A Alma e o Coração da Baleia - Pequena Reflexão
Atualizado dia 6/28/2007 11:26:35 AM em Autoconhecimentopor Academia Mental
1. Há coisas intocáveis? Quais são?
2. O mal, estando feito, pode-se repará-lo?
3. A destruição está ligada com a incompreensão?
4. Matar e destruir são coisas diferentes?
"Era uma vez um corvo, muito bobo e convencido, que voou para bem longe e foi para o mar. Exausto de tanto bater as asas procurou um lugar para descansar, mas não avistou nenhum pedaço de terra no meio de toda aquela água. Vou morrer afogado, suspirou, já sem forças para continuar voando.
Nesse exato momento uma enorme baleia subiu à tona e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta. Foi parar na barriga da baleia onde, para o seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e confortável, bem iluminada e quentinha.
Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma lanterna. "Fique à vontade", disse ela amavelmente. "Mas, por favor, nunca toque em minha lanterna." O corvo feliz da vida prometeu que jamais faria tal coisa.
A moça parecia inquieta; a todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar na cama. "Algum problema?", o corvo perguntou. "Não...", ela respondeu. "É só a vida... A vida e o ar que se respira." O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim, quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na lanterna para ver o que acontecia. E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.
O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enjoado. Inutilmente ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que arrancou todas as penas. Agora é que eu vou morrer congelado, choramingou, tremendo até os ossos.
A moça era a alma da baleia que a impelia para a porta toda a vez que enchia os pulmões de ar. Seu coração era a lanterna acesa. Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. Agora a baleia estava morta e guardava em seu interior o pássaro intrometido.
Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou no dorso daquele imenso defunto. Ensebado, sujo, depenado, era uma tristíssíma figura.
A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram para a praia. Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia. O corvo também os viu e se transformou num homenzinho feio e estropiado. Então, em vez de confessar que se intrometera onde não fora chamado e destruira algo de belo que não conseguira compreender, pôs-se a gritar: "Eu matei a baleia! Matei a baleia." E assim se tornou um grande homem entre os seus pares."
Questionamentos e Reflexões:
1. Há coisas intocáveis? Quais são?
Sim. A essência.
2. O mal estando feito, pode-se repará-lo?
Não. Mas, sim, mudar de atitude em novas situações.
3. A destruição está ligada com a incompreensão?
Não. E, sim, com a curiosidade desmedida.
4. Matar e destruir são coisas diferentes?
Sim. Matar não permite reconstrução.
Comentários:
A partir de uma proibição cria-se uma curiosidade desmedida que, geralmente, leva à destruição por falta de conhecimento. Com isso a única possibilidade é tentar reconstruir o que for possível, utilizando outros referenciais de valores.
Texto revisado por Cris
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