No voo das ilusões!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 5/21/2016 9:59:42 AM
“Eu estava a observar alguns prédios à minha frente, pela janela de meu apartamento. O céu estava maravilhoso, lindo azul que fazia fundo a eles. São prédios majestosos, bonitos. Repentinamente sai de trás de um deles enorme avião, que logo some atrás de outro dos prédios e então o som de seu voo chegou a meus ouvidos. Também repentinamente comecei a chorar. As lagrimas brotaram calma e lentamente, mas em quantidade a molhar minha camisa.”. Esse foi o início de sua sessão. Foi também o início de suas descobertas mais intimas. Ele explicou os significados que lhe surgiram nesse rápido momento. A janela emoldurava como um lindo quadro cuja pintura, prédios belos e grandiosos se destacavam em um fundo azul. A janela refletiu sua vida. Os prédios eram seus desejos grandiosos e o azul lhe dizia que era possível, seu caminho estava aberto. Quando do surgimento do avião foi que recebeu o grande choque. Nesse voo a nave ligava uma conquista à outra. O som chegando em seguida lhe dizia: “Você não está nessa nave, não faz parte desse voo. Você só acha que está voando nela!”. Percebeu naquele momento que sua vida vinha sendo uma sequencia de ilusões, pois nada se concretizava. Suas iniciativas se esvaiam rapidamente e sem dar muita atenção aos insucessos, passava para uma nova, que lhe encobria os resultados anteriores. Ilusão, eis algumas designações do Michaelis: “Engano dos sentidos ou da inteligência. Errada interpretação de um fato ou de uma sensação. O que dura pouco.”. As ilusões se diferem dos sonhos, porém a passagem de um para outro pode ser muito sutil. Os sonhos são o princípio de nossos projetos, como se desenhássemos uma planta de algo a ser construído e a partir dela passássemos a agir, sendo que se não houver o cuidado com cada passo dado, o afastamento da realidade por conta das dificuldades vão tomando conta e os distanciamentos dos objetivos se fortalecem. “Engano dos sentidos ou da inteligência.” É duro de aceitar que pessoas tão inteligentes se auto enganem, mas isso ocorre com frequência acima do que se imagina. “É lindo ver o avião entre os prédios, forma uma verdadeira ponte, parece que poderemos passar de um para outro com toda a segurança. De repente o avião some, estamos sem nenhuma ligação entre um e outro e só então identificamos que o som veio nos avisar que estamos caindo.”. No voo das ilusões se demora a perceber que se lançou ao alto, porém está do lado de fora da aeronave. A queda é inevitável. A jovem que embevecida pela paixão ignora o vício de seu pretendente que será sua dor no futuro. O empresário que vê no financiamento fácil a saída para seus problemas e desconsidera os resultados futuros que isso irá lhe causar. O adolescente que vê no “amigo” forte ligação sem levar em conta que o mesmo está seriamente envolvido com drogas e que isso não lhe trará nenhum problema, até que se vê arrolado em processo de tráfico. O aluno que acredita ser possível a aprovação sem que haja de sua parte o esforço necessário para tanto. Muitos outros exemplos existem. Os mais sentidos são os que identificamos ter praticado ou ainda estarmos praticando. Porém identificarmos isso nos permite atenuar a queda, tam qual o paraquedista que após falhar o primeiro paraquedas, consegue abrir o de segurança e chegar ao solo com um impacto menor. No voo das ilusões as aeronaves são sempre grandiosas e velozes, o que atrai em muito o embarque. O trilhar em direção aos nossos sonhos, portanto, objetivos, requer velocidades menores e ultrapassagens de obstáculos sem poderem ser ignorados. Vivemos uma época onde a cada esquina estão centenas de aeronaves nos convidando para entrarmos. É preciso saber que as ilusões são voláteis, se dissipam rápido, mas as quedas são reais.
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