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ZOZ - A importância da figura paterna para a Mulher

Atualizado dia 6/2/2024 9:16:11 PM em Almas Gêmeas
por Margareth Maria Demarchi


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 O primeiro contato de uma mulher com a figura masculina é o contato com o pai[1], não importa a qualidade do contato, seja com o carinho de pai, seja com o afeto de pai, seja com o remorso de quem não se considere como preparado para assumir uma responsabilidade tão nobre na vida. Assim então, a menina tem sua primeira experiência de aproximação com o sexo oposto, o seu pai.

Este é o motivo principal pelo qual, quando se torna mulher, esta 'menina', busca homens com as características que de certa forma a lembrarão do seu pai, e das experiências que teve durante o convívio e educação dada pelo pai.

Como influência em suas preferências, esta será a base para o seu relacionamento com o namorado, noivo, ou futuro esposo, marido. Isso acontece porque nós quase sempre agimos por influência de nossas experiências.

 Para alterar este comportamento é necessário que se tenha consciência de que agimos pensando com processos de transferência (atribuímos a alguém ou algo, as características que gostamos ou rejeitamos, e que estão identificadas com outra pessoa ou outra coisa), ou seja, fazemos comparações de forma inconsciente, e tomamos decisões projetando nelas os nossos desejos conscientes.

Tanto o homem como a mulher sempre carregam o comportamento comprometido com a vivência anterior com os pais, seja o homem com o seu pai ou sua mãe, seja a mulher com a sua mãe ou seu pai. A história a seguir nos dá um exemplo possível de como isto acontece:

"Suzan era a filha mais nova de Renan e Eviane. Renan era uma figura que devido às constantes viagens que fazia como parte do seu trabalho, ficava ausente e distante da família a maior parte do tempo. Consequentemente, o contato com os filhos durante esse período era muito escasso.

Eviane tomou conta de tudo praticamente sozinha. As circunstâncias exigiam que ela assumisse os papeis de mulher e de homem da casa. Assim, ela exercia um domínio sobre todas as situações, o que evoluía à medida que as viagens se tornaram uma constante. Quando Renan voltava, ficava cada vez mais difícil para ele se inserir na família, no seu papel de pai.

Como resultado disso, Renan foi se acomodando, e distanciou-se a ponto de se tornar alguém quase estranho e sem envolvimento real com as pessoas e circunstâncias da família. Durante o seu pouco tempo de convívio entre uma viagem e outra, gastava momentos importantes destacando o que lhe desagradava. Com isso, passou a ser o pai chato que só reclamava e quase nunca expressava qualquer elogio aos filhos. Suzan, começou a sentir os efeitos desta fase do seu relacionamento com o pai.

Nesta rotina de muitos anos, o relacionamento dos seus pais ficou marcado pelo envolvimento de Renan com outra mulher, o que passou a piorar ainda mais a sua posição de pai, já reduzida pela ausência constante.

Suzan e seus irmãos mesmo com o entendimento parcial que tinham, percebiam que a relação dos pais estava pobre de envolvimento e que o respeito entre ambos se deteriorava a cada dia.

Suzan, agora uma mulher com mais de 35 anos, passou por alguns relacionamentos, mas não conseguia se fixar em nenhum. Por não ter tido a relação de troca amorosa e atenciosa com o pai durante a sua infância e juventude, tem agora dificuldades em estabelecer vínculos, pois a primeira figura masculina (pai) era distante e misteriosa (influência do pouco envolvimento), o que fez com que ela se sentisse insegura em relação aos sentimentos de outros homens. Já que ela viveu um relacionamento de ausência e falta de carinho com o pai, ela criou uma imagem do pai que ficou comprometida com a realidade do relacionamento conturbado entre pai e mãe.

Em todos os seus relacionamentos Suzan tinha por necessidade a conquista e quando conseguia, o interesse acabava. O que ocorria é que Suzan ainda estava ligada emocionalmente à experiência com o pai e como não conseguiu conquistar o pai, não conseguia acreditar que podia conquistar alguém. Este é um processo que acontece inconscientemente, e no caso de Suzan era a causa que a fazia desistir dos seus relacionamentos como um reflexo da insegurança.

Carregar o sentimento de insatisfação da relação com o pai, pode repercutir no tipo de crença que se tem a respeito do homem escolhido para conviver. Muito provavelmente, a escolha recairá sobre um homem com características parecidas com as do pai, o que significa que será atraída pelo desejo secreto de obter o amor paterno que não foi correspondido.

