Incompreensões
Atualizado dia 07/12/2016 16:13:53 em Almas Gêmeaspor Adriana Garibaldi
Toda ideia absoluta e cheia de certezas carrega um quê de rigidez e a vida, ao final das contas, é sempre imprevisível, uma mutável roda gigante de altos e baixos. Os nossos sentimentos são confusos na maior parte do tempo e notamos que somos incapazes de ver para onde eles se movem ou nos levam. As certezas do que quer que seja é o que acaba sendo uma grande barreira num universo de múltiplas probabilidades.
Nós gostaríamos de entender melhor as pessoas, principalmente as mais próximas. No entanto, o interior de cada alma acaba sendo uma incógnita para uma outra, uma leitura indecifrável, um espécie de enigma. Mesmo quando intentarmos enxergar uma lógica por trás de alguns comportamentos que nos desafiam, eles parecem fora de contexto, e a menos que o outro se disponha a compartilhar seus sentimentos, essa leitura sempre deixa muitas lacunas e pontos escuros.
Como extrair claridade e luz de uma vela que fica trepidando?
Quando estamos em busca de respostas nesse sentido, o entorno parece nos dar alguns sinais que, no entanto, não somos capazes de decifrar com total clareza, ficando ainda mais perdidos nessa procura, principalmente, a respeito do que se passa na cabeça dos outros. Sem dúvida, antes de desejarmos que alguma força maior penetre nossa ignorância e ilumine nossa mente transmitindo-nos a verdade que desejamos, será inútil nos debater na procura da compreensão de algo que não diz respeito a nós mesmos e ao nosso universo interior.
Os julgamentos das atitudes do próximo acabam se transformando em pura especulação e, desse modo, muitos conflitos e dores inesperadas surgem. Nossos próprias reações são, até para nós, incompreensíveis muitas vezes. Que dizer do significado das reações de uma outra pessoa?
A esperança e a certeza de que possa ser construído algum ponto de verdadeira unidade entre nós e aqueles com as quais nos relacionamos nos faz questionar os fundamentos dos conflitos por trás dos dilemas da convivência humana e resolver esse enigma acaba sendo prioritário na vida de todos nos em algum momento.
Escondemos num lugar inacessível aos olhos do próximo e aos nossos olhos aquilo que não é possível esconder por muito tempo porque chega um dia em que a clareza se faz necessária e somos obrigados a olhar para nossos verdadeiros sentimentos.
Por muito tempo, fizemos de conta que não víamos os nossos pontos de vista capazes de gerar conflitos, não sendo hábeis o suficiente para transmiti-los aos outros. Sentimos outras vezes que aquela experiência de interação com uma determinada pessoa não deveria ter passado tão de presa, sem termos tido a oportunidade de nos conhecer em profundidade, queremos a tudo custo que esse tempo de troca se dilate indefinidamente, para sermos capazes de entendê-la ou fazer-nos entender.
Desejaríamos sacudir nosso tapete mágico e espalhar a poeira de estrelas que escondemos displicentemente lá embaixo. Montar nosso cavalo alado para voltarmos no tempo e cavalgar nossos sonhos.
Sabemos que chega um momento em que será necessário tomarmos um banho de realidade e estarmos dispostos a encaixar a última peça em nosso quebra-cabeças emocional, finalizando dramas ou conflitos que precisam ser encerrados.
As paisagens costumam mudar à medida que avançamos, como viajantes de um tempo que se desvanece a cada passo. Às vezes, séculos podem nos separar das pessoas antes de termos a oportunidade de encontrá-las de novo.
Vemos, então, quão grande foi o tempo perdido em conflitos e incompreensões, vemos que precisamos valorizar cada instante, cada encontro, cada momento de reciprocidade com as pessoas que nos são significativas, aprendendo aquilo que deveríamos ter aprendido antes, o exercício do amor e da compreensão como única saída para nossos sofrimentos.
Texto revisado
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