ZOZ Mulheres e a separação
Atualizado dia 6/6/2024 4:21:11 PM em Almas Gêmeaspor Margareth Maria Demarchi
Isto já deixou de ser uma coisa rara ou incomum, mas os efeitos continuam sendo os mesmos de qualquer outra época.
Quando o fim do relacionamento é determinado pelo homem, a mulher se sente muito frustrada e abandonada. O homem que ela escolheu ou o homem com quem ela decidiu um projeto de vida, pai dos seus filhos, verdadeiro parceiro, parece agora dar nenhuma ou pouca importância para o que juntos construíram e conquistaram, ou pela decisão que tomaram de deixar seus espaços para criar um novo em comum.
A mulher nessa situação normalmente se revolta e se sente atingida por sentimento de perda e orgulho ferido. A mulher se lembra o quanto se doou, deu amor, mas não teve seu amor correspondido pelo homem da sua vida. Isso tem um efeito muito direto, levando a mulher a mascarar seus próprios sentimentos de carência afetiva com o marido, o que faz gerar a mágoa.
A perda, refletida na separação, abala as emoções que desde há algum tempo deterioraram-se pelos mais diversos motivos e razões entre o casal. Agrava o sentimento que ficou transformado em uma convivência fria e até formal, que perdeu a mágica dos primeiros meses ou primeiros anos do início do relacionamento, marcando-o também com a ferida do amor não correspondido.
É uma situação complexa, a mulher acredita por um tempo que perdeu algo que amou. Ao recuperar a noção do valor de si mesma e assumir a própria vida, percebe que o amor original começou a acabar desde o momento que passou a se transformar em outra pessoa para poder agradar. Querer agradar já evidencia a falta de vínculo verdadeiro e se transformar para isso se deu quando decidiu trocar boa parte de suas preferências e círculo de pessoas pelas preferências e círculo de pessoas do marido, e isto é uma atitude comum das mulheres que querem agradar e ao mesmo tempo proteger a relação.
A separação acontece e por mais que se queira convencer a si mesma que antes o relacionamento era melhor, esta mulher sabe no seu íntimo que esta união foi marcada por faltas, tanto da sua parte como da parte do marido.
A perda que se sente resulta do fato de ter que encarar a nova realidade de quem deverá seguir agora sozinha. Isso significa para algumas uma mudança muito grande, uma mudança que implica em ter que cuidar de sua vida com toda sua essência.
Em situações semelhantes, muitos dos homens são simplesmente mais práticos do que as mulheres envolvidas, fazem um balanço do momento, buscam formas mais fáceis de avaliar as consequências e definem a situação geral, quase sempre incluindo outra mulher na rotina, seja como um novo relacionamento fixo, seja com um ou mais relacionamentos casuais.
Existe a mulher que cria um relacionamento de aparências e controle, pois tenta manter uma vigilância sobre o “ex” marido, mesmo que estejam separados. Ela faz isso acreditando que tudo é válido, sobretudo quando está em jogo o bem-estar da família. Isso é mais fácil do que admitir e revelar que manter a aparência de algo que já acabou causa ainda mais mal à família, por que vive consigo mesma uma luta interna, quase sempre somatizando problemas, ou transferindo negativamente para o pensamento, e para as atitudes, as consequências desta luta.
A mulher separada, por um tempo se sente com falta de atrativos e procura melhorar a sua aparência. Tenta sair, porém falta motivação e o estímulo do encanto para o entretenimento, dança, bar, musicais, teatro, viagens, conhecer outras pessoas, etc., ... A vida financeira pode ser uma barreira, mas o que normalmente fala mais alto é que se sente deslocada para sair sozinha. Pior fica quando se vê como não merecedora.
Como tudo o que é novo, ela tem que se adaptar a tudo isso e passar a encarar com mais naturalidade o seu novo mundo para que possa dar nova cor à sua condição de mulher, mesmo com um rótulo de ‘separada’.
Quando ela não se adapta à sua nova situação, fica bastante depressiva e pouco otimista no que se refere à sua vida futura. Porém, o que percebemos é que algumas mulheres, apesar dessa condição imposta pela separação, muitas vezes uma condição de difícil assimilação, mantêm o forte sentimento de querer estar novamente junto de alguém. Se este sentimento tiver o devido crédito e tratamento, facilitará no envolvimento com outro homem e pode abrir caminho para uma nova relação a dois.
