A DANÇA MÁGICA
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Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/7/2004 4:42:24 AM
Sou mesmo uma "cabeça-de-bagre". Era assim, que "Seu" Querino, um velho e querido pescador, nosso vizinho numa perdida prainha catarinense, carinhosamente me admoestava com seu sotaque tipicamente "catarina", cantado e chiado, quando criança, eu insistia em não ouví-lo e repetia os mesmos erros, teimosa:- Curruíra! Não me ouviste, não? Por que não te emendas, "cabecinha-de-bagre"!
A expressão era uma alusão à "cabeça dura", pois a cabeça deste peixe é excepcionalmente resistente.
"Seu" Querino e dona Felina, sua mulher, foram personagens importantes que alimentaram fertilmente meu imaginário infantil com doces fantasias, nas suas lendas simples, povoadas de seres mitológicos que habitavam as profundezas do mar, ensinando-me a amá-lo e respeitá-lo, sem temê-lo. Abençoaram minha alma e minha arte com suas vidas e seu amor por mim. Naquele tempo, a cada volta das férias, eu renovava o sonho de um dia ser pescador, assim, no masculino mesmo, e rendeira, para poder sentir para sempre, o prazer de escutar o tilintar delicado dos bilros de madeira batendo uns contra os outros nas mãos enrugadas mas ágeis de dona Felina tecendo, mágica, a filigrana alva da renda, naquela dança ritmada.
Falei deles porque, por estes dias, tendo passado por sérias dificuldades, deixei-me afundar na tristeza sem reagir e repeti um comportamento tipo "cabeça-de-bagre", que não aprende a, reconhecendo logo o inimigo, evitá-lo e não entrar no jogo enganoso.Assim, demorei mais do que devia para vir à tona, mas, um livro de um amigo querido, a quem serei sempre grata por ter orientado e amparado meus primeiros passos no caminho da poesia, que hoje peguei ao acaso, deu o impulso que faltava para que eu resgatasse a alegria e a força para da proxima vez lembrar de "Seu" Querino, não ser uma cabeça dura e não ir a pique.Transcrevo com muito carinho e gratidão o trecho do livro que me fortaleceu com sua magia pois fala do povo cigano,hábeis jogadores da vida, para quem ganhar ou perder é uma consequência natural do fato de estarem vivos.Uma lição de liberdade, alegria e simplicidade. Não sei até agora como assuntos tão distintos e distantes cronologicamente vieram se encontrar aqui no meu texto.Quem sabe, o importante não seja entender, mas, sentir,"porque o que não se toca mas se sente, faz a diferença em nossas vidas", como escreveu outro querido amigo na dedicatória de seu livro, para mim! Mas, esta... já é outra história!
Claudette
A DANÇA MÁGICA
MÁRIO SCHERER
Quando desejo alguma coisa, lanço meus sortilégios e o céu estremece, porque eu vou conseguir o que quero! Duvida? Creio que não! Por isto faço um convite a você. Venha comigo! Vamos dançar juntos ao redor da fogueira que a tradição de meu povo faz arder a séculos. Vou ensinar a você pequenos segredos que aprendi com minha mãe,que aprendeu com minha avó...Primeiramente vista seu coração com panos coloridos, colares dourados e muito riso. Ante um coração alegre não se opõem obstáculos, mas pelo contrário, as portas se abrem e todos a ele acorrem, Portanto, sorria! Nós, ciganos, fomos perseguidos por séculos e somos incompreendidos. Entretanto, amanhecemos sorrindo e, até à noite, continuamos sorrindo para a vida. Por isso faça como nós, sorria! A nossa alegria é fruto de uma constatação diária: a liberdade é um estado natural entre todos os seres que compõem a vida. Por isto, vivemos com naturalidade em ambientes abertos e intimamente ligados à natureza. Seja livre como nós! Arme o acampamento no seu coração florido, e a despeito do que ocorre ao seu redor, abra um enorme sorriso... Quando você enfrenta dissabores e deixa de sorrir, sorri o seu inimigo... A sua fogueira mágica se apaga e os poderes que você detém se esvaem...Aprenda isto e sorria! Venha, vamos dançar! Solte seu corpo, remexa seus quadris e liberte seu coração. Deseja aprender os sortilégios ciganos? Então dance! É a primeira lição.
Dançando, seu coração se fortalece! As amarras se soltam e os que tentam manipulá-lo, ficam atônitos com a sua reação. "Nós o perseguimos, falamos mal dele, tentamos fazer com que sofra, entretanto ele dança!" dirão confusos.
Contudo, se seu sofrimento é muito pesado e as armadilhas da vida o cercam por todos os lados, o que fazer? Dance assim mesmo, com os olhos cheios de lágrimas se for preciso; dance com seu próprio sofrimento se for o caso. Dance sorrindo ou chorando, sob a chuva de um dia frio ou numa misteriosa noite com gosto de luar.
Os fatos adversos, a falta de dinheiro, as inúmeras desgraças que a vida interpõe em nosso caminho, não vão lhe impedir de continuar vivo. Portanto dance, pois isto dará a você a sensação de liberdade que seu coração pede! Lance seus braços para o alto fazendo tilintar suas pulseiras de latão polido e assim as algemas duras e frias da dor serão partidas. As próprias lágrimas relutarão em escorrer pela face de alguém, cuja confiança o faz dançarino.
Observe! Não havia música, mas ela vem chegando, porque você dança! Por isso, também o céu, até a pouco escuro já mostra uma lua cor de prata a brilhar para você. Porque seu corpo se agita na coreografia da esperança, no compasso gostoso de um coração livre, mesmo que o corpo esteja cercado de grades e prisões. O som dos violinos torna-se mais forte e os ciganos velhos, herdeiros de sabedorias milenares, batem palmas compassadas enquanto dançamos. Eles conhecem bem o bálsamo do riso e o poder da dança. Vamos bater palmas com eles, pois elas despertarão para nós uma verdade tão presente, que nos fala que a felicidade mora aqui dentro de nós. E que depende só de nós. Pois ninguém pode nos fazer felizes se não temos a felicidade em nossos corações. E o contrário também é verdadeiro, mesmo que alguém deseje muito, não conseguirá quebrar nosso coração, que é o cofre da nossa alegria. Vamos gritar juntos, enquanto bailamos: "Ja inkiá farmitchaica!" para espantar as malignas feiticeiras.
Responderemos às provocações com nossa dança; às repetidas ingratidões, com o rodopio que fazemos em torno da fogueira da nossa determinação de sermos felizes, a despeito de tudo!
A VOZ DA CIGANA- MÁRIO SCHERER
PORTO ALEGRE: ED. SULINA, 1995
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