Reconheça os Mitos Gregos em sua vida atual
por Maria Aparecida Diniz Bressani em PsicologiaAtualizado em 17/03/2003 11:59:02
A Mitologia Grega - religião dos antigos gregos - conta, através de alegorias, a história do nascimento e do desenvolvimento da consciência do ser humano, bem como se desenvolveu nossa cultura ocidental e patriarcal.
Os Deuses Gregos são as “personificações” de qualidades humanas em suas energias puras. É energia primordial. As histórias de suas “vidas” retratam o desenvolvimento e a finalidade das qualidades humanas que cada um representa simbolicamente.
Estudar os mitos gregos é compreender a energia do Amor, da Agressividade, da Transformação, da Religiosidade e todas as outras qualidades que as deusas e os deuses gregos representam.
Nas histórias da Mitologia Grega, em seu simbolismo, podemos ter compreensão clara da dinâmica dos Arquétipos – segundo conceituação de Jung – e como os mesmos “funcionam” em cada indivíduo e, também, no coletivo. Como por exemplo:
ZEUS: Deus dos deuses. Casado com Hera. Deus dos raios e trovões. Governante da terceira e última geração dos Deuses Olímpicos. Representa o pai, a religiosidade, a verdade e a busca de sabedoria.
MARTE: Deus da Guerra. Representa a agressividade, a audácia e a energia vital.
DEMETER: Mãe de Perséfone. Representa a maternidade, a fecundidade feminina e a capacidade de nutrir.
AFRODITE: Deusa do Amor. Representa a beleza, a sensualidade e a busca da união a fim da procriação.
Jung chamou de Arquétipo a imagem primordial e típica, que percebemos representada em cada um dos deuses e deusas gregas. Segundo ele, os temos todos dentro de nós em estado puro, ou seja, arquetípico. Os deuses são atemporais, os Arquétipos também.
Quando um homem vive mais seu espírito guerreiro, colecionando conquistas – sejam profissionais ou pessoais – sempre em função de conquistar, nunca aprofundando suas relações, temos indícios de que este homem personifica em sua vida o deus Marte, o deus da guerra.
E aquela mulher, por exemplo, que está sempre preocupada com a estética, em estar sempre bonita e sempre seduzindo - quando relacionamento nenhum vai para frente, sendo às vezes a “culpa” do homem que “cai fora” - na maioria dos casos pode ser que esta mulher esteja vivendo a deusa Afrodite.
Coletivamente, vivemos um período onde é muito estimulado o desenvolvimento desses dois deuses – Marte e Afrodite – para homens e mulheres; e é por isto que está tão difícil estabilizar relacionamentos.
De qualquer forma, a “escolha” tendenciosa da reprodução de um único arquétipo – deusa ou deus – na vida, é sempre inconsciente. Proporciona uma existência parcial e limitada, tendo em vista todas as possibilidades de desenvolvimento do ser humano. Essas energias – sub ou superdesenvolvidas – levam à formação de Complexos, que atuarão sempre inconscientemente.
Complexos atuantes na sombra (energias subdesenvolvidas) são todos aqueles conteúdos reprimidos e não valorizados no decorrer da formação do Eu. Não são necessariamente conteúdos negativos ou ruins, mas, sim, desvalorizados ou não reconhecidos pelo senso de identidade em formação do indivíduo.
O próprio Eu é um Complexo – energia superdesenvolvida com a qual o ego se identifica.
Viver a vida é desenvolver qualidades que cada deus representa. O processo do viver é a possibilida de desenvolver todos os deuses que temos dentro de nós para que haja equilíbrio de todas as energias. Há desequilíbrio quando, por alguma razão, desenvolve-se mais um deus (ou deusa) em detrimento de outros e outras.
Ao “viver” um único deus desenvolvem-se suas qualidades amplamente e utilizam-se de alguns poucos recursos dos outros deuses ou deusas apenas como “suporte” para a manutenção daquele que reina em absoluto. As qualidades dessas deusas ou deuses desprezados ficam subdesenvolvidas, gerando carência de recursos no processo evolutivo do Eu.
A proposta de Jung, na sua psicologia analítica ou psicologia profunda, é que nos desenvolvamos ao máximo, em toda nossa potencialidade, ou seja, devemos desenvolver todas as qualidades oferecidas pelos deuses e deusas e que temos em nós a priori.