Agora, vamos pensar o porquê desse sentimento de atração.

Ainda que isso soe estranho, cabe perguntar:

Como posso me atrair pelas coisas que não concordo ou não concordei que meu pai tivesse?

Pense e reflita se a pessoa que você gosta ou a pessoa com quem você convive possui características semelhantes às do seu pai. Se sim, por que isso ocorre?

Como vimos, a primeira figura masculina para uma mulher é o pai e a primeira figura feminina é a mãe. É a partir da observação dos pais que formamos o conceito do relacionamento de homem e mulher.

A filha ou filho cresce e a convivência com os pais será sentida de forma diferente. O que para um filho é um grande problema, para o outro filho pode ser apenas a decisão e responsabilidade dos pais em mudar. Enquanto um se envolve o outro se coloca fora do contexto. Quem não aceita o que acontece entre os pais será o mais afetado pela situação, pois pode carregar as influências do sentimento em relação a isso no seu próprio relacionamento.

Isto nos ajuda a compreender que o acontecido entre Renan e Eviane foi para Suzan resultado de um sentimento de desconfiança gerado pelo medo da perda, no passado essa perda era a ausência de seu pai (esse sentimento quando carregado até o presente, passa a ocupar uma função influente no relacionamento entre duas pessoas).

Por mais que queira se enganar e enganar o outro do real sentimento, a parte contrária perceberá e sentirá necessidade de se defender omitindo também seus próprios sentimentos. Envolver-se emocionalmente vai muito além de palavras bonitas como "eu te amo". Pressupõe "sentir" além das palavras, é também encontrar no envolvimento íntimo, carinho, respeito nas atitudes e principalmente o reconhecimento do amor pelo olhar.

O que Suzan pode fazer?

Ela pode começar por aceitar o pai e o modo vida que ele pode oferecer. Honrar o pai. Quando isso for feito de coração, pode-se dizer que ela estará pronta para romper as barreiras e liberar o seu amor e também se sentir segura com o homem que escolher para conviver.

Vivendo as suas próprias experiências com a consciência da causa de não ter tido um relacionamento duradouro, perceberá que para se viver um amor é necessário senti-lo em relação a si mesma, e assim cessar o controle e eliminar dúvidas sobre o amor, pois já está no amor, olha o outro e reconhece esse amor.

Enquanto não fizer isso, Suzan demonstra que ainda julga a relação dos pais. Enquanto ela manter esse sentimento arquivado em sua mente ela o carregará no outro. Isso significa a necessidade de eliminar a vítima representada pelo outro, pois não quer olhar para a vítima que possui internamente. Normalmente em circunstâncias como essa a pessoa sente dificuldade de ser espontânea e de deixar os seus sentimentos livres, e como defesa tenta controlar seus sentimentos acreditando que também poderá controlar os sentimentos do outro.

Frisando novamente um conceito que sempre será importante; Não importa o que tivemos, como vivemos, o que recebemos dos pais, tudo o que somos hoje devemos a eles. Porque independentemente do que fizemos para chegar onde estamos e como somos, nossa existência só é possível em função do ato de nossa concepção.

O caso de Suzan também nos mostra o quanto ainda é difícil para nós lidarmos com heranças que tem origem no tipo de relacionamento dos pais, de forma a compreender que o pai e a mãe como seres humanos estão a todo instante se desenvolvendo e aprendendo, como nós, e quando o olhar passa para compreensão, transforma a energia do julgamento em amor.

Esse exemplo é ilustrativo para que você possa olhar para trás e identificar seus amores e dissabores e o quanto disso ainda está com você interagindo no seu agora.

Vejamos outro exemplo:

Mirella esteve casada com Gustavo. Gustavo um homem bem sucedido, sempre foi bem apreciado pelas mulheres, pelo seu modo de falar, pelo seu modo de se vestir, e por hábitos que tornava agradável e gostosa a sua companhia. Após dezesseis anos o relacionamento entre eles entrou em conflito em razão da diferença de idade. Gustavo tinha quinze anos a mais do que Mirella.

Mirella, então mais madura, percebeu que Gustavo começava a apontar restrições em acompanhá-la, e já não via da mesma forma que antes os seus anseios de crescimento. Diante dessa situação, e depois de muitos desentendimentos, ocorre a separação.

