A energia que acolhe
Autor Flávio Bastos
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/6/2010 9:28:54 PM
Às vezes, a consciência nos orienta para estabelecermos contatos afetivos indispensaveis sob o ponto de vista da ética humana. São visitas para as pessoas de nosso círculo familiar ou de amizade, que encontram-se em situação de saúde debilitada.
Ontem, domingo, foi um dia destes, marcado por visitas distintas entre si e que, inevitavelmente, leva-nos à reflexões sobre o significado da vida e o valor de uma amizade ou de uma família. É o que veremos a seguir.
PRIMEIRA VISITA
Guilherme foi um excelente funcionario de uma instituição pública na qual trabalhei. Responsavel pelos serviços gerais, era uma pessoa simples, honesta, humilde e dedicada às suas tarefas de rotina, às quais envolvia-se com muito afinco.
Hoje, o compadre, pois sou padrinho de uma de suas duas filhas menores de idade, padece de uma rara doença degenerativa de origem genética que o limita cada vez mais no sentido da motricidade e da visão. No entanto, ele não desiste da vida, porque sozinho na guarda das filhas, sabe que as mesmas dependem dele para quase tudo.
Morador de uma comunidade pobre da periferia de uma grande cidade, Guilherme é, ao mesmo tempo, pai e mãe das meninas que educa com muito zelo, apesar da reduzida pensão por invalidez que recebe mensalmente da previdência.
Guilherme é um guerreiro que enfrenta a doença por amor à vida e às suas filhas. Não se entregar e lutar até quando as suas forças permitirem, é o seu lema. Por isso, apesar de sua limitada condição motora e enquanto as filhas encontram-se na escola, enfrenta as distâncias como pode e vai em busca do tratamento recomendado pelos médicos do SUS.
SEGUNDA VISITA
Nina, como é carinhosamente chamada pelos familiares e amigos, sempre foi - e continua sendo - uma pessoa alegre e espirituosa.
Deitada no leito de um hospital, a amiga de longa data recebeu-me sorridente e de braços abertos. Sua dor física e seu sofrimento, momentâneamente, transformaram-se num gesto acolhedor através de um afetuoso abraço. Eram duas almas amigas que se reencontravam. Ao lado do leito, depositado na mesinha de cabeceira, "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec.
TERCEIRA VISITA
O meu irmão mais velho sempre foi um materialista convicto, mas de bom coração. Médico e pai dedicado, cresceu profissionalmente graças ao seu talento, esforço e competência no âmbito do trabalho honesto e da ética.
Hoje ele é paciente no leito de um hospital. Recuperando-se de uma cirurgia, consegue fazer a leitura clínica de sua situação e projetar o futuro com relativo otimismo.
No entanto, de temperamento calmo e reservado, ele emite sinais de quem começa a despertar para a espiritualidade. Uma revista em que aparece Chico Xavier na capa é um sinal, assim como é sinal o questionamento dirigido à sua esposa: "Débora, quem é Deus pra ti?"
Ontem, sentado à frente de seu leito no hospital, veio-me uma certeza em forma de intuição sobre uma dúvida que persistia a respeito de qual livro deveria presenteá-lo. A partir desse momento não tive mais dúvidas, é o livro "Nosso Lar", psicografia de Francisco Cândido Xavier.
COMENTARIO
Três vidas, três situações envolvidas em diferentes níveis de dor e sofrimento humano. Situações pelas quais já passamos ou passaremos em algum momento de nossas existências.
O que seria de nós se não existisse nesses momentos de fragilidade física, o conforto, o lenitivo transmitido pela energia do acolhedor abraço ou pela mão estendida de nossos familiares e amigos? A troca de energias baseada na solidariedade e no amor fraternal que envolve todos os seres inteligentes do planeta, mas que nem sempre percebemos com os "olhos de ver"...
Pois ontem, no cair da tarde de um ensolarado domingo, ao sair do prédio da última visita e visualizar o complexo hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, onde a modernidade dos prédios mistura-se com a beleza dos jardins e das árvores numa curiosa harmonia, lembrei-me do livro "Nosso Lar" e do fato de como perdemos tempo quando deixamos de aproveitar a vida como oportunidade de evolução espiritual pela via de nossos sentimentos.
Sentimentos que revelam a sua intensidade através do contato e do calor humano imprescindíveis, tanto em situações de alegria e felicidade, quanto em situações de dor e sofrimento.
Precisamos aprender a conviver mais próximos de nossos semelhantes, ouvi-los, abraçá-los, pois a energia que hoje dispensamos no acolhimento de nossos irmãos é a mesma energia que amanhã nos acolherá em seu manto protetor.
Psicoterapeuta Interdimensional.
flaviobastos
Avaliação: 5 | Votos: 6
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
