A deteriorização dos valores.
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/11/2012 07:23:57
A deteriorização dos valores.
A vida é dinâmica e rápida. As coisas ocorrem movidas por uma força propulsora, cuja origem está além do controle do Ser Humano. Assim, mudanças acontecem a cada momento. Há um ditado que diz: "Todas as regras devem ser conhecidas; algumas para serem cumpridas e as demais para serem alteradas". Quando se estabelece uma norma, uma regra, isso é feito baseado nas ocorrências da época em que o procedimento foi instituído. Com as mudanças, elas ficam ultrapassadas, já não contemplam mais todos os pontos que deveriam e então, precisam ser atualizadas.
O Homem tem uma tendência natural de não querer alterar suas rotinas. As mudanças tornam-se incômodas e, mais do que isso, geram inseguranças e ansiedades.
Ao nos referirmos a valores, estamos falando de situações que possuem importância, significado e portanto, respeitadas em consenso pela sociedade que as atribuiu. Podemos então dizer que um valor se altera quando se modifica a importância atribuída a ele. Seu significado passa a ser outro e não mais o original.
Isso por si só não é bom nem mau. Mas suas conseqüências, de acordo com suas aplicações, poderão ser positivas ou negativas. Um forte exemplo positivo foi o reconhecimento da igualdade entre a mulher e o homem, concedendo a ela o direito de compartilhar e/ou competir com este em todos os segmentos, quer seja no trabalho, no meio social, familiar, etc.
É através do repensar os valores e adequá-los às situações atuais que vamos evoluindo e melhorando nossa condição de convivência com os demais.
Mas há algo que está acontecendo numa rapidez "assustadora" que é a falta de reflexão acerca dos resultados que as alterações que estão sendo praticadas nos levam. Valores sobre o Ser Humano, que estão sendo destruídos por nós, sem a mínima consciência da grande maioria, de para onde isso irá nos levar.
Respeito ao outro é um dos valores que estão sendo modificados. Honestidade é outro referencial de ação que já não tem eco nas inter-relações. Estamos caminhando a passos largos para o "abismo interior", onde mesmo nas conquistas externas não ocorre a satisfação que seria inerente a elas.
Antes o ganho era em função do homem, hoje o homem vive em função de ganhar.
Mas tem-me chamado muito a atenção uma das principais causas, não das mudanças de valores, mas sim das deteriorizações, das quebras dos valores: as concessões. Em nome da "flexibilidade" tem-se permitido abrir concessões que premiam o erro e punem os que seguiram dentro do estabelecido.
Ser flexível é uma qualidade que todos devemos cultivar. Ser flexível significa não nos agarrarmos a uma postura rígida e que não aceita ou permite outras visões, possibilitando assim a boa convivência entre as pessoas, as manifestações de idéias e pensamentos divergentes, sem que os mesmos se "degladiem". Na flexibilidade há muito a questão do respeito a si mesmo e ao outro. Na concessão, um sempre acaba beneficiado, em detrimento de outros tantos.
Na maioria das vezes a concessão traz embutida em sua aplicação, interesses que estão forçando sua realização, de forma a se beneficiar de contextos que foram negados ou não permitidos aos demais. Pronto, o valor se "quebrou".
Muitos podem estar se perguntando o que isso tem a ver com os aspectos psicológicos do ser humano. Quantos pais permitiram o uso de drogas leves por não as acharem perigosas e acabam chorando a perda de um filho? Quer ver outras situações onde isso ocorre? Em todas as vezes que você se perguntar: "Por que ele pode e eu não?". Sobre os valores ocorrem as construções internas.
Portanto, ao pensar em fazer uma concessão, reflita não apenas nos benefícios e na alegria de quem a receberá, mas no impacto que ela causará aos demais.
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