A felicidade se conquista
Atualizado dia 12/14/2007 12:58:11 PM em Autoconhecimentopor Maria Isabel de Oliveira
Ser solidário com os infelizes não significa atirar-se ao poço em que estão, mas lançar uma corda para que possam subir. É completamente inútil atrair a infelicidade para nós próprios por um sentimento de compaixão para com os outros. Para ser solidário de modo eficaz é preciso, primeiramente, ter acesso a uma paz e um contentamento incondicionais, que sejam interiores e não dependam da maré inconstante do dia-a-dia. Depois disso poderemos colocar algo dessa paz ao alcance dos outros e irradiá-la, aos poucos, para todos os seres. Essa felicidade é feita de desapego, desprendimento e renúncia, e conquistá-la não é a coisa mais fácil do mundo.
Olhando serenamente a dor humana, posso ver que toda ela é parte da nossa caminhada coletiva em direção a novos níveis de aprendizado espiritual e de bem-estar. Apesar de toda a nossa ignorância tenho a impressão de que a humanidade está destinada a alcançar um dia um esplendor sem limites, conforme sugere a história do sonho de Jacó.
Gênesis, 28, conta que Jacó — durante uma viagem — parou para passar a noite em certo lugar porque o Sol já se havia posto. “Tomou uma das pedras próximas, colocou-a sob a cabeça, dormiu e teve um sonho. Eis que uma escada se erguia sobre a Terra e o seu topo atingia o Céu, e anjos de Deus subiam e desciam por ela!” Talvez, dormindo para o mundo das aparências, possamos perceber a escada de Jacó que nos eleva até o nível divino, e ao longo da qual trabalham os mensageiros da sabedoria eterna.
Assim como o amor é mais atraente que o ódio, também a felicidade é mais atrativa que a dor, e a espiritualidade que o vício. Quando o homem experimenta o verdadeiro bem, ele perde todo interesse pelo mal. Além disso, todos os “pecados” são apenas uma busca da felicidade na direção contrária, e todos os pecadores são crianças que, um dia, amadurecerão. A virtude da tolerância consiste em reconhecer esse fato.
É possível, então, alcançar uma espécie incondicional de felicidade, que nasça do nosso interior e não dependa dos outros?
Uma pessoa adulta não fica abalada pelas coisas que incomodam uma criança, porque um homem está um pouco mais perto da felicidade incondicional que uma criança pequena. Se alguém identificar-se com a felicidade que está em seu interior, nada no mundo poderá incomodá-lo nem causar-lhe dor.
A mente estreita, fechada, tem todas as probabilidades de sentir-se infeliz, porque em um espaço pequeno pode haver grande número de preocupações humanas concentradas: mas saia em direção ao infinito e ao eterno, e todos os problemas humanos desaparecerão.
A mente aberta não tem espaço para o sofrimento, porque não se ocupa com coisas pessoais e pequenas. A mente estreita e fechada é a única capaz de abrigar sofrimento. Quem busca “o tesouro que está nos céus” esquece de si mesmo e, portanto, não tem problemas pessoais. O amor altruísta é simplesmente o princípio da atração universal que mantém unido todo o universo. Buscar a verdade eterna é focar nossa consciência nessa energia, deixando de lado todo sentido de isolamento. Assim se conquista a felicidade.
Se fosse possível aproveitar a soma de todas as delícias do mundo material e ao mesmo tempo evitar todas as consequências dolorosas que elas trazem consigo, mesmo assim este prazer não poderia ser comparado nem à milésima parte da bem-aventurança de quem dominou a Ciência da Alma, porque esta ciência é a arte de mergulhar na própria fonte de toda felicidade, que está dentro e não fora do homem. Toda alegria que vem de fora é condicional, mas o contentamento que vem de dentro é incondicional e, portanto, está eternamente presente, saibamos ou não disso.
No entanto, mesmo a alegria que vem de fora só é externa na aparência, e não na realidade. Porque nem a riqueza material nem terras, nem comida deliciosa nem roupas elegantes têm contentamento em si mesmos, mas apenas servem para trazer para fora e revelar uma pequena porção daquela felicidade infinita que está latente na alma de cada ser.
Para um homem, roupas caras trazem contentamento, mas não para outro. Uma pessoa fica satisfeita com riqueza material, e outra não. Um terceiro fica contente com comidas deliciosas, o que não entusiasma alguém de temperamento diferente. E assim podemos examinar as fontes de prazer até a eternidade. Os objetos dos sentidos são apenas como flautas em que a mente humana toca, e o contentamento ou prazer é o sopro que causa o som, mas vem da própria mente humana. O instrumento musical sozinho não é capaz de produzir nenhum som, mas precisa sempre da mente para isso.
É quando a mente se identifica com os objetos externos que ela dá vida a eles e o ser humano sente, então, prazer ou dor e infinitas combinações dessas duas coisas.
A alma do homem é o sol do contentamento infinito e a mente pura - livre das ilusões materiais - é aquela que reflete essa luz. A Ciência da Alma é unificar a mente humana com o contentamento incondicional da realidade eterna.
É mais fácil falar sobre isso do que vivê-lo na prática. Para algumas pessoas é muito mais cômodo amar a Deus do que a seu vizinho antipático. Você pode atribuir a Deus qualquer característica amável e maravilhosa que quiser, porque ele não aparece de repente, pessoalmente, para perturbar e decepcionar você. O estudo e a meditação não bastam. Aprenda a admirar os aspectos positivos até mesmo do seu vizinho, colega ou parente mais desagradável. Saiba amar a unidade universal em cada pessoa, que é independente das circunstâncias externas.
Texto revisado por Cris
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Maria Isabel de Oliveira tem formação em Cosmobiologia e Naturopatia, especialização em Fitoenergética e pós-graduação em Análise Bioenergética. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |