Geralmente o que nos vem à mente quando ouvimos ou lemos o termo Ecologia do Ser, imaginamos que se trata de algo relacionado apenas ao indivíduo, separado da sociedade. Porém, ela aborda não somente nossa pessoa, mas também o ambiente e o planeta como nossa casa. É quando nosso ser holístico encara o todo como uma unidade. Sabemos que o planeta e todos nós precisamos de cuidados e também uma maneira diferente de olhar os fenômenos. O planeta não sofrerá alterações significativas, nem de seus paradigmas tradicionais se o indivíduo não mudar. E para isto já existem as ferramentas apropriadas e são encontradas em muitos lugares no dia-a-dia.
A cada dia nos deparamos com uma demanda mundial crescente de terapias alternativas. É um inequívoco sinal da preocupação humana em transformar-se, em se tornar melhor, mais eficiente do ponto de vista da saúde e do espírito. Para o ser, a preocupação não apenas fica circunscrita ao físico, mas também aos níveis mental, emocional, social e espiritual. Ele se deu conta de que é preciso limpar seus campos interiores. Ser ecologista também com ele mesmo e principalmente com os alimentos que penetram estes níveis mencionados acima e a maneira que eles nos nutrem.
Conhecemos o mandamento destacado por Jesus que afirma que devemos amar o próximo como a nós mesmos. E logo vêem a pergunta: nós sabemos nos amar de fato? Como pode alguém dar amor se ingere lixo alimentar, emocional e mental? Que amor pode ser dado por uma cesta de lixo? Com certeza este amor pode ser e muito aprimorado se nos atentarmos ao que ingerimos em todos os planos. Podemos ser muito mais eficientes na ação e também trabalhar de fato o que é denominado inteligência espiritual.
Sabemos da importância da ingestão dos alimentos integrais, da dieta vegetariana e bem balanceada para nosso organismo e corpo físico. Temos consciência de que se o alimentarmos corretamente, teremos boa saúde e sobretudo um bom desempenho físico e longevidade. Mas, e os outros níveis ou corpos? Como se dá a alimentação deles?
O corpo ou nível mais sutil que o físico do ser é o energético. Ele pode ser nutrido através das caminhadas, dos exercícios físicos, do Yoga, da vida junto à natureza. Um nível mais acima encontramos o emocional. Até que ponto somos carentes ou abastecidos de afeto, amor, bondade? Neste nível muda-se o paradigma, pois você se alimenta de amor, dando amor, se alimenta de bondade e benevolência sendo eles e não pedindo que os outros te amem ou que sejam bonzinhos com você. Quem ama e é afetuoso com os familiares e com o próximo é abastecido emocionalmente. A carência social é notória. Faça algo emocionalmente para você já: aprenda a amar e ame-se.
A seguir, o campo mais sutil é o mental. Qual é o alimento mental que você ingere todos os dias? Você assiste a programas de tv sensacionalistas, gosta de notícias fortes, fica remoendo mentalmente pensamentos negativos, sensuais e destrutivos ou alimenta sua mente com conversas virtuosas, leituras espiritualistas e pensamentos pacíficos? Sua mente terá a característica do alimento mental a qual você nutre. Mude seus hábitos mentais e sua mente também mudará. A matéria prima que ela irá trabalhar será de boa qualidade.
E por fim o campo espiritual. Ele é nutrido pelas orações, meditações e o amor universal. Sacralize seus níveis e corpos. Torne sagrado cada alimento que penetra neles e não vilipendie o seu ser. Seja ecologista com você mesmo. Você aprenderá a não vilipendiar a natureza observando como ocorre dentro de você.
A consciência ecológica começa primeiramente com você mesmo e como você se trata, pois isto será o reflexo de suas ações com o próximo e com a comunidade. A sintonia fina de sua ação social será muito mais contundente e nossas ações serão o alimento de uma sociedade saudável.
Com isto aprimora-se a maestria nos cuidados consigo mesmo e com os outros e desenvolve a competência de fazer as coisas acontecerem de forma natural, serena e produtiva. Gandhi tinha uma frase, entre tantas que pronunciou, que sintetiza bem a questão: “Seja você mesmo a mudança que você quer para o mundo”.
Felippe Núncio Junior
Jornalista e Professor de Yoga [email protected]
Publicado em:
As opiniões expressas neste artigo são da responsabilidade do autor. O Site não se responsabiliza por quaisquer prestações de serviços de terceiros, conforme termo de uso STUM.