A mulher, quando está mais ciente de si mesma, consegue se olhar de forma mais realista. Percebe que ela tem que se valorizar. Caso contrário terá muitas decepções e frustrações nos relacionamentos, sempre que buscar seu valor através do outro.
Bem, é preciso entender que separações afetam relacionamentos, e relacionamentos não são exclusividade de pessoas casadas ou que moram juntas.
A mulher separada quando encontra um novo relacionamento, percebe o quanto deixou de ser ela mesma para manter a relação anterior. Nesta nova situação, sabendo o que não funciona no mundo a dois, inicia a nova relação de forma mais livre. Com isso, o que vemos são mulheres separadas que conseguiram guardar aquele espírito de solteira, que na verdade é a valorização de si mesma, por serem assim, estas mulheres rapidamente se envolvem em um novo relacionamento.
De forma contrária, ao se deixar desvalorizar, esse sentimento acaba por prejudicar a nova relação que cedo passará a ser conflituosa e insegura. Sem surpresa, agirá tentando manter o controle de tudo, se comportando seja como vítima seja com superioridade da salvadora, pode até assumir um comportamento competitivo para provar que é melhor que o outro, mas novamente, deixará de ser ela mesma.
Mulheres que não aceitam a separação carregam-na como um drama e normalmente passam por dificuldades, pois não conseguem se desligar do velho. Com isso não tem olhos para o novo.
Nos casos mais críticos, a relação de todos fica comprometida por esse sentimento de perda, provocando muito ressentimento e interferindo na vida de cada membro da família de forma negativa. A família toda vive o drama.
Num outro cenário vemos mulheres que decidiram por um novo relacionamento e nele conceberam filhos. Se chegarem a este novo relacionamento com filhos do casamento anterior, a adaptação terá suas particularidades. Mulheres nesta condição devem ter ainda mais força e autoestima.
O comportamento da mãe de achar que à filha ou ao filho ela deve compaixão conjugada com submissão, faz com que eles acreditem nisso como coisa certa e real. “Coitadinho” é o adjetivo mais comum na separação com filhos.
Como a mãe muitas vezes mantém a guarda dos filhos do primeiro casamento, é normal que trabalhem isso no novo relacionamento com muito cuidado para que eles não se sintam infelizes nessa nova vida que ela vai oferecer. Algo que merece ainda mais atenção se ela não viveu essa experiência com seus pais, pois fica muito difícil aceitar e encarar com naturalidade essa nova situação. Carrega secretamente a culpa de não ter conseguido manter a família no formato original.
O medo da perda do amor dos filhos faz com que ela reaja de forma indecisa e procure favorecer a vontade dos filhos para evitar deixá-los frustrados, uma atitude com a intenção de diminuir o seu sentimento de culpa.
Não obstante, os filhos reconhecem esse sentimento e começam a usá-lo por ter necessidade de toma-lo em seu benefício próprio.
Nesta condição, a mulher como mãe deve ter consciência deste sentimento de culpa e perceber sem dramas que reveses também fazem parte de certas mudanças importantes da vida e que interferir no curso dos eventos não é algo que depende exclusivamente dela, e assim, passará a olhar para os filhos de outra forma. Eles irão notar que seu comportamento está mudado. Observarão que a mãe está mais decidida.
Vamos a um caso como exemplo, dentro vários tipos diferentes para avaliar caminhos e possibilidades numa separação.
Há algum tempo atrás, Laurene e Cleber, depois de nove anos de casamento e dois filhos, se separaram.
Laurene no início não conseguia aceitar essa separação e não conseguia sequer se ver em outra situação com outro homem, pois acreditava que seria muito difícil para os filhos.
Alguns anos se passaram até que Laurene encontrou Raul e com pouco tempo, ao contrário do que ela imaginava, já estavam vivendo juntos. A família cresceu com a chegada de um terceiro filho. O filho de Laurene e Raul.
Laurene e Raul foram se adaptando a essa condição e aprendendo um com outro, mas a diferença para Laurene era que esse relacionamento começou diferente. Ela estava mais madura e agora sentia que podia expor seus sentimentos e recebia a compreensão de Raul. Sabia o que não funcionava no relacionamento anterior e expressava sem receios suas opiniões e vontades.
