Orgulhar-se do que se tem!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 11/5/2017 8:03:39 AM
Em tempos em que há tantas revelações de falcatruas e desonestidades da parte daqueles que deveriam ser exemplos de integridade e honestidade, ocorre o aumento do desencanto da população pelo que se apresenta. Sim, aumento, pois existe em grande parte de nosso povo uma pré-disposição para o olhar negativo em tudo que o cerca. E então tudo se torna cinza, sem cor, sem brilho.
Conversava com uma pessoa que viaja muito, tendo inclusive morado em vários países e ela me contava como o povo de cada local se refere com orgulho às características de suas cidades e países.
Aqui, se vamos falar da beleza, por exemplo, do Rio de Janeiro, imediatamente ressalta-se a criminalidade. A beleza das praias do norte e nordeste, fala-se da pobreza. Se falamos de São Paulo e sua vida cultural, já se critica o transito e os trombadinhas, e assim por diante.
Porém não é uma postura direcionada apenas aos locais, isso se estende para os relacionamentos, onde o olhar está na maioria das vezes voltado para o critico do que para o acolhimento do outro tal qual ele é. Em alguns casos nota-se até certa vergonha ou mesmo constrangimento ao apresentar sua companheira ou companheiro.
Muitas são as repercussões desta forma de olhar e uma das mais prejudiciais é o esvaziamento das energias de luta pelo que se tem e se estima. É como se o que temos não valesse a pena ser defendido e, portanto, ficamos passivos frente aos acontecimentos.
Em consultório é comum as pessoas não se darem o reconhecimento de seus méritos e conquistas. É necessário que seja realçado os pontos positivos e que superam em muito o que veem como negativo para só então, passarem a dar maior valor a si mesmas e ao que possuem.
É necessário que modifiquemos em nós essas características que “esvaziam” os valores e qualidades do que possuímos. Há sim coisas a melhorar, porém só acontecerá quando começarmos a cuidar do que já está bom. Ai sim saberemos exigir a correção dos pontos que não estão como deveriam.
Quando você gosta de algo que tem, assim que aparece algum pequeno problema você apressa-se a mandar arrumar, não é? Dessa forma você terá sempre suas coisas em ordem e perfeito estado. Já quando não atribui muito valor vai deixando para depois, ou mesmo diz “não vale a pena”. Quando se dá conta o ruim ficou muito pior, muitas vezes sem condições de recuperação. Isso vale também para os comportamentos com pessoas em relacionamentos, em cidadania, em situações profissionais, ou seja, em tudo em nossas vidas.
Tive a pouco tempo oportunidade de visitar alguns lugares da América Central e fiquei surpreso duplamente: primeiro com a beleza natural dos lugares e em seguida com o contraste existente pela pobreza da população desses locais. Mas o brilho nos olhos quando se falava do local em que viviam é algo surpreendente. Não há tristeza ou recriminação pelas injustiças sociais existentes. O belo é que é cultivado. Porém quando as situações incomodam pra valer eles não dizem “isso aqui é assim mesmo”, eles vão à luta, movimentam-se e buscam conquistar o que consideram justo e merecido.
Temos tantas coisas boas, bonitas, positivas e tão pouco temos demonstrado reconhecimento do valor de tudo isso. Mas se não ocorrer uma mudança em nossa forma de olhar, nada do que não está bom irá melhorar. Como o texto deixa claro, se você dá importância ao que lhe pertence, você não permite que façam algo que prejudique ou desvalorize seu bem.
Que tal passarmos a ter uma visão de maior reconhecimento ao que nos cerca?
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