SHEHERAZADE: UMA TERAPEUTA DAS ARÁBIAS
Atualizado dia 12/1/2007 6:21:54 PM em Autoconhecimentopor Alberto Carlos Gomes Lomba
Tudo começou quando o rei da Pérsia, Perisa, não sendo ambientalista convicto, não quis aceitar dois galhos nascendo em sua testa, o que atrapalhava o uso do turbante real. Revoltado e indignado com a traição da sua rainha prometeu vingança cruel. O alvo: as belas virgens do reino. Assim, a cada noite, lá ia para seu leito uma inocente jovem que pela manhã perdia seu lindo pescoçinho sendo degolada.
O vizir, pai de Sheherazade, andava preocupado com os resultados do IBGE árabe que a cada ano mostrava a diminuição da população feminina. Sem dúvida, um fato social de grandes proporções. Vai daí que a linda menina resolveu ajudar o pai e se sacrificar por uma grande causa. O que, na verdade, não seria bem assim. Ela tinha planos para viver muito, além de gozar das mordomias do palácio.
Quando o cruel rei olhou para Sheherazade ficou encantado com a linda moçoila. Mas estava resoluto: seria morta pela manhã. Logo na primeira noite Sheherazade estava soberba! Usava um modelito do mais conceituado estilista da corte. Com um belo sorriso serviu vinho e tâmaras ao rei, mostrando suas curvas. Quando Perisa, o rei, começou a querer falar ela colocou as doces mãozinhas em sua boca e iniciou uma linda lenda. Fascinado com a história nem percebeu o dia amanhecer.
Hora da degola! Sheherazade, muito da esperta, parou no melhor da festa. “Mas como?”, disse o rei. “Seu bobinho! Você acha que vou ser degolada?”, pensou a menina que com um sorriso disse infantilmente: “Se vossa majestade quiser, continuo hoje à noite!”
Veja bem! Sheherazade usou, naquela época, os recursos da mídia moderna. Deixou o homem curioso. Como a Globo faz nas novelas. Bem... e assim, noite após noite, lá ia a preferida do rei contando lendas que tinham mistérios, amores e até traição.
É claro que depois de quase três anos, exatas 1001 noites, o rapaz já estava apaixonado pelos dotes físicos da moça que ficou mais bonita sem contar sua vasta literatura. E não a matou, ao contrário, casou com ela.
Isso deveria ser apenas uma simples introdução. Empolguei-me com as peripécias dessa terapeuta das arábias e estiquei o texto. A proposta do artigo era desvendar os mistérios de nossa mente. De não sermos dependentes. Não fazermos expectativas. Não nos deixarmos levar pela negatividade de fatos e voltarmos aos projetos sempre na certeza de que um dia darão certo.
Sheherazade mostrou isso. Por que? Porque ela tinha um plano. Um plano de vida de sobreviver à degola. Quanto a nós, queremos tudo do mundo. Mas não temos planos. Ficamos à deriva no mar revolto da sociedade.
Espero que o artigo sirva de motivação. Percebam que não terminou. Poderia ser “as mil noites”. Mas Sheherazade resolveu colocar mais uma, dando a entender que a vida sempre continua e que cada um de nós temos a nossa magia e mistério que só devemos desvendar aos poucos.
"As mil e uma noites", clássico da literatura árabe, escrito no século XIII.
Devemos sua tradução no ocidente, ao estudioso francês de literatura oriental, Antoine Gallard, que em 1704 editou o livro.
Texto revisado por Cris
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