Fale para. Não fale de!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 10/16/2016 8:46:19 AM
Em um momento onde os instrumentos de comunicação mais se sofisticam, facilitando assim as conexões entre pessoas nos lugares mais distantes, paradoxalmente tem ocorrido um aumento significativo na comunicação entre pessoas. A incompreensão tem se alastrado em todos os meios, do familiar ao profissional, do social ao religioso. O que está alimentando esse desencontro que tem dificultado e também afastado os seres humanos uns dos outros? O distanciamento dos valores coletivos, onde o cuidado com a vida comunitária se estabelece, é um dos fatores. Onde o individualismo prevalece ocorre então um não querer ter que argumentar, convencer, persuadir. Daí torna-se (aparentemente) mais fácil o agir por si só, sem levar em consideração os sentimentos e percepções alheias. Então as situações vão cada vez mais se tornando pendentes de serem resolvidas. Cada lado prega seu interesse, mas eis o grande desencontro, prega não para a pessoa interessada e sim para outras, que passam a ser apenas “escutas de queixas”. As pessoas estão falando muito de outras pessoas, mas não para elas próprias. Com isso fortalecem-se os males entendidos, as fofocas ganham força e os assuntos ficam ainda mais difíceis de serem resolvidos. Depois a queixa comum: a incompreensão. Observem a frequência com que esse fato ocorre. Comum depois de alguém expressar sua queixa, quando perguntado “já falou para ela?” se escutar: “Não, deixa isso pra lá, não vale a pena arrumar discussão”. Se não é importante a ponto de se deixar para lá, porque é motivo de assunto com outro alguém que não tem atuação direta sobre o que se está sendo dito? Para alguns o se fazer de vitima é uma forte razão. Para outros a dificuldade de dirigir-se a quem de direito e ser direto, objetivo é outra forte razão. O bater no peito afirmando que “faz e acontece” é uma constante no discurso dos que não falam para os verdadeiros interessados. Não pensem que isso ocorre apenas em situações de grandes impactos. É muito comum e frequente em pequenas situações do dia-a-dia. Porém essa ocorrência vai minando a solidez que o relacionamento possa ter. A harmonia, a parceria do relacionamento vai enfraquecendo e a insegurança se estabelece entre os relacionados. Outras consequências surgem, por exemplo, a hipocrisia. Pela frente as pessoas se mostram amigas e acolhedoras. Expressam saudades e desejos de mais estarem juntas. Mal se afastam as palavras que expressam os verdadeiros sentimentos são ditas, mas não para as interessadas e sim é falado delas, para outros. Importante ressaltar que esse comportamento não significa que não haja um verdadeiro sentimento pelo outro, mas sim que há um desvio de caráter que, se não percebido e corrigido, levará à destruição de sólidas e significativas relações. Pais de filhos, filhos de pais, marido de mulher e vice-versa, cunhados e cunhadas, sogros e sogras, noras e genros, colegas de trabalho, enfim, em todos os níveis de vínculos e relacionamentos. Identificar essa pratica é o primeiro passo para uma mudança de rumo nos relacionamentos. Ao perceber que faz isso não se critique, apenas modifique. Deixe de fazer. Alguém extremista poderá dizer: “Então se sinto algo desagradável por alguém devo engolir sapo?”. Não é nada disso. Deve dizer o que sente diretamente à pessoa ou então ai sim, calar-se. Quantas vezes já se sentiu envergonhado (a) por ter sido revelado seus comentários em sua frente e da pessoa a quem se referiu para outra? Portanto, tem algo que lhe incomoda? Fale diretamente para a pessoa envolvida. E após fazer isso, não fique comentando com os outros. Você quer resolver a situação que lhe incomoda ou se mostrar o (a) tal para os demais? Verá como tudo ficará muito melhor e a qualidade das relações que possui será ainda mais preciosa.
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