Após algum tempo desde de sua separação, Mirella sentiu-se mais livre e decidida para cuidar da sua vida e com isso, conheceu outra pessoa, Guilhermo, desta vez um homem mais novo. Essa relação apesar de intensa, durou somente alguns meses.

Em sua história, Mirella carregava o drama do seu pai ter deixado a família para cuidar dos seus planos pessoais. Em casos de separação como esse, é comum que a filha sinta mais do que o filho a ausência do pai, pois ela assume a mesma perda que a mãe teve.

Dependendo de como esse processo de ausência aconteceu, é como se definirá a intensidade com a qual os filhos vão assimilar a situação e a intensidade de como vão senti-la. Há casais que se separaram, no entanto, de forma bastante amigável. Assim, nem o pai e nem a mãe culpam um ao outro, e os dois mantêm a parte social do relacionamento, isso ajuda em muito a amenizar a situação dos filhos que continuam vendo os pais numa relação de vínculo.

Na maioria das vezes, não é isso o que ocorre. Em muitas situações a mãe se sente abandonada e traída e culpa muito o pai, na presença dos filhos, pelo rompimento do relacionamento. Nesse caso a filha será afetada na continuidade da sua experiência de amor com o pai, sendo que poderá até repetir a história da mãe em sua própria história, poderá ser deixada ou talvez deixar o relacionamento.

Na situação acima, Mirella viveu o primeiro casamento tentando suprir a falta do pai, sendo esse o motivo de casar-se com uma pessoa mais velha. Quando mais tarde veio a se separar, repetiu em parte, a história da mãe, que teve o relacionamento interrompido por que o marido resolveu dedicar-se a planos pessoais.

Já no segundo relacionamento, a aproximação aconteceu com um homem mais novo. Mas, mesmo assim, Mirella teve dificuldades, pois estava novamente estabelecendo um relacionamento influenciado pela sua memória do passado distante. Isso fez com que ela quisesse manter o controle e perdesse a espontaneidade. Portanto, deixou de ser verdadeira em seus sentimentos e construiu um relacionamento conflituoso.

Quando o relacionamento ficou marcado pelo controle, Guilhermo percebe que ela não o ama e Mirella por sua vez, se ressente da falta de amor. Mas esse amor está dentro dela. Ao perceber a importância dos seus sentimentos sobre o seu comportamento e sobre suas escolhas, Mirella poderá mudar.

Mirella, terá que aceitar seu pai do jeito que ele foi, no fundo do seu coração e uma forma para conseguir isso, é buscar quem foi o seu pai e qual foi a sua verdadeira história, ou simplesmente olhar dentro de si e reconhecer o quanto é difícil lidar com seus próprios sentimentos e aceitar suas dificuldades em relação ao amor.

A mulher em situação semelhante, normalmente tem medo latente de que ocorra um rompimento no relacionamento, que seja deixada ou que seja abandonada, por isso, procura ficar no controle.

Quando o medo latente se defronta com a realidade do fim do relacionamento, a mulher começa a achar que realmente ama seu parceiro, mas na verdade sempre esteve consciente de suas dúvidas. O que ocorre é que a perda é o que está sendo sentida, e relembra a experiência que viveu com a separação do pai. Porém, o importante agora é esclarecer o porquê desse sentimento, para não confundir o verdadeiro sentimento de amor com a necessidade de dependência afetiva.

 

Na vida, a primeira lição de amor começa no relacionamento dos pais e também com os pais, e se conseguirmos construir uma relação de confiança com a figura do pai e da mãe, provavelmente teremos maior facilidade de ser confiáveis e confiar, em qualquer tipo de relacionamento.[2]


[1] C.G.Jung, descreve a importância da figura masculina (animus) para o desenvolvimento feminino.

Bert Hellinger, livro a ordem do amor, pág. 42. Homem e mulher "das ordens do amor entre o homem e a mulher, que o homem queira a mulher como mulher, que a mulher queira o homem como homem". Quando a ordem está invertida a origem está na forma como vejo e julgo os meus pais.

 

[2] A Constelação Familiar (processo desenvolvido por Bert Hellinger), durante vários processos de atendimento que eu realizei, onde a estrutura do sistema familiar era colocada dentro do campo do conflito, percebi que após o processo atingir a ordem do sistema familiar, faz com que o amor retorne.




 Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma

 Direitos autorais Margareth Maria Demarchi


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