Mulheres muito exigentes na escolha do parceiro
por Flávio Gikovate em PsicologiaAtualizado em 05/08/2005 12:47:34
Eis aí um tema que tem de ser abordado com muito cuidado, pois há condições em que uma mulher está, de fato, sendo muito exigente na escolha de um namorado – e, eventualmente, um futuro marido. Acontece que tal exigência pode ser muito justificada, ou estar totalmente em desacordo com a realidade, condição que deixará a mulher frustrada em suas expectativas. E ainda tem mais: talvez seja justo exigir muito de um parceiro, mas isto pode também implicar apenas no desejo de levar vantagem, envolvendo uma mentalidade um tanto oportunista.
Vamos caminhando devagar. Quando uma moça inteligente, esforçada, independente e atraente busca, para si, um rapaz que esteja à sua altura, que também seja portador de peculiaridades similares à sua, não estará, em hipótese alguma, pretendendo demais. Poderá ter dificuldade em encontrar um par adequado - até porque são poucos os homens assim prendados - e não são raras as situações em que alguns familiares dizem a ela, especialmente quando costuma recusar pretendentes que julga inferiores, que agindo dessa maneira acabará ficando sozinha, que é melhor não ser tão exigente e aceitar a corte de um tal moço “que é bom e que gosta dela, mesmo não tendo tantas qualidades”. O que está acontecendo aqui é alguma aflição, presente em muitos pais e avós até hoje, de que a moça, já estando com certa idade - em geral algo como 25 ou 30 anos - ainda não tenha se casado.
Nas condições descritas acima, acredito que a moça faz muito bem em não aceitar menos do que ela acha que merece, em não abaixar suas expectativas - pois não se trata de uma “liquidação”, na qual a “mercadoria” terá de “desencalhar” a qualquer custo. Acontece, porém, que muitas moças acham que merecem muito mais do que, de fato, merecem. E aí ficamos sempre numa situação muito difícil para julgar, pois trata-se de uma avaliação subjetiva.
Quando é essa a situação, é claro que são os pais que têm razão, e a moça deveria se tornar menos pretensiosa e aceitar alguém à sua altura. Como julgar em cada caso concreto? É muito difícil ser categórico, mas acredito, como regra geral, que devemos tentar nos atribuir valores que podemos medir. Por exemplo, uma moça que se acha muito inteligente e disciplinada, mas que não faz nada o dia inteiro deveria se reconhecer mais claramente como preguiçosa; em caso de dúvida, devemos deixar a decisão para os fatos.
Até aqui, estamos nos referindo a mulheres que têm de si um determinado juízo e esperam poder encontrar alguém à altura - sendo que umas dão a si mesmas uma nota alta que efetivamente lhes cabe, enquanto outras são um tanto benevolentes consigo mesmas. Existe, porém, um bom número de mulheres que sabem perfeitamente que não valem muito e, mesmo assim, tentam encontrar um homem que, segundo elas, seja muito especial, de bom caráter, bem posto social e financeiramente, amoroso e gentil.
Uso muitas vezes a palavra “valor” por uma razão muito simples: acredito que temos o direito de querer receber o que julgamos estar em condições de oferecer. Ou seja, não tem cabimento continuarmos a pensar no amor como uma mágica incompreensível, como flechadas de Cupido que poderão favorecer algumas pessoas e prejudicar outras. Ainda que seja a aparência, a realidade não é bem assim; ainda existem homens que gostam de se ligar a mulheres consideradas inferiores a eles, mas tal tipo de insegurança masculina tende a desaparecer na atualidade.
Essas mulheres que sabem que não têm para dar o que pretendem receber são, de fato, as que agem de forma muito exigente, mas são plenamente conscientes de suas atitudes: tentam fazer de um eventual relacionamento afetivo um “bom negócio”. Elas serão cada vez menos numerosas, uma vez que os homens também têm evoluído, de modo que pretenderão ter parceiras à sua altura. O tempo é outro e, daqui para a frente, o que vai prevalecer mesmo é caráter e competência, e não apenas esperteza. Isso valerá para tudo, inclusive para os envolvimentos amorosos. Está terminando a época em que muitas pessoas usavam palavras românticas para encobrir claros interesses materiais e de ascensão social.