Quem sou? De onde vim? Para onde vou? (Parte II)




Autor Ernesto Shima
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 26/05/2012 03:13:34
Entrei na minha juventude com essa inocência sem perceber a maldade que estavam fazendo comigo. Após uma discussão feia com o meu pai aos 18 anos, me refugiei no quartel de onde havia sido dispensado. Entrei como voluntário. Reprimi a minha revolta por um ano inteiro, passando a maior parte da vida na caserna na lista dos detidos de tanto aprontar por lá. Era raro estar livre nos finais de semana. Quando dei baixa, estava totalmente alienado.
Sofri dois capotamentos e mais duas batidas graves e em todos esses acidentes, os carros deram perda total. Envolvi-me com uma garota problemática de um colégio que frequentava com amigos. Além disso, passei por outra tragédia com um atropelamento fatal que durante dois anos gerou um processo judicial traumático contra mim. A pane psicológica com esta morte, somado às chantagens emocionais de suicídio por parte de uma namorada, ocasionou o compromisso de noivado.
Depois de um sequestro em que fomos vítimas, em que ela sofreu violência sexual e eu quase fui executado por querer reagir, acabei sendo salvo de forma milagrosa no último instante em que o bandido drogado ia puxar o gatilho, com a arma apontada para a minha cabeça e eu ajoelhado. Os três comparsas simplesmente se jogaram em cima dele e o impediram de me matar naquela noite. Dois meses depois deste acontecimento, o pai da minha noiva chega do Rio e me ameaça de morte se eu não casar com a filha dele.
Somado a tudo isto, a minha noiva havia feito um trabalho junto com uma amiga dela que era mãe de santo e isso trouxe tantos transtornos para mim, que levei quase uma década para me livrar dessas “macumbas”. Nem depois da separação judicial, sete anos depois, ela me deixou em paz. Foi por causa dessas situações conflituosas que devastaram todas as possibilidades de sobrevivência no Brasil e me levaram para o Japão, além da saúde precária do meu pai que vivia por lá. Foram doze longos anos de angústias e sofrimentos no Brasil, dentro de um casamento fracassado.
Aos 33 anos estava no Japão passando por um processo inédito de renascimento, após seis meses de sofrimentos, depressões graves, solidão, conflitos com colegas de trabalhos em dois empregos, enganações das empreiteiras – eram mafiosas -, fui expulso de alojamentos e ameaçado de ter minhas coisas jogadas na rua. Colegas conterrâneos de Brasília que sabotaram o meu serviço e jogaram a culpa em mim.
Saudades dos meus quatro filhos pequenos, vivendo num país estranho, bizarro, sem entender o idioma. Com a pressão constante da família no Brasil para mandar dinheiro, e levar o meu pai de volta - que não via há meses por estar numa cidade bem distante no interior do Japão -, e depois de dois meses de judiação em outra fábrica por parte de uns japoneses que nos odiavam por sermos brasileiros, tudo isso me levou a ficar doente e de cama.
Numa quinta-feira à tarde, pedi para sair mais cedo do serviço por não estar me sentindo bem. Tudo rodava em minha volta. Meu corpo fraquejava. Mal cheguei no alojamento e já cai desfalecido. Fiquei estirado num tatame dentro de uma casa toda fechada, sem ninguém, sem conseguir me mexer, sem me alimentar, sem beber líquido algum. Depois de uma infinidade de tempo revendo todo o meu passado turbulento, cena por cena, uma vida inteira, eu me vi saindo do corpo e entrando num imenso túnel de luz toda branca. Eu me sentia leve, aliviado. Havia entregado todas as minhas preocupações e meus filhos, nas mãos do Pai e tinha pedido que me levassem embora dali, pois não aguentava mais viver aquele drama.
Estava quase atravessando aquele radiante túnel quando senti um puxão e me vi deitado novamente no tatame totalmente paralisado. Fiquei observando a escuridão do quarto e comecei a sentir a presença de alguém ali dentro. Como não conseguia mover o corpo, virei os meus olhos para o lado direito de onde sentia uma forte emanação de luz. Ao olhar para a figura de pé segurando uma manta de pura luz, notei um ser me observando com tamanha serenidade e compaixão que logo o reconheci.
Ele era um japonês baixinho, cabelos brancos, vestido num quimono azul escuro que suavemente se ajoelhou ao meu lado, estendeu a manta sobre o meu peito, levantou a mão direita e dela começou a sair feixes de luzes que iam penetrando o meu corpo. Comecei a ter uma sensação de paz interior tão profunda, que já não sentia mais o meu corpo, apenas a sonolência que me envolvia. Antes dos meus olhos se fecharem eu ouvi os meus lábios pronunciarem: “Meishu-sama”!
Quando abri meus olhos, percebi pelas luzes que entravam nas frestas da janela que era de manhã. Levantei-me naturalmente como se nada tivesse acontecido comigo. O meu corpo estava leve, forte, recomposto. Não sentia dor algum pelo corpo, absolutamente nada. Apenas vontade de comer alguma coisa, beber água, tomar um banho – estava com um cheiro insuportável -, e fazer a barba que percebi estava cheia pelo rosto.
- Caramba, o que aconteceu comigo? Que dia é hoje?
Liguei a TV para ver o noticiário. Mas em todos os canais estavam passando os programas de domingo. Fiquei confuso e fui até a parede da sala e dei uma olhada no calendário. Quando saí para o trabalho era uma quinta-feira. Achei que estava pirando. Voltei para a TV e mudei novamente os canais. Olhei a data nos programas. Voltei para o calendário. Sim, era domingo!!!!... Quinta, sexta, sábado, domingo?! O que foi que aconteceu?
Surpreso, deixei-me estatelar, sentando no tatame. Nossa! Três noites e dois dias?!!! Fiquei este tempo todo aqui???
De repente, comecei a recordar de tudo o que tinha acontecido comigo. Lembrei-me de todo o processo que havia passado. De como havia chegado ao alojamento, de como o meu corpo estava dolorido, semiparalisado, com dormências em todos os membros. Como eu chegara abatido, desanimado, triste, deprimido. Estava literalmente “morto” de cansaço. Cada detalhe começou a vir à memória e, revivi a cena com aquele ser iluminado. O que ele tinha feito comigo?
Enquanto refletia sobre todos os acontecimentos, comecei a fazer a faxina na casa, abrindo todas as janelas e arrumando a casa toda. Lavei as louças sujas, coloquei as roupas para lavar e fui tomar o meu banho. Pouco depois estava abrindo a geladeira e comecei a preparar o meu almoço.
(continua)...
Paz!
Shima









Terapeuta Holístico, de Regressão e Escritor. É fundador e Presidente da ONG “Grande Fraternidade Humana da Terra”. Realiza atendimentos com as técnicas de Terapia de Regressão, Terapias vibracionais, Massoterapia, entre outras. Facebook: https://www.facebook.com/escritorernestoshima Blog: http://www.ernesto-shimabuko.com E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |