A História se repete
Autor Nelson Sganzerla
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/11/2008 4:55:32 PM
O que dizer diante de tamanha tragédia, que assolou o estado de Santa Catarina, um dos estados mais ricos do país. Muitos já falaram da dor e do sofrimento dos habitantes de tão maravilhoso estado.
Há um mês, eu ouvia pessoas conhecidas que tinham a intenção de passar esse final de ano e as férias em Florianópolis e, hoje, vejo pela televisão a triste notícia de que a recuperação das cidades do estado de Santa Catarina levará anos... informação esta que todos nós brasileiros recebemos com profunda tristeza.
Certamente, nosso Natal e nosso final de ano não serão os mesmos, estaremos com os corações consternados, quando romper a meia-noite do dia 31/12/08 e entrarmos em 2009. Será impossível esquecer sonhos de dez a doze anos de pessoas que tudo apostaram em suas moradias e, subitamente, tudo perderam e tiveram arrancadas do peito as suas almas.
Não dá pra esquecer o choro da criança que perdeu toda a sua família, o avô que foi encontrado soterrado segurando a mão da neta. O bombeiro que enquanto salvava vidas, tinha sua casa desaparecida em meio a uma enxurrada de lama e sua mulher sozinha tentando salvar o pouco que tinham...
"Temporais não são novidades para os catarinenses. Em 1983 e 1984, fortes chuvas deixaram 51 mortos e 359 mil desabrigados".
"A população se acostumou a conviver com as cheias dos rios e procurou se afastar dos leitos, indo para as encostas", afirma o major Emerson Neri, gerente da Defesa Civil de Santa Catarina. O que parecia a salvação, no caso recente, foi o problema ".
"Sem precedentes na história do país, as chuvas que arrasaram parte de Santa Catarina, deixando - até o final da tarde de ontem - 109 mortos e quase 80 mil desabrigados, poderiam ter feito menos estrago".
"O tipo de solo, a presença de rios, as serras, tudo isso influenciou. Mas é a ocupação desordenada das cidades, impulsionada pela vista grossa de governantes com intenções eleitoreiras e a situação econômica desfavorável da população, o fator central nessa tragédia - e o único que poderia ter evitado mortes".
"Nosso solo, do tipo argiloso, retém água. A água acumulada faz com que o solo perca densidade e resistência. Estando em posição inclinada, ele desliza", explica Sales. "Mas mudar as chuvas, modificar a estrutura dos solos são coisas que o homem ainda não pode fazer. Controlar a ocupação desordenada, sim, é possível".
Eu, como qualquer leigo em geografia de solo, não poderia imaginar que montanhas cobertas por árvores pudessem vir abaixo, então, fui pesquisar na Internet o porquê disso tudo... Os comentários acima eu os tirei de uma reportagem do Correio Braziliense, feita pela repórter Renata Mariz.
Prestem atenção à frase abaixo:
"Mas mudar as chuvas, modificar a estrutura dos solos são coisas que o homem ainda não pode fazer. Controlar a ocupação desordenada, sim, é possível."
Quantas e quantas vezes, teremos que assistir a tão trágico acontecimento?
Quando o homem irá assumir a responsabilidade pela destruição do nosso planeta e ter a consciência que ele não está mais resistindo?
Até quando o próprio homem, com interesses escusos, irá matar seus semelhantes e tragédias como essas irão acontecer?
Muito pouco se fala de políticas públicas e sociais, afinal, o que importa se a ocupação é desordenada ou não em morros e encostas... nas próximas eleições quem sabe farão algum programa nesse sentido, mas, por hora, deixa cair, depois veremos o que faremos, é mais ou menos assim... sabemos disso.
Óbvio que o sentimento de solidariedade do povo brasileiro é muito maior que qualquer política eleitoreira, óbvio que todos nós irmanados iremos ajudar a erguer novamente todas essas cidades devastadas por esse mar de lama; vai demorar um pouco, mas sem dúvida essas pessoas recomeçarão tudo.
Tais pessoas, além de roupas, alimentos e de uma nova moradia, terão que resgatar sua dignidade perdida; terão que renovar a auto-estima, precisarão refazer-se da esperança que perderam a cada temporal. Essas pessoas terão que conviver com a lembrança de entes queridos, que em frações de segundos foram soterrados; essas pessoas já não agüentam mais, perderem famílias inteiras, pelo descaso de poucos; essas pessoas não agüentam mais verem seus sonhos se transformarem em água e lama outra vez.
A Natureza irá responder com certeza às agressões do homem, queiramos ou não...
Já está acontecendo... e a Natureza não poupa nem ricos e nem pobres, pois para ela não existe distinção; talvez a mansão não caia devido a seu forte alicerce, mas ficará isolada em meio a toda devassidão e nada mais restará nesse mar de lama a não ser lembranças e palanques vazios.
Pense nisso...
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