Resignação!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 10/28/2014 10:27:45 AM
Significa “Sujeição paciente às amarguras da vida; conformação com a dor física ou moral; paciência no sofrimento.” Em momento algum ser resignado expressa comodismo ou indiferença. Mas com certeza está faltando e muito para as pessoas nestes tempos modernos.
E o que mais está fazendo estas pessoas sofrerem é principalmente a falta de resignação às situações que elas próprias geraram. Atos, decisões, escolhas feitas e que como conseqüências resultados insatisfatórios. Inesperados pela inconsciência na reflexão. Ao fazerem não se permitiram pensar amplamente nas possibilidades. Olharam apenas o que interessava no momento. Depois se revoltam com o que está acontecendo em suas vidas.
Rapaz novo, recém graduado, consegue trabalho dentro de sua área, iniciando com salário um pouco abaixo do que o mercado oferece. Após alguns meses solicita um aumento, no que lhe dizem ter que esperar um pouco mais (três meses especificamente) e então ele receberia o ajuste que merecia. Não aceitou e pediu demissão, dizendo que quando a empresa pudesse pagar o salário que ele reivindicava, ele estaria à disposição.
Pois é. Está há mais de um ano a disposição do mercado e não consegue colocação. Quem está no seu lugar já tem seu salário atualizado e encontra-se satisfeito. São amigos. Revolta-se e não admite que agiu precipitadamente, poderia ter continuado e ao mesmo tempo ir buscando outras oportunidades. Faltou consciência e resignação.
A família está atravessando um momento muito difícil financeiramente e agravado por problemas de saúde. Mas por falta de resignação continuam a agir como nos tempos onde todos estavam muito bem empregados e sem despesas médicas. Cobranças judiciais com ameaças de perda do carro adquirido já nesta fase, mal-estar generalizado e verdadeira “guerra” de acusações e troca de insultos pelo que está acontecendo. A perda de emprego foi ocasionada por corte na empresa. O adoecer não ocorreu por extravagâncias. Apenas aconteceu e o convênio médico foi cortado para dar lugar às prestações do carro novo. A família fez uma opção, mas agora, como não está acontecendo como esperavam, em vez de se resignarem e buscarem uma saída para a situação trocam agressões e ameaças entre si.
Cada escolha feita abre um leque de possibilidades e, portanto, devem ser consideradas. Caso se decida por uma possibilidade que vai contar com variáveis que independam das pessoas, caso não dê certo, deveriam assumir que fizeram uma escolha de risco.
No exemplo acima foi decidido parar de pagar o convênio médico. Não vamos julgar a decisão. Apenas olhar para ela e suas conseqüências. Não bastasse a doença, também a perda do emprego de um dos familiares. A falta de resignação piora em muito a situação que estão vivendo.
A revolta que as pessoas vivem como conseqüência da ausência do resignar-se acarreta em aumentar infinitamente as dificuldades, não só para saírem das situações, mas também no relacionamento entre as pessoas.
Isso vale para o relacionamento familiar e profissional. Muitas vezes a empresa toma uma decisão inadequada e quando colhem os resultados negativos, em vez de buscarem uma ação que amenize e até solucione, ficam à caça de culpados. Quando resignados, buscam então soluções, pois o que está feito não pode ser modificado, mas o que vem pela frente sim.
Para que ocorra o exercício da resignação faz-se necessário que o ser humano admita sua não onipotência. Nós não somos os todo-poderosos e há situações que precisamos saber conviver, mesmo não sendo o que se queria.
É um exercício constante de paciência, estado de calma para esperar o que ainda não está acontecendo. Estado onde se canalizam as ações para os acontecimentos do que se desejam sabedores de que não terá resultados imediatos.
Quantos pais, professores, profissionais estão “entregando os pontos” porque acham que tudo deve ser num estalar de dedos. Quem conhece a resignação sabe perseverar. Faz as coisas acontecerem.
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