Dizer a verdade
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Autor Antony Valentim
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 22/09/2007 20:34:18
Outro dia alguém me perguntou: Será que devo dizer a verdade sempre?
Bom, existem dois tipos de verdade.
Uma delas é a verdade do progresso e da evolução, aquela à qual ninguém foge, pois ela não pode ser impedida de se mostrar. Quanto mais lúcida a civilização, mais claro se apresenta o conhecimento da verdade. Expande-se e, mesmo quando desgostada por quem ainda insiste em se prender a preconceitos e inutilidades, vence a aparente barreira e brilha com deslumbramento e magnificência.
A outra é a nossa verdade, aquela que cerceia nossas atitudes, nossas vontades, nossos atos, seja relacionada a nós próprios ou a nossos irmãos de humanidade em suas respectivas escolhas e aprendizados próprios.
Ambas as verdades se fundem em uma só: A verdade maior, aquela à qual muitos de nós ainda demoraremos a compreender e a aceitar.
Surgem então, certas convenções ou regras, de modo a sustentar e solidificar nosso estágio atual, para que posteriormente venhamos a alcançar culminâncias mais elevadas.
Mas há aqueles que tratam a verdade como algo impositivo, imediatista, do agora, do "se eu não disser me sentirei culpado", ou do "preciso falar pois é inaceitável o outro não saber".
Você já se deu conta de que a verdade, muitas vezes pode massacrar quem não esteja preparado para ouví-la?
Você por exemplo, sabe qual é a história do seu espírito nas muitas viagens que certamente já fez pelas encarnações afora? Conhecerá você os fatos de tantas existências pregressas? Saberá recordar-se das muitas coisas ruins e das inúmeras coisas boas já ocorridas na sua jornada pessoal? Certamente não. E por que não? Porque a "verdade" do que você já fez ou de quem você já foi pode não ser apropriada para você nesta existência, neste contexto pelo qual veio conquistar novos valores rumo à perfeição. Talvez, se você se recordasse de suas verdades pregressas, tais recordações poderiam ou revigorá-lo em demasia, produzindo em ti esforços excessivos alicerçados num outro contexto que não tem mais razão de ser, ou então, massacrá-lo(a) com muitas culpas de escolhas ruins do pretérito distante que hoje já não precisa ser revivido.
Deus, que é a perfeição, evita que conheçamos as verdades dos meandros de nossa existência pregressa através do esquecimento temporário a que praticamente todos nós estamos sujeitos, para que tais verdades não nos massacrem o bom ânimo se não estivermos preparados para elas.
Por que então, não seguir Seu exemplo de AMOR?
Algumas verdades não podem, nem devem ser reveladas naquele momento, naquele contexto. E isso se dá em função do grau de evolução de cada um.
Imaginemos como seria desastrosa a postura do Cristo se em sua passagem pela Terra revelasse àqueles nossos corações endurecidos que o mundo físico nada mais é do que uma cópia imperfeita de um mundo espiritual? Talvez mais do que dois mil anos fossem necessários para que viéssemos a conhecer essa verdade. No entanto, Ele fez o que era preciso ser feito, disse o que era preciso ser dito, revelou a verdade na medida exata do que era possível absorvermos e ainda para as pessoas certas.
Muitas vezes, poderemos estar falando "verdades" para quem não esteja preparado para ouvir, e estaremos correndo o risco de destruir sonhos, relegar almas a angústias totalmente desnecessárias. Não estaríamos sendo egoístas ao defender "verdades", livrando nossas consciências de culpas mas ao mesmo tempo condenando almas a situações angustiosas? Não seria mais proveitoso mudar nossos conceitos de culpa, em vez de deixar que verdades esmagadoras arruínem vidas? No resguardo de uma moral completamente privada de caridade, poderemos estar sendo levianos com aqueles que ainda não estão prontos para ouvir.
Muitas vezes, guardar o silêncio não significa mentir, mas auxiliar, amparar, e exemplificar efetivamente a caridade fraternal.
A verdade deve ser usada apenas quando algo de proveitoso dela puder ser tirado em benefício do outro.
Um grande amigo, professor, mestre, exemplo de pessoa e de espírito, conhecido por muitos como Francisco Cândido Xavier, certa vez, disse:
"Sou adepto da Verdade, mas acho que a Verdade não deve ser lançada na cara de ninguém... Jesus silenciou diante de Pilatos. Naquelas circunstâncias, adiantaria dizer alguma coisa!? Graças a Deus, nunca me prevaleci da Verdade para humilhar alguém. A Verdade que esmaga está destituída de Amor. Deus não age assim... A Verdade só deve ser dita quando possa servir de alavanca para reerguer quem se encontra no chão. Eu fugiria de quem só tivesse verdades para me dizer... A gente enlouquece. Deus não nos violenta... A razão nunca está de um lado só. As pessoas que se orgulham de ser francas demais, estão escondendo de si mesmas a sua própria realidade... Vocês me perdoem, mas é o que eu penso."
Pensemos nisso, e façamos uso da verdade sempre, desde que para refazer, reerguer, levantar, reconstruir. Jamais o contrário.
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Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |