O “ABC” do amor!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 8/24/2014 11:50:00 AM
Com sentida dificuldade ele me relatava o quanto ficava enrijecido na hora de demonstrar afeto. Desde pequeno teve de seus pais todo o suporte e orientação, porém poucas manifestações de carinho, de amor.
Sabia-se amado, mais que ninguém sabia o quanto ama, mas agora com esposa e filhos, o que antes não era cobrado hoje se tornou fundamental. Não mais é possível continuar a relação harmoniosamente se isso não começar a ocorrer. Descobriu que as pessoas necessitam dessa demonstração e percebeu o quanto necessita também, mesmo a tendo de sua família e sem ter identificado como tal.
Ele não é único. Quantas pessoas passam a vida toda sem darem um gesto de carinho, sem fazerem uma carícia em seus filhos ou esposas, ou mesmo marido. Essa dificuldade não é específica de um sexo. Pertence ao ser humano. Quantos filhos se queixam de receberem apenas presentes, assistência material, mas não terem um abraço, um carinho?
Normalmente essas pessoas também sentem dificuldades para receberem as demonstrações de amor. Algumas são até agressivas na forma de repeli-las. Essa dificuldade se revela até nos momentos mais íntimos, como em uma relação sexual. Ela torna-se mecânica, sem ternura, sem romantismo.
Muitas são as razões que levam ao bloqueio das manifestações as emoções. Podem e devem ser identificadas, mas também é possível com um esforço da parte de quem é bloqueado, se ajudar no vencer as barreiras existentes. É o se esforçar para fazer o que sabe ser um desafio conseguir: se esforçar para demonstrar o que sente, mesmo com dificuldades e desajeitadamente.
Pode começar apenas com o tocar o outro, por a mão em seu braço, apoiá-la no ombro da pessoa querida, depositar um beijo, mesmo que de leve na face do outro. É o exercício de vencer o efeito paralisante, assim como o superar a sensação de ridículo que sente ao fazer isso. Essa sensação encobre uma vergonha muito intensa e que precisa ser combatida.
Quando em terapia, as pessoas obtêm o esclarecimento e mesmo o apoio necessário para dar os passos necessários. Encontram o entendimento de algumas reações de estranheza por parte de quem as recebe, entende e até brinca com o inusitado.
Algumas pessoas reclamam e fazem “cara feia” quando recebem gestos amorosos, mas é possível se notar a satisfação disfarçada que sentem por terem sido alvos de manifestação de amor. Quando isso é percebido, quem fez ainda costuma dizer: “Mas bem que você (Sr.) gostou.”
Em um mundo onde há grandes demonstrações de indiferenças, de egoísmos e posturas individualistas, muito se faz necessário que ao menos no ambiente familiar o afeto e o acolhimento sejam presentes.
Abraçar, beijar, acariciar são gestos simples e de grande expressão de sentimentos. Pura transmissão de energia, assim como fonte de recebimento. Troca sinérgica e abastecedora da autoimagem e autoestima de cada um.
Para os que possuem esses bloqueios faz-se necessário um grande esforço, mas que é recompensado imediatamente após o feito. Muitas mulheres traem por não se sentirem amadas pelos companheiros, apenas porque eles não conseguem demonstrar afeto. Muitos homens encontram nos braços de outras a “compreensão” que não obtém em casa, mesmo sabedores de que é apenas momentâneo. Mas muitos mais se sentem infelizes. Não traem, não são traídos, mas são infelizes.
As maiores satisfações em nossas vidas não custam dinheiro, custam esforços pessoais que irão gerar retornos que nos elevam e complementam. O simplesmente dizer “eu sou assim mesmo” já não convence mais. É necessário sim se esforçar para superar as dificuldades. Caso contrário, estarão ficando sós.
Quando a sessão estava se encerrando, lhe disse: “Lembre-se: Abraços, beijos e caricias”. Ele, olhando para o alto repetiu: “Abraços, beijos e caricias” e completou: “O ABC do amor!”
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