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É depressão ou é despertar?

Atualizado dia 2/28/2018 4:27:47 PM em Autoajuda
por Fernanda Luongo


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Conversando com um amigo bem próximo ontem à noite, percebi que uma certa onda, do que nominamos a princípio como desânimo, tem acometido as pessoas ultimamente.
Notamos, entre um grupo de conhecidos, uma falta de sentido de propósito e de vontade de atingir um certo status determinado socialmente como almejado ou aceitável, objetivando o que nos foi apresentado desde tenra idade como “sucesso”.

Me dei conta, através deste diálogo, de que não estaríamos com depressão, mas, que talvez estivéssemos sofrendo do que vou nominar aqui como “conscientização da nudez”.
Nudez, do latim Nuda que significa: ausência de vestimenta, escassez de enfeites, de adornos; privação, falta do que confere brilho, vivacidade, vigor; caráter ou condição do que é ou se apresenta de modo simples, desadornado, sem complexidade; singeleza, simplicidade, transparência etc.

A conscientização da nudez estaria, neste caso, conduzindo-nos a uma descoberta ou redescoberta de nossa própria realidade sem fantasias ou ilusões. De fato, o que muitos julgam como quadro “depressivo” pode apenas estar relacionado a um processo natural de despertar. Isso não precisa ser classificado como ruim ou alarmante. Não se perde a vontade de viver por se descobrir nu!
Seria uma insanidade se fosse o contrário, uma espécie de lúpus da consciência. Você descobriria sua natureza real, mas não a reconheceria, tratá-la-ia como uma ameaça e lutaria contra ela até o aniquilamento. Isso sim seria “insano-depressivo”. Não o contrário.

Veja bem, não estou com isso afirmando que todos aqueles que porventura perderam o ânimo não possam desenvolver depressão e muito menos negando a existência da doença em graus elevados e preocupantes, apenas estou esboçando que existem outras razões para a desistência de buscar aquele lugar ao sol que tanto a sociedade nos ditou e que não há problema algum em “estar bem como se está”. A conscientização da nudez pode lhe fazer perder o interesse por aqueles grandes feitos, realizações estrondosas, reações dramáticas frente aos fracassos e desafios e lhe fazer tirar todo o brilho e glória de suas próprias conquistas até aqui. As coisas não têm valor, nós é que damos valor a elas. As coisas são o que são. É simples, mas nós insistimos em complicar e talvez seja por isso que existam tantos diagnósticos de depressão por aí. Não há Cristo que consiga lidar com tantas expectativas, tantas máscaras, tantos personagens e tantas ilusões.

As roupas que usamos são fantasias que nos entorpecem.
Nós nascemos nus e vamos morrer nus, mas neste ínterim nos enchemos de roupas que criam ilusões e conceitos a nosso respeito: hippies, hipsteres, patricinhas, mauricinhos, nerds, esquerdistas, conservadores, gays, negros, asiáticos, cristãos, judeus, liberais etc.. A depender da “roupa” que usamos (e isso pode ser a vestimenta material ou o rótulo/ título) somos tachados disso ou daquilo, a depender da máscara que vestimos somos julgados por isso ou por aquilo outro. Até aqui, não é saudável, mas com um pouco de maturidade, autoestima e autoconfiança a gente aprende a lidar. Agora, triste é quando nós próprios passamos a acreditar nessa fantasia toda que vestimos.

Sem as fantasias, os títulos, as roupas, as preferências, você está nu. Você é aquele ser normal como qualquer outro, que veio ao mundo como qualquer outro e que vai deixar o mundo como qualquer outro. Não há nada de especial ou extraordinário nisso. Não há nada de terrível nisso também. É tudo tão normal, que eu simplesmente me indago a razão de termos nos afastado tanto da natureza real das coisas.

A gente tentou embelezar tanto o cenário que a priori passamos a fazer um esforço tremendo para aniquilar o que classificamos como ruim: o feio, a tristeza, a raiva, a decepção, a inveja. Sendo que a Natureza não é feita apenas de dias de sol. Temos a chuva, e daí podem advir enchentes que podem destruir cidades. Mas isto é terrível! Aprendemos a viver apenas onde tem sol, daí vem a chuva e ficamos depressivos. Nossa sociedade foi construída por doentes mentais, só pode ser!

Depois de fingir que não existem altos e baixos naturais, a gente ainda se apega aos conceitos do que somos ou de como temos que parecer aos outros. Estudar, se formar, ganhar dinheiro, constituir família, ser magro, ter os dentes brancos, a pele perfeita aos 60 anos, e prestar um serviço voluntário à comunidade são obrigações de todo e qualquer cidadão. Se você não atingiu estes patamares, não se encaixa e já pode se afiliar ao clube dos depressivos.

Como lhe soa isso? Absurdo! Mas, se você ainda se olha no espelho e se acha um fracasso absoluto ou um sucesso estonteante acho que ainda tem tempo de preencher essa ficha no clube da depressão.
Agora, se você simplesmente está numa boa, nem indo, nem vindo, nem almejando nem desistindo, apenas aqui e agora desfrutando de sua presença absoluta e enxergando o seu inestimável valor exatamente do jeito que é, comum e extraordinário ao mesmo tempo, você está sofrendo da conscientização da nudez.
Pode ser desconfortável a princípio, como quando você vai assistir a uma peça onde os atores estão nus, ou quando vai a uma praia de nudismo pela primeira vez. Com o tempo tudo vai ficando normal, natural e a nudez física se transforma em algo tão secundário que o que é real mesmo, a essência, aparece.

Se você entrou no estado da conscientização da nudez, parabéns! Só posso felicitá-lo por isso. Sei que a jornada é árdua e o trabalho constante pois podemos nos perder facilmente nas ilusões de nossas próprias vestes. Bem-vindo à realidade! 
Texto Revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Fernanda Luongo   
Cantora, escritora, autora de três obras literárias já publicadas no país, terapeuta holística, registrada no Conselho Nacional de Terapia Holística CRT: 46.801 e originadora do Método Akhenaton®.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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