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4 - Swami Galvão, o místico, em... vida e morte! (parte 1)

Atualizado dia 9/27/2007 11:23:21 AM em Autoconhecimento
por Alex Possato


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Enquanto caminhávamos pelas ruas apinhadas de gente do bairro da Liberdade, resolvi puxar assunto:
- Você vê televisão?
- Não! Respondeu ele, monossilabicamente.
- Sabe, ontem eu estava assistindo a um telejornal e vi uma coisa que me espantou. Um sujeito transtornado atacou a sua própria família a marteladas, matando a esposa, os filhos, e depois saiu alucinadamente martelando os carros que estavam estacionados. Quando a polícia chegou, ele também a atacou. Então foi baleado e morreu! Como pode acontecer uma coisa dessa?
- O que aconteceu?
- Caramba, você não ouviu? O cara que deu as marteladas e...
- Sim! Ele me interrompera, como era de costume. Mas o que você quer saber? Como pode acontecer uma coisa dessa? Isso é pergunta? O que você quer saber de verdade?
- Eu quero saber por que uma pessoa pode ficar assim tão transtornada, cometendo um crime tão bárbaro!
- Olha, meu... vamos por partes, como dizia o Jack... Mostre-me uma mente que não é transtornada, desafiou-me.
- Ah, lógico, a minha não é... Eu nunca faria uma coisa dessas...
- Calma lá! Estou falando de mente. A mente não faz. Quem faz é o corpo. O que leva os miolos de um cara fritarem tanto que ele sai martelando gente por aí?
- São os pensamentos malucos. Pensamento de perseguição. Sei lá... Respondi.
- Carinha, todos os pensamentos são malucos. Vamos ver uma coisa: vai dizer que você nunca se sentiu perseguido, nunca sentiu que alguém não está dando bola para você, que alguém está faltando com o respeito... Já?
- Claro!
- Pois é. Todo mundo, a todo instante, se sente percebido, vigiado, injustiçado, mal amado... Assim é a mente. É como um cachorrinho mimado, fazendo um monte de besteira para ser percebido. Quando o maluco se identifica com este cachorrinho, ele acha que a mente é ele, que os pensamentos são tudo reais, e começa a alucinar... Todo mundo que não percebe isso está alucinando. Todo mundo acha que suas idéias são reais e que eles são o que pensam... Que besteira!
- Mas eu não sou o que eu penso?
Swami sacou um cigarro do meio das suas vestes coloridas. Lentamente acendeu, e soltou profundas baforadas, apreciando cada segundo da nicotina que entrava em seus pulmões... Não parecia ter nenhuma pressa na vida, e a sua resposta veio depois de uma eternidade:
- Não! Você está vivo, você tem vocações, tem um direcionamento que existe em si e nunca foi criado com a mente. Você tem algum talento?
- Sim, vários! Sei tocar violão, gosto de escrever, falo bem...
- E você pensou em desenvolver estes talentos ou eles simplesmente surgiram?
- Alguns vieram sem eu perceber. Outros eu me desafiei a melhorar... mas acho que o talento e a vontade já existiam... não foram criados pelo pensamento!
- Sacou, cara! Tenta criar uma vocação agora, neste momento, com a mente, e vê se você vai achar real. Fala para você mesmo: eu vou dirigir carro de corrida igual ao Senna! Ou sem forçar muito: vou ser um piloto de ponta! Dá?
- Não dá.
Íamos falando enquanto descíamos a rua Galvão Bueno. Os letreiros em japonês passavam lentamente, ao ritmo do nosso passo, mas o papo estava tão interessante que eu não percebia a multidão esbarrando em mim, aquelas centenas de rostos orientais desfilando em meio aos ocidentais, o cheiro de bolinhos de arroz, yakissoba e temperos invadindo minha percepção. Swami atingiu meu braço com o seu cotovelo, querendo dizer alguma coisa:
- Sabe o caso que você falou, o do martelo? Perguntou.
- Sim.
- A mente dele é tão transtornada quanto a de qualquer ser humano. A diferença é que cada pessoa tem um filtro, um departamento de censura, que impede que você passe do limite socialmente aceito. Sabe aquele carinha de oclinhos, o Freud?
- Sim, óbvio. O pai da psicologia moderna.
- É, esse cara já tinha descoberto que todo mundo tem um monte de piração na cabeça. Não existe nenhuma diferença entre uma mente e outra. Todo mundo pensa em sexo, de diferentes formas, todo mundo tem raiva, mágoas, maus sentimentos, vontade de fazer coisas proibidas. E também tem valores, bons sentimentos, vontade de agradar e ser agradado... A diferença é você deixar os pensamentos doidos dominarem... ou não! Até o Freud transava com suas clientes...
- Acho que entendi... só que tem uma diferença entre eu tomar duas cervejas a mais do que deveria, transar com os clientes e dar uma martelada na cabeça de alguém! Ou não?

Parte 2

Aruanan
Consultor, terapeuta PNL e Constelação Familiar e escritor
Encontro gratuito: O caminho do equilíbrio
Cursos e Workshops
www.nokomando.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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