Vidas virtuais!



Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 05/07/2015 12:29:17
Jovem, beirava os vinte anos, apresentou-se com um quadro depressivo intenso, pois havia perdido seu pai havia pouco tempo. Porém não era sua única perda. Conhecera uma garota pela internet, trocaram fotos, falaram de suas intimidades, declararam-se um ao outro, com juras de amor. Combinaram o primeiro encontro. Cada um sairia de sua cidade e se encontrariam em um pequeno e bucólico hotel na montanha, local propício para se firmar o romantismo até então existente apenas nas telas dos computadores. Expectativas elevadíssimas, passagem comprada com antecedência, ele não queria correr riscos de se atrasar. Faltavam apenas dois dias para tão esperado encontro.
Acordou. Fez rapidamente sua higiene pessoal e foi para a telinha, antes mesmo do café matinal, café que naquele dia não tomou. Havia uma mensagem assinada como sendo da irmã de sua apaixonada informando a morte repentina da mesma. Seus olhos não conseguiram ler claramente os motivos, se complicações cardíacas, se outro problema qualquer, a única coisa que estava claro para ele: não haveria mais nenhum encontro.
Recém desempregado, o que no início foi visto como algo bom, pois poderia dedicar-se mais ao seu novo relacionamento e com isso inclusive tornar menos doloroso a perda do pai, agora agravava a situação, pois vivia duplamente a retirada de entes queridos de sua vida.
Foi cogitado por pessoas próximas que essa moça poderia não ter existido como ela se apresentava no virtual, hipótese rechaçada por ele, pois projetava nela a mesma sinceridade e transparência que ele tinha por ela.
Em seu processo terapêutico permitiu-se descobrir que já não faria tanta diferença se ela tinha sido real ou não, pois tendo de fato existido como se apresentava, ou apenas “fugido” de seu desmascaramento, já que o encontro poderia ser revelador, em qualquer das possibilidades ele não a tinha. Morta ou viva não sendo quem dizia ser, era o mesmo, não pertencia mais à sua vida. Apenas uma sensação triste como herança de seu passado recente.
Já buscando retomar sua vida, cabeça erguida e vivendo o quanto era amado pelos que o cercavam, eis que uma noite, brincando na telinha, viu uma foto da “falecida” em uma festa, postada no facebook. Com habilidade de um investigador descobriu ser sua amada uma jovem insegura, emocionalmente instável e com muitos problemas mais. Após dizer-lhe todo o mal que ela havia lhe causado, desligou-se completamente de tão triste experiência, ficando apenas uma lição: vidas virtuais nunca mais! “Aprendi a lidar com minhas carências”!
Esse rapaz conseguiu, por sua estrutura pessoal, sair da situação olhando positivamente as marcas doloridas da experiência tida. Sua família foi muito solidária e embora desde o ocorrido desconfiasse do desfecho descrito pela “irmã”, sempre o respeitou e o aceitou em seu sofrimento. Mas não é o que normalmente ocorre.
Carências, eis uma das fortes razões que levam as pessoas a se colocarem com uma telinha entre ela e as demais, mas não só, também a dificuldade de ser que se é frente a frente com as demais pessoas. O uso indevido de recursos que podem ser tão úteis causam danos muitas vezes irreparáveis nas pessoas. E como evitar que isso ocorra? Como passar a mensagem para nossos jovens que nada substitui o relacionamento real, e que é necessário se ter cautela e ponderação em qualquer situação que se viva? O lançar-se “de cabeça” em uma relação não é exclusivo da internet, ocorre em todas as situações, mas encontra maior facilidade no mundo virtual. As pessoas se soltam mais para dizerem/escreverem coisas que pessoalmente não o fariam tão cedo.
Na morte virtual dessa garota, sua fuga de enfrentar a realidade que estava construindo. Pessoas que não conseguem levar uma vida concreta à frente. Quantas mortes reais de sentimentos não estão vivendo no peito de incautos que cultuam o luto de um amor que só existiu em suas crenças, quantos amargores estão a impedir felicidades e realizações por seres que se colocam fieis a algo que do outro lado foi apenas uma brincadeira fantasiosa com resultados sérios? O viver é real!









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