A EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA
Autor Mani Álvarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/17/2006 4:47:15 PM
Foi na década de 60, em meio a muitas turbulências sociais e intelectuais, que a expressão «expansão da consciência» ganhou destaque. A princípio, por causa das experiências com o LSD em algumas universidades americanas; depois, graças às práticas orientais de meditação e yoga que ganharam o ocidente. De uma forma ou de outra, descobriu-se que a razão não era a única detentora da verdade e que havia outro caminho para se chegar a dimensões muito mais amplas e profundas da mente do que o exercício intelectual.
De lá para cá muito se descobriu a respeito da potencialidade da consciência humana. Muitas técnicas foram desenvolvidas com enfoque na cura, na criatividade, na valorização dos aspectos positivos da pessoa e no desenvolvimento de sua inteligência superior. Descobriu-se também o quanto a cultura dos últimos milênios «engessou» nossa capacidade de expandir a consciência e perceber outras dimensões da realidade.
Especialmente a abordagem transpessoal, criada na década de 60 por psicólogos americanos de mente aberta e visionária - Maslow, Fadiman, Sutich, Grof, entre outros - tornou possível a sistematização de uma metodologia própria através da respiração, visualização, regressão e reprogramação em estados modificados de consciência. Até então, tudo isso era praticado de forma confusa e sem um eixo de sustentação. A partir daí, a expansão da consciência pôde ser praticada com um objetivo específico, propiciando experiências transformadoras e radicais na pessoa, em sua visão de mundo, no modo como experiencia seu corpo, suas emoções e sua espiritualidade.
Muitos mistérios foram, então, trazidos à luz do dia por experimentadores casuais que nunca tinham ouvido falar em Plank, Einstein, Bohn, Sheldrake, entre outros. Esses cientistas, por meio do intelecto, chegavam às mesmas conclusões que aquelas pessoas comuns vivenciavam na pele, ou seja: o grande mistério de que a mente expandida transcende os limites do tempo, do espaço e da causalidade linear.
De forma simples e na maioria das vezes sem conseguir sequer explicar o que acontecia, muitos foram os que entraram em outros níveis da realidade conscientemente, sem transe nem descontrole algum e perceberam que a percepção de si mesmo se alargava, que podiam sentir a presença de outros seres, que podiam estar em vários lugares ao mesmo tempo, enfim, que estavam vivendo uma experiência inefável, indescritível, maravilhosa. E depois, a sensação de que algo tinha mudado verdadeiramente dentro de si, a consciência de um profundo despertar espiritual sem volta.
O mistério que desafia a nossa era é de onde vem tamanho poder que temos e não sabemos como acessar. Do cérebro? Dos neurônios? Os cientistas buscam, na matéria, algo que se encontra na origem dela. É como pensar que o aparelho de televisão é que cria e produz os programas que emite. A consciência usa o cérebro para se manifestar, mas não se limita a ele. O que se passa em nossa mente é da ordem do universo, pois quando se expande, a consciência respira junto com o cosmo.
Mas, através do nosso cérebro podemos monitorar o estado de nossa consciência. Por exemplo, quando medimos através do aparelho de eletro-encefalograma o magnetismo da atividade neuronal, encontramos 4 tipos de ondas vibratórias : Beta, Alfa, Teta e Gama.
Quando estamos em estado de vigília emitimos ondas Beta, de 40 ciclos/segundo. Vivemos nesse estado a maior parte do tempo. Achamos que nesse nível estamos plenamente despertos, porque percebemos o mundo físico através dos nossos sentidos sensoriais. Nossa mente está ativa e desperta. Será?
Quando fechamos os olhos e entramos num estado de relaxamento, nosso cérebro começa a emitir ondas Alfa, de 12 ciclos/segundo. Antes de dormir entramos nesse nível vibratório. É o estado que Jung chamou de «hipnagógico» e aqui percebemos uma realidade extra-sensorial, isto é, para além de nossos sentidos. É quando podem ocorrer pensamentos intuitivos e criativos, mas ainda ligados à forma.
Abaixo desse nível se encontram as ondas Teta, de 8 ciclos/segundo, que caracterizam um estado parecido à hipnose, inconsciente e profundo. O corpo permanece funcionando automaticamente e a pessoa pode ficar insensível à dor. Pouco se sabe sobre o que acontece nesse estado, mas é nele que a consciência começa a se abeirar do vazio e se tornar auto-consciente.
Quando o aparelho mede uma vibração de Delta, estamos em ondas que vão de ½ a 4 ciclos/segundo. Os sentidos se encontram completamente adormecidos e a pessoa parece inconsciente. Corresponde a um estado de sono profundo, de coma ou de anestesia geral. O que se passa na consciência nesse momento? Esse é o maior mistério que podemos conceber. Todos nós vivemos isso diariamente à noite, quando dormimos e nada sabemos dele.
A Transpessoal se utiliza da expansão da consciência de forma gradativa e segura, com a finalidade de ensinar que é possível a qualquer pessoa conduzir a sua própria consciência a um lugar de paz, harmonia e calma interior. É claro que em níveis mais profundos podem aflorar lembranças dolorosas do passado, que foram bloqueadas no inconsciente e que são origem de muitos problemas no presente. É por isso que o método deve ser seguro e gradativo, porque nesses estados a pessoa desperta também para seu potencial de cura.
Por isso o trabalho com a expansão da consciência, ao mesmo tempo em que possibilita a liberação de memórias antigas e padrões repetitivos na vida de uma pessoa, também abre todo um potencial de inteligência superior, liberando o acesso a uma vida mais saudável, plena e realizada no futuro.
É importante acrescentar que a Transpessoal possui formas de lidar com nossas identificações e projeções imaginárias, os maiores impecilhos para o desenvolvimento espiritual. Muito do que se diz hoje não vem do Eu Superior e sim, de um ego mal trabalhado. Por isso, o trabalho com a expansão da consciência deve ser iniciado com muito critério, com os pés no chão e sem muita fantasia. Só então os portais da sabedoria, da cura e da inteligência superior se abrirão para nós.
Mani Álvarez
Psicanalista de orientação Transpessoal e docente do Humanitatis - Instituto de Formação Transpessoal, em Campinas.
www.humanitatis.com
Texto revisado por Cris
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