Laurene e Raul conquistaram a confiança entre si e conseguiram com isso criar um ambiente maduro e transparente, próprio de um relacionamento de pessoas que se valorizam e se respeitam, com clara compreensão das responsabilidades que assumiram.
Laurene assimila a separação, entende Cleber e o enxerga como pai dos filhos do primeiro casamento, sabe que Cleber a entende, isto afasta qualquer rancor e recupera a energia de família adaptada a esta nova situação [1]
Neste exemplo, Laurene aprendeu que mulheres separadas que tem um novo relacionamento ampliam os laços familiares, no sentido de que os filhos do primeiro casamento passam a ter mais duas famílias e disso se originam novos fatos, novas influências e novas preferências.
Se os pais da união original expressam a forma de se relacionar com respeito e reconhecimento, conscientes da importância da integração (o que às vezes fica difícil no começo, mas só tende a melhorar) será um caminho fundamental para filhos se sentirem seguros e participantes reais no novo modelo de família.
Os filhos são reflexos do relacionamento dos pais.
Numa relação de respeito é importante que nenhuma das partes pretenda ocupar um lugar que não lhe cabe no mundo dos círculos familiares. Laurene, Raul e Cleber, tinham clareza sobre isso, uma clareza que foi adquirida ao longo do tempo por pessoas que estão seguras de si e respeitam espaços.
Depois de alguns anos, o filho mais velho de Laurene necessitou do convívio do pai, assim como o fez um pouco mais à frente o seu segundo filho.
Laurene sentiu que tinha que se adaptar, e com passar do tempo, a vida mais uma vez veio com isso ensiná-la a sempre soltar-se e não resistir à mudança.
Viver com a realidade, sem muitas expectativas. Isso seria bom para todos viverem melhor as transformações.
Mesmo sentindo falta da presença constante e diária de seus filhos no convívio em casa, sua nova forma de olhar para eles lhe deu a segurança de que a experiência de viverem juntos numa outra relação familiar durante aqueles anos com seu novo marido foi importante para todos.
É verdade que há finais felizes nestes casos, mas lamentavelmente ainda são poucos, muitas vezes acontecem depois de anos, e é preciso ter muita fé e convicção para considerar a espera uma coisa compensadora.
Ainda vemos mulheres usarem de tudo para obter a conciliação por um amor que para ela ainda existe, mas a verdade é que não conseguem aceitar a perda de seu lugar especial, ou pior, ser trocada. Uma mulher assim vive uma vida pobre emocionalmente, sempre tentando atrapalhar o outro, principalmente se imaginar ou estiver convicta que ele agora vive uma vida feliz sem ela.
A herança legada no altar de jura de amor eterno é muito forte, quando essa jura atua após a separação, a mulher separada carrega dentro de si a recusa em aceitar a situação da separação. Ela demora em romper esse sentimento e muitas vezes não o rompe e vive a sua vida inteira a condenar o causador da separação.
Mas, isso vale tanto para homens como para mulheres, pois a parte que separa já conseguiu romper essa tradição, porque encontrou ou está disposta a encontrar outra pessoa que lhe faça mais feliz. Quem procura a separação possui essa consciência. Já a parte que é comunicada da separação, sente-se traída e abandonada e se mantém na recusa de viver essa condição.
No momento que a mulher consegue se desligar dessa situação sentirá que não havia amor e sim um orgulho muito grande em não ter sido a mulher especial e eterna para o seu marido. Porém, quando se abrir para um novo relacionamento conseguirá compreender o outro já que compreende a si mesma.
[1] Bert Hellinger, no seu método Constelação Familiares percebeu que a ordem tem que ser respeitada, no caso de casais, a mulher tem que colocar a ordem para o primeiro marido e aceitar que independentemente da situação ele sempre será o primeiro e terá que colocar essa ordem para que possa equilibrar seu sentimento interno e conseguir soltar.
“O que tentamos agarrar, desaparece. O que deixamos, se livra da perda e é acolhida com algo que preserva” - Bert Hellinger.
Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma
Direitos autorais Margareth Maria Demarchi
Cometários: e-mail [email protected]
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