida sempre pode e deve existir.
Afinal, todos nós estamos aqui para acordar.
O verdadeiro encontro com nós mesmos apenas ocorre quando nos conquistamos através do autoconhecimento e de ações concretas que nos levam ao aumento de Consciência e ao nosso verdadeiro destino que é o Despertar. Para tanto, as conquistas envolvem centramento, responsabilidade sobre a vida que estamos levando e o prazer de existir em nosso melhor. Lembrando que jamais dará certo uma vida que não caminha a favor de si.
Quantos mais despertos melhor!